Esperar

3.5K 150 1
                                    


— Bom dia - ouço a voz doce de Phillip dizer assim que abro os olhos - Tomei a liberdade de pedir o café da manhã.
— Bom dia - digo esfregando meus olhos ainda com voz rouca de sono.
— Conseguimos dormir mais de 2 horas isso é tipo uma vitória - ele diz.
— Parece um milagre - digo - Mas sinto falta dela.
— Eu sei - ele diz sentando-se na beira da cama - Há seus prós e contras.
— Que horas são? - pergunto.
— 7h 30 - ele diz - Só podemos ir para o hospital depois das 10h.
— O que faremos até então? - pergunto.
— Tomaremos um incrível café da manhã - ele diz beijando minhas panturrilhas - Podemos assistir algum filme - ele sobe para minhas coxas - Podemos vencer seu receio de dividir banheiro - ele começa a beijar minha barriga e sobe até meu decote.
— Como você pretende fazer isso? - pergunto.
— Pensei em te ajudar no chuveiro - ele diz - posso lavar seus pés já que não consegue se abaixar.
— Acho melhor não - digo - Não estou na minha melhor forma.
— Todas as formas são lindas em você - ele diz beijando meus lábios.
— Eu não me sinto bonita.
— Mas você é, acredite em mim - ele diz acariciando meu rosto.
— Eu estou flácida - digo - Não é algo bonito.
— Isso é uma prova de que um milagre aconteceu dentro de você - ele diz - colocando as mãos no meu abdômen.
— Não é um milagre bonito - digo.
— Como pode dizer algo assim? - ele diz verdadeiramente ofendido - Quando eu vi pela primeira vez um parto, eu já achava isso incrível, mas quando tirei Sammy eu realmente entendi o significado de dar a luz, e não impute dar a luz apenas a eles, mas a nós também.
— Eu não vi nada - digo.
— Mas você sentiu - ele diz - Sentiu a pressão quando ela saiu, lembro de ver seu sorriso Becca - ele encosta os dedos em meus lábios - Foi o sorriso mais lindo que você já deu, tenho certeza.
— Senti também quando ele saiu - digo.
— Eu sei, parece injusto com você, mas faz parte do contrato - Phillip diz - Eu até poderia burlar a lei por você, mas com o bebê doente o risco é muito grande.
— Eu sei - digo abraçando-o.
— Seu pai vai continuar com Elizabeth depois de todo chilique que ela fez?
— Ela já deu muito chilique até aqui - digo - Mas acho que ela vai pedir divórcio.
— Por que você acha isso?
— Basicamente meu pai sabia da Sammy - digo - Ela não vai tolerar isso por muito tempo.
— Ele estará se livrando de um problema - Phillip diz me apertando mais.
— Ele realmente gosta dela - digo - Talvez porque ela era a única que entendia o ponto de vista dele.
— E quanto sua mãe?
— Não falamos dela - digo - Por isso que meu pai não se da bem com meus avós. Eles acreditam que ela vai acordar.
— Posso estudar o caso da sua mãe? - ele pergunta.
— Você é ginicologista - digo - Minha mãe tem um tumor no cérebro.
— Conheço neurologistas - ele diz - Tive um professor na faculdade, já que você vai para Harvard, podíamos contata-lo.
— Pensei que neurologistas eram complexados - digo.
— Neurocirurgiões são complexados - ele diz - Neurologistas só um pouco.
— Vai entrar no lado do meus avós? - pergunto.
— Não sempre vou estar do seu lado - ele diz olhando dentro dos meus olhos - Mas se sua mãe ainda tem 65% das atividades cerebrais ela merece uma chance.
— Ela está em coma há 16 anos - digo - Se desligarem os aparelhos ela morre, acredito que esses números sejam apenas um consolo para meus avós.
— E se ela acordasse?
— Phillip...
— Ela não seria a primeira a acordar dum coma longo - ele diz.
— Ela não saberia quem eu sou - digo - Não tinha nem três anos quando ela virou vegetal.
— Ela não é uma vegetal Rebecca - ele diz - E sei que por baixo desse pessimismo implantado em você, há esperança de que sua mãe esteja bem.
