11. eternidade

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Ele entrou no luxuoso saguão do Hotel Bogotá e rumou direto para o bar. Oito meses, vinte dias, nove horas e quinze minutos foi o tempo necessário para vê-la outra vez. Mas quem diabos está contando, não é mesmo?

Liam Hopkins reconheceria Elizabeth Clark em qualquer lugar do mundo, em qualquer situação e em qualquer porção da eternidade na qual ela decidisse se esconder. Hopkins só não esperava vê-la limpando o balcão do bar, os cabelos castanhos presos num rabo de cavalo sem um fio sequer fora do lugar e o emblema do hotel estampado na camisa social branca.

Quando ele desejou buenos días, Clark ergueu o rosto. Uma bruma escureceu seus olhos verdes durante dois segundos antes de ela sorrir cordialmente e retribuir o cumprimento. Era difícil pegá-la desprevenida porque Clark sempre estava sempre três passos à frente de tudo. Hopkins adorava quando conseguia batê-la no próprio jogo.

— Se divertindo, Liz? — perguntou ele, sentindo o rosto se contorcer num sorriso. Uma coceira incômoda na cicatriz deixada pelo tiro do guarda o atingiu, mas Hopkins ignorou-a. — Pensei que você e Charlie estivessem fodendo em alguma praia do Caribe depois de me esfaquearem pelas costas.

Ela não respondeu. Limitou-se a torcer o canto dos lábios e a limpar o bocal de um copo de uísque. Àquela hora da manhã o bar estava vazio, exceto por um senhor barrigudo lendo o El Espectador numa mesinha afastada.

— Três meses numa prisão turca e nenhuma notícia. — Ele trincou a mandíbula. — Se não fosse por Spankin', eu...

— Spankin' está viva? — Ela parou de limpar o copo. Hopkins emitiu uma risada assoprada e Clark socou o pano no balcão. — Vá se foder, ok? Você parecia morto, Spankin' parecia morta, e tudo estava uma merda. Fugi com Charlie. O que você queria? Que eu fosse presa? — Ela semicerrou os olhos — Não seja ingênuo.

— Eu estou pouco me fodendo — reclamou ele, virando-se para checar se o gorducho os observava. — Onde está seu precioso Charlie? Onde está o colar? — Ela franziu o cenho e abaixou a cabeça. — Você ficou surda, caralho? Onde está...

— Não quero falar dessa merda aqui. Vamos até o meu quarto e lá...

Ela era inacreditável.

— Não vai funcionar, Clark. — Hopkins sentiu a garganta apertar. — Você não pode achar que o sexo resolve tudo, principalmente depois de você me trair e me roubar.

— Deixe de ser imbecil, Liam — ela retrucou, se inclinando no balcão. O assunto parecia sério. — Vamos até meu quarto. Você não tem noção do que está acontecendo nessa merda.  

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