Capítulo 30 - Tire sua máscara de amigo leal

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Deidara praguejou audivelmente ao colocar a bolsa de gelo sobre o lado esquerdo do rosto. Sasuke não havia se segurado nem um pouco ao socá-lo três vezes antes que Naruto o contivesse. Remexeu-se no sofá de sua casa e suspirou com dor de cabeça.

Quando Neji lhe disse que Ten-Ten havia feito um acordo com Sasuke, duvidara, conhecia bem demais o amigo para acreditar que ele havia simplesmente aceito ajudá-los. E estava certo. Sasuke só estava naquela reunião com Ten-Ten por mérito de Itachi. Reposicionou o gelo na face. Doía, mas sabia que havia merecido tanto os socos quanto as palavras duras de Sasuke e o olhar frio que o julgava.

Quando conheceu Hiashi Hyuga, era como Sasuke, fazia o mesmo que ele, ao irritar as pessoas erradas; enquanto Sasuke focava em Orochimaru, prefeito na época, ele pesquisava sobre Hiashi e um acordo suspeito para a alteração nos direitos trabalhistas. Assim como Sasuke, perdeu a noção do perigo e começou a seguir Hiashi, o que resultou na descoberta de um jantar entre o político e o dono do jornal onde trabalhava. Alertou Pain, mas era óbvio que não tinham como fazer algo a respeito na época. Quem acreditaria? Precisava de provas.

Começou a ser mais persistente, seguia Hiashi quase todos os dias da semana até ser pego por um dos seguranças dele. Tudo naquele dia havia dado errado. Hiashi já o tinha notado e, então, emboscou-o facilmente em uma de suas propriedades privadas. Sentado no jardim do político, cercado por três seguranças armados, Deidara viu Hiashi se aproximar com uma pasta e o notebook que carregava sempre em sua mochila.

— Você não desiste fácil, não é? Achei que ia parar de me seguir depois de uma semana ou duas, mas aqui está você... — Hiashi falou, com falso pesar, e colocou a pasta e o notebook sobre a mesa. — Terá que me desculpar, mas exclui alguns arquivos.

Deidara sorriu, irônico, não era como se não tivesse uma cópia de todos os documentos salvos em um local protegido.

— Antes de começarmos, acho que você gostaria de ler o que está na pasta. Eu espero, não se preocupe.

Deidara estreitou o olhar e se inclinou sobre a mesa, pegou os papéis e os leu em silêncio. Achou seu extrato bancário, os empréstimos, as dívidas, tudo detalhadamente exposto em várias páginas. Além disso, havia uma ficha familiar, um quadro bem estudado de seus pais e irmão, além de alguns amigos próximos, suas profissões, suas localizações, rendas, dificuldades financeiras, históricos médicos de alguns e até processos. Depois, deparou-se com o seu próprio perfil. Além das informações básicas, havia ali o relato de seu último processo, o que ganhara ao publicar fotos que "difamavam a senador Mitashi", e também o histórico de seu computador dos últimos meses, incluindo alguns e-mails e conversas privadas.

— Parece que alguém fez o dever de casa — debochou, embora o medo em sua voz não estivesse tão escondido quanto queria.

— Continue lendo, a última parte é a minha favorita.

Deidara massageou a nuca e olhou para os lados enquanto o coração acelerava, temeroso. Precisava sair dali, sabia disso tanto quanto sabia que não havia modo de conseguir escapar. Folheou os documentos e achou a última parte. Recostou-se na cadeira e balançou a cabeça em descrença à medida que lia.

— Darei entrada no processo amanhã — Hiashi explicou, sério. — E, como deve imaginar, um certo amigo não terá outra escolha a não ser demiti-lo por justa causa, uma vez que botou o jornal em risco ao invadir uma propriedade privada. Vai ser uma história bem triste, admito. Desempregado, endividado, com um novo processo que certamente irá perder e, assim, uma nova e generosa multa a pagar. Pergunto-me se essa sua curiosidade vale realmente tanto assim...

Deidara suava frio. Não poderia pegar outro empréstimo, o último ainda pagava a multa do processo que perdera para a senador Mitashi. Também não havia como pedir dinheiro aos pais, nem a Sakura ou a Sasuke que, por sinal, estava tendo que pedir dinheiro ao irmão graças ao atentado que havia sofrido e que tinha acabado com o carro dele. Hiashi parecia se divertir, o sorriso mínimo e a postura calma lhe diziam que o jogo já havia terminado. Não tinha o que fazer, havia ido longe demais, como Sakura tanto o alertara para não ir.

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