Capítulo três

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Eu não sabia descrever o que sentia. Ah, claro! Eu não sentia absolutamente nada! Sempre fiquei me perguntando sobre como seria morrer. A dor é algo completamente momentâneo. Você a sente, mas logo tudo a sua volta se apaga. Algo flutua para fora de você, então você não enxerga nada. 

Nunca imaginei que morreria com dezessete anos por conta de uma má conduta do meu tio no volante.

Mas ai eu acordei.

Pensei até que tudo tinha sido um sonho idiota.

Mas não foi.

A lembrança daquele momento estava cravado na minha mente.

Assim que eu abro os meus olhos, tudo o que eu vejo é um cômodo escuro cujas paredes eram de tom arroxeado como naqueles filmes de vampiros. Meu corpo estava mais pálido que o normal, porém, eu me sentia estranha, como se faltasse algo em mim. Algo importante.

Tateio todo o meu corpo para identificar alguma parte perdida, mas não. Eu estava inteira e por incrível que pareça, eu estava viva. O som de um rangido que vinha da porta me despertou e eu voltei o meu olhar para ela.

Um jovem alto entra. Parecia ser adolescente. Meu coração se acelerou. Começo a me sentir nervosa, pois eu não sabia onde estava e nem por que um homem estava no meu quarto.

Até ele se virar para mim por completo.

Ele não era um adolescente como eu pensava. Era praticamente um homem e muito bonito por sinal, mas tinha algumas características que me assustavam. Sua cor de pele era mais branca que a minha e seus olhos eram de uma cor vermelho sangue. Seus cabelos eram negros, lisos e caídos para o lado dando certo charme naquele visual aterrorizante. Ele põem um capuz sobre o rosto deixando-me com apenas uma visão de seus lábios avermelhados. Por que ele se escondia? De minha parte, não iria fazer nenhum mal a ele.

- Como está se sentindo? – ele pergunta. Parecia um médico analisando um paciente.

Senti-me completamente desconfortável.

- Acho que sou eu quem deve fazer as perguntas – digo irritada. - Onde estou?

- Como você está? – ele repete. Percebo então, a familiaridade do seu tom de voz. Parecia o mesmo desconhecido do telefone. Minha cabeça rodava.

Olho para mim mesma e vejo que estava usando uma roupa completamente diferente. Era azul-escuro com um tecido pelo qual eu não conseguia identificar. Onde estava o meu celular e os meus fones de ouvido? Onde está Adolpho?

- Onde está o meu tio e onde estão as minhas roupas? – pergunta tentando me manter sobre o controle.

- Acalme-se, Brooke Williams – ele diz calmante e caminha pelo quarto. Em nenhum momento ele me encarava. Olhava apenas para o pergaminho que estava sobre a mesa reclinada.

- Como você sabe o meu nome? Quem é você? – praticamente grito. Tudo estava confuso demais.

- Por favor, colabore – ele diz, pegando uma folha velha que mais parecia um pergaminho. Em seguida, ele pega uma pena e começa a escrever lentamente com um sorriso cruel no rosto.

Olho para o relógio a espera de sua resposta.

Dez segundos.

Vinte e cinco segundos.

Trinta segundos.

- Diga logo! Quem é você? - exaspero-me. Não conseguia mais ficar parada. Meu corpo parecia que iria entrar em combustão. Por que diabos ele não me contava a verdade?

- Você não vai querer saber quem eu sou, Brooke Willians. Aliás, acho que o seu tio não pode vir para cá - ele dá de ombros. - Uma pena.

- Onde está o meu tio? - pergunto novamente. 

- Ardendo no inferno – ele diz tranquilo.

Não sei como não estava suando frio. Quem esse homem misterioso pensava que era para falar esse tipo de coisa sobre o meu tio? Ele não sabia de nada da vida dele! Não tinha o direito!

- Escute aqui! Se tu pensas que eu vou ficar ouvindo esse tipo de lorota está muito enganado! Conte-me! Quem é você?

Minhas mãos tremiam e minha voz diminuía. 

Ele tira o capuz e olha profundamente em meus olhos. O tom vermelho havia escurecido e seu rosto parecia estar coberto por uma cortina de cabelos negros.

- Eu sou a Morte, Brooke Willians. A própria Morte.

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Beijada pela Morte | livro umOnde as histórias ganham vida. Descobre agora