— Eu não tenho mãe - digo.
— Você tem mãe - ele insisti - E Sammy tem uma avó. Não acha que seria útil uma mão a mais?
— Faça o que você quiser - digo.
— Então autoriza falar com seus avós? - ele pergunta.
— Não tenho nenhum direito legal sobre ela - digo.
— Você entendeu o que quis dizer - ele diz.
— Faça o que quiser - repito.
— Sei que isso ainda dói em você - ele diz - Não vou mexer mais nessa ferida, por enquanto.
— Acho que o café da manhã chegou - digo de forma seca fazendo ele me soltar e levantar.
Ele traz um carrinho com panquecas, suco de laranja e frutas.
— Isso serve de bandeira branca? - ele pergunta mostrando uma caixa, ele põe a caixa ao meu lado e minha curiosidade me faz abrir. Encontro macarrons e profiteroles.
— Por que você insiste em me comprar com doce francês? - pergunto.
— Ainda te devo um jantar no Deuxave - ele diz.
— Vai manter isso até irmos no restaurante? - pergunto.
— Provavelmente não - ele diz - Sei que prefere Profiterole a flores, então todas as vezes que eu fizer ou falar merda...
— Ou seja vou virar uma baleia - digo colocando um dos da caixa na boca - Não que já não esteja como uma.
— Ja disse que você está linda - ele diz se ajoelhando ao meu lado.
— Falta muito para irmos para o hospital? - pergunto.
— Ainda não são nem 8h - ele diz - Mas preciso passar no meu apartamento para pegar roupas limpas, vem comigo?
— Sem voltar no assunto anterior - digo.
— Deixaria eu lavar seus pés?
— É sua proposta? - pergunto.
— Diria que sim.
— Tudo bem - digo colocando um macarron na boca dele - Acabei de me tocar que não escovei os dentes e você já me beijou.
— Pare de drama Rebecca - ele diz beijando meus lábios e me sujando de açúcar.
— Então iremos juntos, ou um primeiro, eu realmente não sei fazer isso - digo.
— Você está complicando as coisas - ele diz - Tive uma idéia melhor, coloque um moletom, pegue uma troca de roupa e vamos.
— Mas eu ainda nem comi - digo.
— Então coma - ele diz procurando algo - Mas precisamos ir rápido.
Como o mais rápido que consigo e escovo meus dentes, antes de me vestir. Phillip me puxa pela mão pelo corredor e assim que entramos pelo corredor ele dispara por um caminho que nunca fui.
— Esqueci de te perguntar - digo - Recebeu alguma multa no dia que Sammy nasceu?
— Uma - ele diz - Cheguei a 120 numa pista de 80.
— Podíamos ter morrido - digo.
— William teria morrido - ele retruca - Além de que você não parecia muito preocupada com a velocidade.
— Xeque-mate - digo - Estava meio preocupada com minhas contrações.
— Sabia que você nem teve contrações de um trabalho de parto né - ele diz.
— Mas doeu para caramba - digo.
— O monitor das suas contrações mostraram que não era do nível normal - ele diz.
— Então não quero conhecer o nível normal - digo.
— Pensei que quisesse mais uns dois bebês - ele diz rindo.
— Mal damos conta da que temos - digo.
— Futuramente - ele diz.
— Não vai vir com o papo que ouvi minha vida inteira que vai querer um filho biológico - digo.
— Sammy é minha filha - ele diz - Não importa se biológica ou não, não preciso de um teste de DNA para afirmar isso.
— Você é uma pessoa incrível - digo colocando minha mão sobre a dele no câmbio.
— Podíamos adotar - ele diz.
— Seria uma experiência interessante - digo.
— Quando você estiver dando aulas - ele diz - Talvez consigamos adotar mais uns três.
— Você está inspirado - digo.
— Só acho incrível a sensação que sinto sendo pai - ele diz.
— E se alguma das mães se arrependessem - digo - Como Ben sugeriu que aconteceria comigo?
— Eu não sei - ele diz - Podemos só pensar nas coisas boas agora? É deixar os problemas para quando chegar a hora?
