Capítulo I

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Mia

Faz alguns dias, que estou vagando sozinha pelas ruas. Estou faminta, sem um centavo no bolso e cansada, porém em momento algum me arrependo do que fiz ou da decisão que tomei, foi necessário para preservar o pouco que restou da minha sanidade mental.

A algumas noites fugi de casa, se bem que aquilo nunca poderia ser chamado de casa estava mais para o inferno na terra. Levei apenas as poucas coisas que eu tinha, algumas roupas e o pouco dinheiro que consegui juntar nos meses anteriores, sai na calada da noite tomando cuidado para não fazer barulho e nem ser notada e corri, corri até perder o fôlego e o peito doer, corri até chegar na estação de ônibus mais próxima e peguei o primeiro ônibus que iria sair, não me preocupei para onde iria nem quanto tempo a viagem iria durar eu so queria sumir o mais rápido possível.

Dentro do ônibus havia pouco conforto, mais para minha sorte ele não estava lotado o que me deixava com duas poltronas livres para deitar ao invés de uma só. Passamos a noite toda na estrada e quando eu por fim cai no sono lembranças que eu rezava para esquecer todo o santo dia voltaram para me assombrar.

***

Quando acordei já estava claro e o sol começava a aparecer, me estiquei na poltrona e dei um bocejo bem a tempo de ouvir o motorista dizer que logo estaríamos em nosso destino, peguei minha bolsa e me preparei para descer e encarar minha nova realidade. Quando o ônibus parou todos começaram a descer, coloco minha mochila nas costas para seguir o mesmo caminho.

Ando um pouco na rodoviaria para o sangue das minhas pernas circularem e para tentar me localizar, não sei onde ir mais ficar parada na rodoviária não vai me fazer chegar em lugar nenhum, olho ao redor e tudo o que consigo ver é terra para todos os lados e alguns poucos pontos verdes espalhados, não parece ser uma cidade muito grande... Onde raios eu vim parar...

Caminho por horas até achar um banco debaixo de uma árvore por sorte, sento e me apoio na bolsa pensando onde poderia achar um lugar para comer e descansar um pouco. Acordo com um susto e me dou conta que acabei cochilando no banco em que sentei mais cedo, a noite começava a cair sinal que eu deveria me apressar para encontrar um lugar para passar a noite. Nesse momento me dou conta que minha bolsa não está onde deixei, muito menos em algum lugar próximo a mim, procuro ela em todos os cantos e nada, o desespero me bate na cara e percebo que fui roubada. Ótimo, era só o que faltava.

***

Desde então eu mal durmo e mal como, ando de lugar em lugar procurado um local para me abrigar ou algo para comer, tentei de tudo... procurar emprego, pedir dinheiro, implorar por comida... A cada dia que passa fico mais desesperada, não sei o que fazer, pois não tenho dinheiro nem para comprar uma bala.
Tem dias que são piores que os outros, a vida nas ruas é perigosa... Nunca se sabe a intenção das pessoas e acima de tudo nunca se pode confiar em ninguém.

Pegando Fogo #Wattys2016 Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang