- Quem gostaria de ser arquiteto depois de tudo que eu disse? - Pergunto para a turma a minha frente.
São crianças de nove e dez anos, talvez seja cedo para decidirem o querem fazer no futuro, embora eu tenha começado a pensar em arquitetura nessa idade. Mas o que quero aqui é mostrar para eles que eles podem ser o que quiserem.
Uma garota e quatro meninos erguem a mão em resposta a minha pergunta. Outro menino está indeciso entre levantar a mão ou deixá-la abaixada.
- Você. - Chamo por ele. - Como se chama?
- Lester, senhor. - Ele diz.
Desencosto-me do quadro e ando até sua carteira, então me abaixo um pouco.
- Me chame de Kile. - Peço. - Então Lester, você acha legal ser arquiteto?
- Sim. - Ele é imediato.
Sorrio para ele. Crianças tem o dom de serem muito mais sinceras e espontâneas que adultos.
- Então por que não ergueu a mão? - Fico curioso.
- Meu pai é motorista, e eu serei motorista. - Lester respondo.
Lembro-me da conversa que Alice e eu tivemos durante o almoço no restaurante, ela está mesmo certa sobre isso, ainda é uma cultura regida pelas castas mesmo que elas não existam mais legalmente.
- Não se não quiser Lester. - Digo a ele.
Me ajeito e volto para a frente da sala. Alice está encostada na porta desde que comecei a falar, me olhando com tanta curiosidade quanto as crianças.
- Sabem o que eu seria se fosse seguir o que meu pai é? Ou o que o pai dele era? - Pergunto.
Varias cabeças se movem em negativa.
- Eu seria um guarda. - Conto a eles. - Mas eu nunca quis ser um guarda. Então eu acho que sou muito grato ao antigo rei, Maxon Schreave, por ter me dado a chance de ser o que eu quis e isso antes mesmo de eu nascer. Vocês todos tem essa chance também.
- Podemos ser o que quisermos? - Uma garota pergunta.
- Sim. - Respondo.
- Então quero ser estilista. - Diz.
A frase dela me lembra Eadlyn e seus desenhos, sua incrível habilidade de criar roupas. Eadlyn é a mão que governa o país agora, mas poderia ser a mão que desenha e cria, apenas se não tivesse nascido sete minutos antes de Ahren.
O sinal toca e todos começam a arrumar suas bolsas e correr para fora da sala. Alice se despede de todos na porta e depois vem para o meio da sala.
- Isso foi bom, Muito bom. - Ela me fala. - Obrigada.
- Não tem de que.
Ela vai ajeitar algumas coisas na mesa e não sei porque ao inves de me despedir vou até o quadro e o apago e depois ajeito as cadeiras.
- O que está fazendo? - Alice pergunta achando graça.
- Ajudando, espero que sim. - Brinco. - Se eu estiver atrapalhando só me dizer e eu caio fora.
- Não, está tudo bem.
Enquanto a ajudo a deixar a sala arrumada nós conversamos sobre o meu tempo com as crianças, ela acha que eles reagiram bem e conta sobre como levou outras pessoas e eles não pareciam tão empolgados.
- Eu tenho meus encantos. - Debocho de mim mesmo. - Mas espero que isso contribua para a vida deles, e acredito que em breve seus pais também mudarão de ideia, que veremos coisas boas acontecerem para o país.
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A Verdade {fanfic de A Seleção}
Fanfiction"Você está banido do palácio por um ano Kile Woodwork." Um ano. Um ano em que serei livre. Um ano em que construirei coisas. Um ano longe de quem eu amo e acompanhando de longe ela viver seu casamento feliz, com seu escolhido. Acontece que eu a esco...