Capítulo III

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        - Então porque você ainda está com ela?

        Era isso, Dylan havia feito a pergunta, e agora suas bochechas queimavam incessantemente fazendo-o levar suas mãos até o local na intenção de escondê-las. Ele podia listar nos dedos às vezes em que se sentira mais envergonhado do que agora, a primeira foi quando seu pai o encontrou se masturbando escondido no banheiro, ele nunca havia se recuperado dessa, era embaraçoso só de lembrar; a segunda foi quando sua primeira namorada o pegou em um site de pornô masculino, o que ela não entendeu, é que na época, aquilo não passava de curiosidade; e a terceira, era definitivamente o agora, mas Dylan não se arrependia de questioná-lo, ele sentia-se apenas envergonhado por soar tão bobo, mas acima disso, ele queria uma resposta, ele precisava de uma resposta.

        - É complicado – Thomas afirmou puxando alguns fios de seu cabelo em uma atitude nervosa.

        - É complicado? – Dylan riu, como se não acreditasse que o outro homem realmente havia tido a coragem de lhe falar aquilo – É tudo o que você tem a dizer? – lágrimas ainda rolavam em suas bochechas, mesmo que em menor intensidade, já que eram secadas incessantemente pelas longas mangas do suéter que abraçava o corpo do mais novo, seu nariz permanecia avermelhado, deixando o mais velho em dúvida entre admirá-lo ou dar-lhe uma explicação.

        - Eu não posso deixá-la – o homem disse desconfortável, deixando claro para o outro que esse não era um tópico agradável para si, mas tornara-se inevitável – Não agora – sua voz soou alguns tons abaixo do normal e seus dentes cravaram-se contra o interior de suas bochechas em um claro sinal de nervosismo.

        - Você é tão... – o mais novo começou a falar, mas a frase foi interrompida por uma de suas inúmeras fungadas, ele levou as mangas do suéter até o nariz na intenção de coça-lo. Thomas teve de se controlar para não resmungar nenhum "awn" com a fofura do outro, porque o momento era de longe o menos oportuno para demonstrações de carinho – Tão, canalha.

        - O pai dela morreu – Thomas declarou seco, fazendo com que Dylan se engasgasse com a própria saliva em surpresa – É por isso que eu não posso deixá-la.

        - Eu... o pai dela, ele... o que? – Dylan gaguejou, sentindo sua garganta secar devido sua pequena crise de tosse anterior.

        - Faz menos de dois meses – o mais velho afirmou ajeitando-se inquietamente sobre a cama. Ele podia ser um completo filho da puta infiel com Isabella, mas ele a amava. Não como um homem ama uma mulher, não mais, Thomas nem ao menos se sentia atraído pela namorada, esse sentimento havia se extinguido há algum tempo, mas querendo ou não, eles estavam em um relacionamento de mais de três anos e Thomas não achava certo deixá-la agora quando ela mais precisava de si – É só que... não me deixe, por favor – seus olhos focaram-se aos do mais novo e Dylan pode vê-los marejados. Isso fez com que suas lágrimas voltassem a fluir rapidamente em suas bochechas, suas fungadas tornaram-se mais frequentes e ele sentiu seu coração se partir em pedacinhos ao mínimo indício de tristeza vindo do outro. Ele não queria ver que Thomas estava afetado também, ele queria apenas odiar o mais velho e culpá-lo pelo desastre em que se transformara o seu relacionamento.

        Dylan envolveu seus joelhos com os braços e afundou sua cabeça no pequeno refúgio formado ali na intenção de acalmar-se. Thomas limitou-se a observar o corpo do homem que amava encolhido sobre a cama e sentiu seu coração apertar com a visão, a última coisa que queria era vê-lo sofrer, mas realmente não via opções imediatas para o problema.

        - Você... – Dylan tentou iniciar uma frase com o rosto ainda escondido entre os braços, mas foi interrompido por um soluço seco vindo de sua garganta.

        - Shiiu... vai ficar tudo bem – Thomas sussurrou, aproximando-se do mais novo e envolvendo-o entre seus braços. Dylan passou suas pernas sobre o colo do mais velho e aconchegou seu rosto entre o pescoço e o ombro do outro homem, envolvendo o tronco de Thomas entre seus braços – Vai ficar tudo bem – repetiu baixinho, acariciando os fios do cabelo macio do outro homem entre seus dedos. Sangster não sabia ao certo para quem dirigia aquela afirmação, se era para ele mesmo, ou para Dylan.

        - Quando você disse para eu não te deixar, você estava me pedindo para te esperar? – Dylan perguntou baixinho contra o ouvido do outro, permitindo que suas lágrimas escorressem de suas bochechas sem tentar controlá-las – Você quer que eu continue com você mesmo sabendo que você tem uma namorada?

        - Eu quero que você entenda o porquê eu não posso deixá-la agora – Thomas afirmou afastando-se do corpo do mais novo para que pudesse encará-lo – Eu quero que você saiba que eu te amo. Eu quero que você perceba que eu estar com ela não muda o que eu sinto por você – o mais velho levou suas duas mãos para o rosto do outro, secando suas lágrimas com os polegares – Eu te amo, Dylan O'Brien.

        - Eu te odeio Thomas Sangster – Dylan disse formando um biquinho em seus lábios, como uma criança irritada. O'Brien não o odiava, o que Dylan sentia por Thomas estava longe de ser algo sequer parecido com o ódio, apesar disso, o moreno queria ser capaz de odiá-lo. Por Deus! Tudo seria infinitas vezes mais fácil se ele apenas passasse a odiar Thomas.

        - Eu te amo – Thomas selou seus lábios aos do outro homem – Eu te amo – disse ao afastar seus lábios de Dylan antes de selá-los novamente – Eu te amo – e mais uma vez bicou os lábios do mais novo – Eu te amo – Dylan sorriu antes de ter seus lábios selados novamente contra os de Thomas – Eu te amo.

        - E o que isso faz com a gente? – o mais novo perguntou, referindo-se à presença de Isabella no hotel, suas lágrimas haviam cessado, mas seu rosto permanecia inchado e seu nariz parecia sempre prestes a escorrer.

        - Talvez isso nos force a ser um pouco discretos – o homem deu de ombros – Eu não acho que ela vá ficar por muito tempo.

        - Ou talvez isso nos force há darmos um tempo – Dylan afirmou, tirando as mãos do outro de seu rosto e aderindo uma carranca séria. Por mais que amasse Thomas, não estava disposto a continuar sendo "o outro" no relacionamento de Sangster.

        - Dar um tempo até que ela vá embora? – Thomas perguntou franzindo as sobrancelhas em confusão.

        - Dar um tempo até que vocês terminem – o homem disse convicto, desvincilhando-se do corpo do mais velho e voltando a se sentar um pouco afastado do mesmo.

        - Isso é realmente necessário? – ele perguntou, mantendo-se inexpressível como se os olhos marejados de momentos antes tivessem sido apenas uma ilusão de Dylan.

        - Isso é realmente necessário – o mais novo afirmou.

        E pela segunda vez no dia Thomas foi embora. Para dois andares acima de Dylan. Onde sua namorada o esperava.


Untrue //DylmasWhere stories live. Discover now