Capítulo II

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Mia

A noite chega mais uma vez e é de noite tudo fica pior, tudo fica mais perigoso... O trafico nas ruas ganha vida com as luzes de néon espalhadas pela cidade e as propostas indecentes são inevitáveis.
Na noite anterior consegui um lugar para dormir em um abrigo, porém essa noite eles estavam com locação máxima e por conta disso não havia mais lugares quando cheguei, de mão vazia vou a procura de um lugar para passar a noite. Ao entrar em uma rua próxima ao abrigo, começo a ouvir uma música alta e como boa curiosa que sou, resolvo mudar de direção procurando de onde vem o barulho.

Cada vez a música fica mais alta, a batida reverbera causando tremor no chão e ao me aproximar vejo que a música vem de um bar todo iluminado, sua fachada é toda em néon o que causa certa ardência e incomodo nos meus olhos. Sem muitas opções resolvo entrar, afinal de contas quem sabe posso até arranjar um emprego de garçonete ou sla, não deve ser muito difícil servir caras bêbados.

Assim que coloco meus pés dentro do bar uma forte fumaça de cigarro me cerca e sinto um forte cheiro de wisk pairando no ar, vejo muitas pessoas espalhadas ao redor bebendo ou fumando, garotas em micro roupas e caras mal encarados nem percebem minha presença, no fundo acho isso bom pois não quero ser notada em um lugar como este.
Entro cada vez mais na multidão a procura de um banheiro para poder tentar me arrumar um pouco, afinal estou aqui procurando um emprego, ao fundo do bar avisto uma placa do banheiro feminino, apresso o passo e entro no banheiro fechando a porta atrás de mim. Ao olhar no espelho me assusto com o reflexo que me encara de volta, há um círculo negro ao redor dos meus olhos, meu rosto está mais fino, meus cabelos antes sedosos agora estão sem vida e brilho assim como meus olhos. Ignoro o espelho e passo água no rosto e tento arrumar o emaranhado de cabelo que está mais armado que bandido, respiro fundo e saio do banheiro.

A multidão no bar está cada vez maior e fica cada vez mais difícil de passar pelas pessoas para chegar até o balcão, quando eu finalmente consigo chegar até a bartender espero ela olhar para mim para enfir perguntar.

- Oi, vocês estão contratando?
- No momento não, você vai quer algo? Responde ela sem paciência.
- Por favor... Eu posso fazer qualquer coisa...
- Você vai pedir algo? Tem dinheiro?
- Eu estou com fome, preciso de um emprego por favor...
- Você é mendiga? Porque se for e se continuar me enchendo a porra do saco vou chamar o segurança para te botar para fora.

Derrotada e morta de ódio resolvo sair daquele bar o mais rápido possível, não vou me humilhar mais. Avisto uma porta de emergência que deve dar na parte de trás do bar, ótimo tudo o que eu precisava.

Quando estou perto da saída avisto uma cadeira em uma mesa vazia, nesta cadeira há uma jaqueta de couro e de dentro do bolso dela da para ver algumas notas de 100 saindo para fora, o lado bom dentro de mim me diz para voltar a andar e sair do bar o mais rápido possível, já o lado ruim me diz tudo o que eu poderia fazer com esse dinheiro e que ele poderia me manter até eu conseguir um emprego, o lado ruim enfim ganha... Olho ao redor e as pessoas mal olham para mim, aproveito que todos estão concentrado em um barulhento jogo de bilhar para pegar o dinheiro e sair correndo pela porta de emergência.

Meu coração bate rápido no peito e consigo até ouvir o barulho dele batendo alto nos meus ouvidos, quando já estou do lado de fora respiro fundo me sentindo triunfal até sentir algo agarrar em meu braço e me puxar para trás com força, em um baque surdo bato com as costas na parede.

Pegando Fogo #Wattys2016 Where stories live. Discover now