32. escada

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Era um corredor minúsculo, apertado como uma lata de sardinha e úmido feito boca de criança. Clark ia na frente, tocando as paredes e analisando cada vinco nas paredes de pedra enquanto Hopkins seguia atrás, segurando o isqueiro e tentando não tocar em nada.

— Adoro lugares úmidos e apertados. E antes que sua mente maliciosa comece a trabalhar — ele reclamou tão logo ela soltou uma risada rouca — quero dizer que estamos... numa porra de beco sem saída.

Ele completou a frase tão logo uma parede de pedra se ergueu diante deles e restos de uma escada destruída descansavam no chão. Sem chance continuariam por ali sem uma escada ou uma intervenção divina. Clark colocou as mãos na cintura.

— Parece que você vai precisar me dar um impulso, querido.

Ele franziu os lábios e virou as costas para a parede, unindo as mãos para impulsioná-la. Clark apoiou as mãos em seus ombros e a ponta da bota em seus dedos. Hopkins tentou erguê-la, mas ela manteve-se no lugar, sorrindo com o canto dos lábios.

— Você adoraria transar nas ruínas da escada de uma passagem secreta, não é? — sussurrou ela. Se Clark tivesse gritado, as pedras não teriam ecoado tão fortemente o som de sua voz rouca.

Contra todas as expectativas — inclusive as suas — Hopkins sorriu, olhando diretamente nos sedutores olhos verdes de sua carrasca.

— É uma lástima, mas foi você quem preferiu manter nossa relação no âmbito profissional, meu amor. — Ele sussurrou de volta, tão próximo do ouvido de Clark quanto possível.

O que aquela mulher tinha que o fazia perder o juízo diante de um simples conjunto de palavras? Ela sorriu com o canto dos lábios e impulsionou-se para cima, ajudando-o a vencer a elevação com um puxão dos braços.

Continuaram pelo corredor, seguindo pelos degraus arredondados em silêncio. Ela roçava os dedos enluvados pelas paredes apertadas, criando um som irritante de fricção. Ele quase pediu para que parasse, mas chegaram a uma porta no final do caminho, decorada com motivos florais, os números das coordenadas e uma flecha ricamente trabalhada na madeira.

Clark empurrou a porta de madeira e as dobradiças, enferrujadas, reclamaram com um lamento de cortar os ouvidos. Uma nuvem de poeira espessa subiu. Pergaminhos enfileirados e livros de encadernação antiga adornavam as paredes de uma pequena biblioteca de teto baixo. Frascos de tamanhos esquisitos repousavam entre os pergaminhos e a poeira grossa das estantes.

Hopkins fechou a porta enquanto Clark procurava, com olhos ávidos, pelo próximo passo.

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