Capítulo X

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[*O nome da música que é citada como a música de autoria do Thomas é All About You - Mcfly*]

        Thomas estava de ressaca. Sua cabeça doía e seus olhos pareciam travar uma batalha contra suas pálpebras para que elas se mantivessem fechadas, independente de qualquer comando emitido pelo cérebro do rapaz para que fizessem o contrário. Apesar disto, o pior de toda essa situação não era a dor muscular que o homem sentia muito menos seu cérebro que parecia usar seu crânio como montanha russa, o pior na verdade era a famosa ressaca moral, universalmente conhecida e odiada por todo ser humano que se preze. Ele se lembrava vagamente de ir até o estúdio, deixar Wes puto e fazer o homem que amava chorar. Violando dois terços de sua pequena lista mental de "coisas que não devo fazer", que se consistia por: nunca brigar seriamente com Will; ser atropelado por um caminhão antes de fazer Dylan chorar novamente; e nunca, jamais, sobre nenhuma circunstância, deixar Wes Ball irritado. Diante disto, pode-se imaginar o quão fodidamente ferrado o homem estava. Neste momento, Sangster considerou ser um avestruz, desta forma, todos os seus problemas poderiam ser levados para um buraco de terra junto à sua cabeça, mas infelizmente, ele podia até ser esguio e com o pescoço um tanto quanto longo, mas ainda assim era humano. Um humano muito filho da puta e profundamente arrependido.

        Para o seu imenso descontentamento, o mundo não pararia de girar apenas para passar a mão em sua cabeça e dizer que todos cometiam erros e entendiam que Thomas estava passando por tempos conturbados que o levaram a embriagar-se durante todo o percurso que fizera de táxi da pequena cidade interiorana em que estava de volta a grande e movimentada metrópole onde ocorriam as gravações. Todo o litro de whisky que tomara no dia anterior parecia de alguma forma ainda ser capaz de lhe atrasar o metabolismo além de deixar seus olhos e cabeça extremamente sensíveis a qualquer fonte de luz ou som, respectivamente.

        O homem ouvia passos indo e vindo dentro do quarto e uma pontada de esperança inundou seu peito com a possibilidade de Dylan estar ali, porque ao menos que Thomas estivesse delirando, ele podia sentir claramente o cheiro do outro homem impregnado em suas narinas. Mas isso não fazia sentido nenhum, já que tudo o que ele se lembrava de dizer ao outro homem no dia anterior era que queria fode-lo e que sentia saudades. Algo deplorável, até mesmo para Thomas Sangster. Ele havia chegado ao seu limite de feitos estúpidos. Mas a verdade atrás de tudo isso, é que ele queria agir como um homem em uma situação onde ele não passava de um adolescente em crise que não fazia ideia de como lidar com todos os sentimentos que o inundavam nessas últimas semanas.

        Os passos continuavam insistentes, indo de um lado para o outro de seu quarto, ecoando em pequenos 'tocs' incômodos e altos em sua cabeça que ainda doía. Ele decidiu abrir os olhos de uma vez e menos de um segundo foi necessário para que ele sentisse seus olhos doerem pela claridade além de pontadas infernais espalharem-se por todo o seu cérebro.

        Thomas teve que piscar algumas vezes antes de conseguir identificar a figura de Will pegando alguns panos molhados do chão e levando-os até a sacada do hotel, onde ele os torcia antes de voltar para o lugar em que estava antes, molhando-o novamente, esfregando-o algumas vezes contra o chão e reiniciando todo o processo mais uma vez.

        Claramente aquele não era Dylan, e agora que estava de olhos abertos e devidamente acordado, o homem pode finalmente descobrir que o cheiro que sentia vinha do moletom que mantinha-se entre seus braços e não especificamente de alguma pessoa.

        - Que porra você.. – Thomas tentou chamar a atenção de Will, mas sua voz falhou na metade da frase, além de sair extremamente rouca e baixa. O homem pigarreou algumas vezes antes de tentar voltar a falar – Que porra você está fazendo?

Untrue //DylmasWhere stories live. Discover now