Capítulo XIII

848 61 58
                                    

        2 meses e 21 dias depois

        Há exatos dois meses e vinte e um dias atrás Thomas Sangster estava dentro de um quarto de hotel chorando como um adolescente que acabara de descobrir que sua primeira namorada era na verdade a vadia da cidade, mas o que de fato acontecia dentro do pequeno cômodo fazendo com que lágrimas rolassem por toda a extensão das bochechas do homem eram sentimentos. Sentimentos sendo expostos sem nenhum tipo de filtro, e as lagrimas vinham como consequência a fraqueza de Thomas quanto a isso. Mas uma promessa havia sido feita naquela noite, Thomas Sangster prometeu que recuperaria a confiança de Dylan. E ele o fez. Através de pequenos atos e "eu te amos" lançados ao acaso junto às juras de que O'Brien era o único por quem ele sentia-se completamente encantado e apaixonado, foram mais do que o suficiente para que o mais novo se sentisse confortável novamente para dizer que sim, ele confiava em Thomas. Além disso, Thomas não traiu ou mentiu, ele foi sincero, ele abriu todo seu coração para Dylan. E se fosse fisicamente possível, Sangster teria até mesmo arrancado o órgão vital de seu peito, embrulhado em um papel azul, porque Dylan amava azul, e o entregado para o mais novo.

        Agora, depois de quase duas semanas de viagens para rever seus familiares e mudanças de cidade repentinas, da parte de Sangster, é claro, Dylan e Thomas estavam finalmente juntos, sentados abraçadinhos no aconchegante e enorme sofá da casa do mais velho em Londres, como um casal de namorados velhos e completamente entediantes. A noite poderia ser facilmente aproveitada em um dos barezinhos quaisquer que existiam por toda a cidade se não fosse pela chuva que caia incessantemente do lado de fora.

        As gravações do primeiro filme haviam sido findadas cerca de duas semanas atrás, o que foi celebrado por uma grandiosa e admirável festa em homenagem a todo o elenco, produtores, figurinistas, maquiadores e qualquer pessoa que contribuiu para que o filme acontecesse. O sentimento de felicidade e orgulho estava presente em todos além da evidente ansiedade pela estreia, que seria dali algumas semanas. Mas a ansiedade de ninguém se comparava à que Thomas sentia agora, sentado ao lado do namorado, enquanto "Sons of Anarchy" passava na TV. Aquele era o seriado preferido de Thomas, mas nem mesmo Jax Teller sentado ao lado do túmulo de Opie e divagando sobre seus problemas era capaz de entre-lo o suficiente para deixa-lo menos nervoso. Ele acabara de cogitar mentalmente a ideia de propor a Dylan. Isso lhe veio à mente simplesmente porque ele percebeu que estar abraçado com o mais novo nos dias de chuva, até mesmo nos dias de sol, ou em qualquer outro dia, era tudo o que ele queria e precisava para o resto da vida. Thomas só precisava decidir como fazê-lo. Ele precisava de alianças, mas ele não tinha alianças. Seria sem alianças então. Ele precisava de um contexto, porque virar para Dylan e disparar a frase poderia ser chocante. Mas Thomas não funcionava assim. Sangster não tinha o costume de planejar antes de fazer, ele queria simplesmente soltar as palavras ao acaso e deixar que Dylan notasse o quanto aquilo era sincero. Ele queria se casar com Dylan, e ele queria que Dylan quisesse o mesmo. Mas Thomas não sabia ser romântico, não sabia como pedir alguém em casamento e não sabia se Dylan queria casar. Então, ele fez o que lhe parecia certo, ele apertou Dylan ainda mais em seus braços de forma protetora e deixou um selinho nos lábios do mais novo.

        - Você se lembra de quando nos conhecemos? – Thomas perguntou encarando o namorado e Dylan sorriu concordando com um aceno de cabeça.

        Dylan estava encarando o extremamente fino fio de café que saía pela cafeteira, havia algo muito errado com a vazão daquela máquina, se continuasse assim, levariam horas para que sua xícara de café ficasse cheia do líquido escuro e amargo. Era errado que um estúdio conceituado como aquele em que estava para seu primeiro dia de gravação de "Maze Runner – Correr ou Morrer", possuísse uma cafeteira que mal funcionava. Ele cruzou os braços e contou mentalmente até sessenta, depois o fez novamente, mas desta vez, parou em algo entre vinte e trinta, vendo que faltava pouco para que o recipiente estivesse completo. Quando o líquido parou de cair ele moveu o quadril de um lado para o outro em uma dancinha comemorativa e finalmente tirou a xícara dali.

Untrue //DylmasWhere stories live. Discover now