Capítulo 15

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- Quem gostaria de ser arquiteto depois de tudo que eu disse? - Pergunto para a turma a minha frente.

São crianças de nove e dez anos, talvez seja cedo para decidirem o querem fazer no futuro, embora eu tenha começado a pensar em arquitetura nessa idade. Mas o que quero aqui é mostrar para eles que eles podem ser o que quiserem.

Uma garota e quatro meninos erguem a mão em resposta a minha pergunta. Outro menino está indeciso entre levantar a mão ou deixá-la abaixada.

- Você. - Chamo por ele. - Como se chama?

- Lester, senhor. - Ele diz.

Desencosto-me do quadro e ando até sua carteira, então me abaixo um pouco.

- Me chame de Kile. - Peço. - Então Lester, você acha legal ser arquiteto?

- Sim. - Ele é imediato.

Sorrio para ele. Crianças tem o dom de serem muito mais sinceras e espontâneas que adultos.

- Então por que não ergueu a mão? - Fico curioso.

- Meu pai é motorista, e eu serei motorista. - Lester respondo.

Lembro-me da conversa que Alice e eu tivemos durante o almoço no restaurante, ela está mesmo certa sobre isso, ainda é uma cultura regida pelas castas mesmo que elas não existam mais legalmente.

- Não se não quiser Lester. - Digo a ele.

Me ajeito e volto para a frente da sala. Alice está encostada na porta desde que comecei a falar, me olhando com tanta curiosidade quanto as crianças.

- Sabem o que eu seria se fosse seguir o que meu pai é? Ou o que o pai dele era? - Pergunto.

Varias cabeças se movem em negativa.

- Eu seria um guarda. - Conto a eles. - Mas eu nunca quis ser um guarda. Então eu acho que sou muito grato ao antigo rei, Maxon Schreave, por ter me dado a chance de ser o que eu quis e isso antes mesmo de eu nascer. Vocês todos tem essa chance também.

- Podemos ser o que quisermos? - Uma garota pergunta.

- Sim. - Respondo.

- Então quero ser estilista. - Diz.

A frase dela me lembra Eadlyn e seus desenhos, sua incrível habilidade de criar roupas. Eadlyn é a mão que governa o país agora, mas poderia ser a mão que desenha e cria, apenas se não tivesse nascido sete minutos antes de Ahren.

O sinal toca e todos começam a arrumar suas bolsas e correr para fora da sala. Alice se despede de todos na porta e depois vem para o meio da sala.

- Isso foi bom, Muito bom. - Ela me fala. - Obrigada.

 - Não tem de que. 

Ela vai ajeitar algumas coisas na mesa e não sei porque ao inves de me despedir vou até o quadro e o apago e depois ajeito as cadeiras.

- O que está fazendo? - Alice pergunta achando graça.

- Ajudando, espero que sim. - Brinco. - Se eu estiver atrapalhando só me dizer e eu caio fora.

- Não, está tudo bem.

Enquanto a ajudo a deixar a sala arrumada nós conversamos sobre o meu tempo com as crianças, ela acha que eles reagiram bem e conta sobre como levou outras pessoas e eles não pareciam tão empolgados.

- Eu tenho meus encantos. - Debocho de mim mesmo. - Mas espero que isso contribua para a vida deles, e acredito que em breve seus pais também mudarão de ideia, que veremos coisas boas acontecerem para o país.

A Verdade {fanfic de A Seleção}Where stories live. Discover now