Capítulo 10 - Vista sua primeira máscara

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Itachi encarou a tela do celular ao receber a mensagem de Sasuke avisando que ele havia chegado ao serviço. Olhou o relógio em seguida, conferindo que o irmão mais novo havia, de novo, mandado a mensagem faltando dez minutos para que seu horário de serviço começasse. Não que acreditasse em Sasuke, sabia que ele deveria estar entrando meia hora ou até uma hora antes do expediente começar, mas não tinha como o obrigar a obedecê-lo, não é?

Suspirou pesadamente, passando os dedos pela tatuagem que possuía no pulso direito.

"10/05/2005

Eu me importo"

A má alimentação de Sasuke e a rotina estressante dele iriam matá-lo algum dia; quer dizer, isso se os inimigos que ele cultivava não o fizessem antes.

Só para se certificar, digitou rapidamente para Sakura, perguntando-lhe se Sasuke estava, pelo menos, almoçando. Não, não é como se fosse neurótico ou super protetor (um pouco talvez), mas o irmão mais novo era tão descuidado com a própria saúde que ele, Itachi, sendo médico, não conseguia ignorar a situação. Além disso, provavelmente era um hábito que adquirira na escola protegê-lo de seus inimigos. De quantas brigas tirara Sasuke? Com certeza menos do que aquelas em que teve que entrar junto do irmão.

— Conheço essa cara — Ouviu Anko dizer. — Sasuke?

Sorriu minimamente, encarando a médica com quem trabalhava. Anko era a pediatra voluntária daquele posto e a conhecera logo no primeiro dia quando chegou ao país estrangeiro após um ataque terrorista. Foram juntos ao resgate às vítimas e viraram quarenta e oito horas juntos em trabalho contínuo para salvar quantas vidas pudessem. Excelente médica e uma boa pessoa para conversar.

— Sasuke — repetiu, desligando o celular e encarando o coque que ela fazia no cabelo antes de colocar um pirulito na boca. — Ainda tentando parar de fumar?

— Não mude de assunte, gracinha. O que aquele seu irmãozinho chato fez dessa vez? Não vai ter que correr para salvar a bunda dele, vai? — ela perguntou com sua sinceridade habitual.

Itachi massageou a nuca e, então, espreguiçou-se. Levantou-se da cadeira e caminhou até a cafeteira no centro da sala de espera onde estavam. O aroma do café preencheu o ambiente à medida que o líquido, maravilhoso líquido, tomava o copo. Itachi se manteve de pé, assoprando o café enquanto pensava.

— Itachi —Anko chamou, com um tom repreensivo. — Falta uma semana para você voltar para casa. Aposto que ele consegue se manter vivo até lá sozinho.

— Eu sei. — Suspirou. — Mas dessa vez invadiram a casa dele, atiraram na cachorra, reviraram tudo. Não é como se desse para ignorar isso.

Anko pareceu refletir. Arrastou a cadeira para perto da mesa e cruzou as pernas ao se sentar.

— Como ele está?

— Bem. Eu e ele somos muito parecidos, sei que ele está bem, e é aí onde o perigo mora. Ele deve estar pesquisando sobre o ocorrido, mexendo com gente perigosa, cutucando-os ainda mais.

— Ele quer morrer? — Anko ironizou, rindo suavemente, mas sabia que, pelas olheiras no rosto de Itachi, o caçula dele estava roubando-lhe o sono. — Itachi, é uma semana, apenas sete dias e você estará em casa e poderá fazer seu papel de irmão mais velho chato o quanto quiser. Se ele realmente é parecido com você, aguenta o tranco. Deixe o garoto andar com as próprias pernas.

Itachi suspirou, bebendo o café em seguida. Ouviu o bibe do aparelho de notificação, indicando que os exames que havia solicitado estavam prontos. Acenou para Anko e saiu rapidamente do local. Prendeu o cabelo preto, liso, comprido, em um rabo de cavalo alto e abotoou o jaleco novamente.

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