Capítulo 26 - Vista sua máscara de ingênuo

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Sakura acordou por causa do despertador sobre seu criado-mudo, às quatro da manhã. Abriu os olhos e perdeu mais de dez minutos deitada, olhando o teto fixamente como se ele pudesse lhe dar alguma resposta. Normalmente, quando tinha algum problema, ligava para Itachi, e eles então passariam horas rindo e tentando achar um meio de contornar a situação, contudo, o problema era que dessa vez estava chateada com o amigo. Sasuke? Até dava para entender apesar de tudo, ele não queria se envolver e preferia que ela se resolvesse com Hinata, já que o assunto não lhe cabia, mas, ainda assim....

Jogou a coberta com força para longe do corpo e levantou-se. Não sabia exatamente com o que estava mais magoada, com Hinata por mentir para si ou por seus amigos saberem a verdade e não lhe contarem. Não estava apaixonada por Hinata, gostava da companhia dela e tinha sim cogitado continuar saindo com ela e ver até onde aquilo tudo iria, mas, mesmo assim, a mentira pesava. Talvez se soubesse desde o início... Não. Se fosse honesta consigo mesma, sabia que mesmo que soubesse desde o começo sobre a profissão de Hinata, ainda iria continuar com aquele bolo entalado na garganta.

Quando as pessoas te perguntam sobre preconceito, se você possui ou não, a sua resposta de cara é negar, dizer que é aberto para tudo e que cada um tem o direito de ter a sua vida como bem quiser, mas a verdade não é essa. Você só sabe se possui ou não um preconceito até que se esbarra nele, até ser forçado a voltar os olhos para si mesmo e avaliar suas ações e decisões. E, Sakura, naquele exato momento, sabia que a maior parte da sua revolta era gerada pelo preconceito contra a profissão de Hinata.

Ela tinha noção clara disso, enraivecia-se ainda mais por não acreditar em como logo ela podia reagir daquela forma, contudo, esta era a verdade. Como resolver então? Preconceitos não mudam de um dia para o outro. Não tinha como ela sorrir e fingir que estava tudo bem, isso não seria justo nem com ela nem com Hinata. Também não podia simplesmente se afastar de Hinata! Seria horrível de sua parte, uma atitude cruel e mesquinha, não combinava em nada com ela e se odiaria por fazer aquilo com alguém tão doce quanto Hinata.

Como agir então? Como?

Engoliu o café da manhã sem fome alguma enquanto se amaldiçoava por ter esquecido o celular na casa de Sasuke. Àquela hora, os jornais já estavam impressos e sendo distribuídos pela cidade. Não sabia se o que havia feito tinha dado certo e suas mãos tremeram ao pegar o notebook para conferir se a página online do Jornal havia postado alguma coisa. Se tivesse dado certo, seria demitida, sabia disso, mas não é como se houvesse agido de todo impensadamente.

Do que adiantaria ficar naquele lugar afinal? Estava quase certa de que Pain tinha sido pago para não aprovar matérias desfavoráveis a Neji e a Orochimaru, e se isso tinha acontecido dessa vez, o que impediria de ocorrer de novo? Além disso, havia entrado no jornalismo com um objetivo: espalhar histórias e fatos. Qual o prazer de se fazer isso com mãos ávidas por calarem sua boca?

Suspirou pesadamente ao ver que nada havia sido publicado ainda. Desligou o notebook e começou a aprontar-se para o que seria, provavelmente, seu último dia de trabalho. Pegou a chave do carro e dirigiu até o jornal ciente de que estava indo mais cedo que o de costume. Estacionou em sua vaga usual e franziu o cenho quando, enquanto caminhava para o elevador, reconheceu a moto de Sasuke.

Olhou ao redor e decidiu ir até a entrada principal do prédio antes de pegar o elevador, já que, se Sasuke estivesse ali, com certeza teria sido barrado pela segurança e não teria conseguido subir até o andar do Jornal. Procurou-o entre as poucas pessoas que circulavam por ali de manhã e não demorou a identificar Itachi cutucando o irmão e apontando em sua direção.

Cruzou os braços, brincando com o peso do corpo sobre o salto. Ok, ainda estava bem chateada com eles, mas não queria parar de falar com eles. Itachi caminhava com uma expressão culpada, e Sasuke... bem, ele parecia o de sempre, no entanto um pouco incomodado, como se soubesse que devia se desculpar, mas não visse mesmo a razão para aquilo já que, diferente dela, ele não via problema algum na profissão de Hinata.

Jogo de MáscarasWhere stories live. Discover now