Capítulo vinte e sete

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Uma semana se passou e tudo se tranquilizou estranhamente. Não tive mais pesadelos ou crises de loucura. Passei a usar o tal colar com o pingente e depois de muito pensar, decidi acreditar em Blake. Eu iria confiar nele e esperar por ele. Não que isso fizesse eu não me envolver com outras pessoas.

Enquanto eu estava espremida no banheiro com Cameron, ele colocou a mão no bolso da calça e tirou de lá algum objeto.

Ah, cara. Não, isso não!

Ele voltou a me beijar, mas eu não consegui mais fechar os olhos. Ele parou o beijo e me olhou com expectativa. Eu só conseguia enxergar a caixinha de veludo em suas mãos.

- Brooke... Faz um tempo que a gente está se encontrando e eu queria saber se você... – coloquei dedo na boca dele. Ah, Cameron... Como eu queria gostar de você daquele jeito.

Mas meu coração, infelizmente, pertencia à outra pessoa.

- Cam... Você é um cara legal e bonito, mas...

- Já sei – seu rosto assumiu uma expressão vazia. – Se você vai dizer que eu sou um cara legal, significa que não quer nada comigo. Tudo bem, Brooke.

- Desculpa – falo com sinceridade. Eu gostava muito dele como amigo.

- A gente vai continuar se beijando pelo menos? – ele pergunta tristemente.

- Eu não sei – mordo o lábio.

- Tudo bem - ele dá de ombros.

Cameron coloca uma camiseta rapidamente e eu meu coloco a minha. Uma pena o nosso amasso ter acabado por uma besteira. Eu até que estava gostando.

Coloco a mão no pingente em formato de rosa. Ele me deixava tão próxima de Blake que me fazia suspirar como uma trouxa apaixonada.

Arrumo o meu cabelo em um rabo de cavalo improvisado. Ele estava todo espichado para os lados e eu finalizo com um lápis no centro. Oh, coisa maravilhosa!

Bocejo completamente exausta. As últimas aulas estavam me deixando louca e o problema, era que eu não evoluía. Os professores não sabiam lidar com os meus dons e nós acabamos não gerando nenhum resultado, o que me deixava completamente entristecida.

O lado bom foi que eu aprendi alguns métodos de transparência, e posso usá-los caso o tal ''vilão'' volte, além disso, eu sabia me dar com algumas táticas de ensinamento, como desaparecer coisas com a psicanalise mental.

Mas eu não evoluía para mais. Eu ficava estagnada na maior. Sentia na maioria das vezes, que aquele não era o meu lugar.

Como se eu pudesse sair perguntando: '' Tem alguma Academia para Anjos, por aí?''

Enquanto eu caminhava pelos corredores, os alunos pareciam mais estranhos que o normal. Olhavam para mim como se eu pudesse prever o futuro, e logo depois, desviavam o rosto. Eu estava começando a ficar nervosa. Não era acostumada a ter todo esse tipo de atenção.

Viro à direita e chego ao meu quarto. Samirah não estava lá, o que eu presumi que ela e Derick estivessem juntos, se beijando em um lugar escuro e apertadinho. Uma vez eu vi os dois se amassando no meu armário, sério, aquilo foi bizarro.

Sorrio com as lembranças. Eu teria que ir embora do Instituto um dia, e deixar Samirah não seria fácil. Ela era toda melosa, com aquele jeito doidinho, e eu ia sentir falta daquilo com certeza.

Olho para o mapa da Academia em minhas mãos. Vejo os tubos de saída. Era pequeno e me levaria diretamente para um riacho poluído. Não era um lugar muito saudável para ir, mas era uma opção.

E ainda tinha Blake.

Deixar ele também não seria fácil para mim. Eu precisava achar os meus pais, e agora que estávamos separados... Ele entenderia. Eu deixaria um bilhete, qualquer coisa. Não precisávamos nos despedir cara a cara. Aquilo só dificultaria a minha partida.

Vou até o meu armário e escondo todos os mapas ali. Quando olho para baixo, vejo um bilhetinho amassado.

''Ela foi a primeira. Perdoe-me. ''

Minhas mãos começam a tremer instintivamente. O que aquilo significava?

- Brooke? – era a voz de Cameron. Viro-me rapidamente, com o susto e dou o meu máximo para neutralizar meu nervosimos.

- Oi.

- Por que você quer ir embora? – seu olhar era tão triste, que eu não conseguia encará-lo.

- Como você sabe disso? – pergunto, mesmo já sabendo a resposta.

- Eu vi você pegando os mapas escondido na secretaria hoje. Por que, Brooke?

- Não é nada, Cam.

Cameron respirou fundo. Suas mãos tremiam e ele parecia prestes a chorar.

- Promete que vai se cuidar não promete?

- Prometo.

Cameron estendeu a sua mão para mim e eu a agarrei. Talvez, aquele fosse o meu último momento com ele. Não saberíamos o que aconteceria amanhã.

Enquanto saímos do quartos, todos os corredores estavam vazios e silenciosos. Apertei a mão de Cameron com mais força. '' Ela foi a primeira. Perdoe-me. ''

Por favor, saia da minha mente.

Vejo um enorme grupo de jovens envolta de alguma coisa. Ah, não! Não, não, não!

Quem seria aquela pessoa?

Largo as mãos cálidas de Cameron e corro para me infiltrar no meio de todos aqueles adolescentes desesperados. Ouço um grunhido de uma fera, mas eu só consigo me concentrar nos fios de cabelo loiro que estavam espalhados pelo chão.

Não, por favor, não!

Eu queria gritar. Eu queria rasgar aquele que estava segurando o meu braço com força. Não! Deixem-me ir até ela. Ela precisa de mim, ela precisa de mim, por favor!

Sinto os braços sendo largados, e tudo parecia estar acontecendo de forma lenta. Cambaleio e caio em cima do seu corpo mole. Os olhos brancos e a boca fina entreaberta. Meu Deus o que fizeram com você?

Mas quando eu olho para cima, tudo que eu acreditava parecia ir para os ares.

Beijada pela Morte | livro umDonde viven las historias. Descúbrelo ahora