38. abandonar

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O palacete inteiro estava vindo abaixo.

As velhas estruturas rangiam contra o fogo, e os tiros vinham de todos os lados. Acocorados contra uma parede semidestruída, cercados por três capangas que não paravam de atirar do final do corredor, Hopkins tossiu. A fumaça subia rapidamente pelos aposentos, cercando tudo ao redor dos dois.

— Ideias? — Clark gritou, atirando com a arma roubada de um dos homens mortos. O segundo andar fervilhava, transformando o lugar num maldito inferno. Capangas avançavam pelo corredor, gritando acima do fogo. — Hopkins, minhas balas estão acaban...!

Então, um milagre aconteceu. Uma banheira de porcelana branca caiu na cabeça dos homens, abrindo um buraco no teto de madeira carcomida até o primeiro andar. Um dos capangas tentou se arrastar para longe, mas Clark atirou contra a cabeça dele antes que conseguisse escapar.

— Vamos dar o fora. — Hopkins engoliu em seco, seguindo em frente. — Só precisamos encontrar a maldita escada nesse...

Um pedaço do chão cedeu e Hopkins se desequilibrou, caindo pelo buraco da banheira. Segurou-se no piso de madeira, sentindo tudo se esfarelar ao toque. As chamas do andar de baixo subiam, esquentando as solas de suas botas. Clark puxou-o, grunhindo.

— Sem mais... pizza... para você!

Contornaram o buraco, chegando à uma escadaria que desembocava num salão com belíssimas estátuas. Hopkins e Clark desceram correndo, parando no meio do aposento.

— Porra, para onde?! — gritou ela, girando o corpo e procurando pela saída. O fogo consumia o teto quando aconteceu.

Um lustre de cristal, preso a uma viga de sustentação, desceu como a mão de Deus no meio do salão. Hopkins não teve tempo de gritar. Empurrou Clark para longe e urrou de dor quando ficou com a perna direita presa sob a madeira e os cristais do lustre. Ofegante, ela arrastou-se de volta e empurrou a viga, sem sucesso.

— Porra! — Hopkins gritou, tentando chutar a viga com a perna livre. Sentia o suor escorrer pela testa quando Clark parou de empurrar e se ergueu. Hopkins recebeu um olhar culpado dela. Não. — Clark!

Ele chutou repetidas vezes a viga enquanto ela se afastava correndo, enveredando por uma das portas. Não pode ser. De novo não.

— Me ajude, Clark!

Mas ela já estava longe demais para ouvir.

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