— Tudo bem - digo.
— Chegamos - ele diz entrando numa garagem, ele estaciona numa vaga próxima ao elevador. Durante a subida ele permanece com os braços envolta da minha cintura e beijando meu pescoço - Voi lá.
— Mora na cobertura? - digo.
— Não achei que seria uma surpresa - ele diz destrancando a porta do elevador.
— Na verdade não é - digo.
Ao entrar no apartamento me deparo com uma sala imensa com janelas interissas onde mostrava uma incrível paisagem da cidade.
— Venha quero te mostrar um negócio - ele diz me puxado por um corredor, ele abre uma porta e me depor com uma suite, ele me puxa até o banheiro - Você precisa desacelerar e achei que uma banheira seria perfeito.
— Não sei o que dizer.
— Não precisa ter vergonha de mim - ele fala me beijando, assim que se separa de mim tiro meu moletom ficando de sutiã, em seqüência tiro minha calça e Phillip liga a banheira - Você não parece ter vergonha.
— Preciso vencer meus tabus - digo sentando-me perto dele na borda da banheira.
— Gosto dessa idéia - ele diz me beijando.
— Gostaria se você aderisse ela - digo puxando a camiseta dele.
— Sabe que não vamos fazer nada evasivo - ele diz e afirmo com a cabeça.
— Posso esperar os quarentas dias - digo.
— E eu vou esperar, mas não será algo agradável tendo a imagem do seu corpo na minha cabeça - ele diz.
— Não quero te torturar - digo - Posso ficar sozinha na banheira, e se você me conseguir uma taça de champanhe melhor
— Espertinha - ele diz me empurrando na banheira.
— Phillip!
Ainda entre gargalhadas ele tira sua calça e entra na banheira, ele fica sobre mim mas mantém seu peso nos braços, ele me beija e me coloca sentada contra a banheira.
— Pensei que iríamos acabar com todos os tabus - digo entre os beijos dele.
— Minha empregada vai me julgar - ele diz tirando meu sutiã.
— Por que? - pergunto.
— O que ela vai pensar ao ver leite no chão?
Começa a rir imaginando a cena, e Phillip me acompanha.
— Ela vai descobrir que você é um sem vergonha - digo.
— Eu sou um sem vergonha Rebecca? - ele pergunta beijando meu pescoço e descendo até meu colo.
— O maior de todos - digo.
— Você ainda não viu nada - ele diz me puxando para mais perto, instintivamente coloco minhas pernas no quadril dele, mas solto um grito de dor.
— Meus pontos puxaram - digo colocando minha mão no ventre, Phillip se afasta de mim.
— Sentiu algo diferente? - ele pergunta - Algo que ainda não tinha sentido.
— Não - digo - Os pontos puxam direto. É só pelo incomodo.
— Dói?
— Claro que dói - digo.
— Posso ver? - ele pergunta, ele leva seus dedos até a minha cicatriz - Não estourou.
— As vezes ele puxa, mas estou me acostumando com a dor - digo.
O alarme do celular de Phillip toca.
— A hora passou mais rádios do que esperava - Phillip diz - Pode ficar sozinha, preciso fazer algo.
— Faço esse sacrifício - digo ele me beija antes de sair.
Realmente precisava daquela espuma me cobrindo e dos jatos na minhas costas. Permito-me fechar os olhos e aproveitar a sensação maravilhosa da água.
— São quase dez horas - Phillip diz atrapalhando minha paz, levanto uma sobrancelha em resposta - Prefere a banheira a Sammy?
— Golpe baixo - digo me levantando e acabo pegando uma toalha pendurada na parede.
— Logo vocês duas estarão juntas aqui - ele diz me abraçando - Não vai precisar medir tempo.
— Acha que ela engordou?
— Se ela mamou tudo o que você deixou, acredito que sim - ele diz, olho para o chão tentando pensar - Está tudo bem?
— Está - digo olhando para ele.
— Acalme-se - ele diz - Respire fundo e me fale o que te perturba.
— Não é nada, sério - digo me desvencilhando dele.
— Não quer que isso piore, quer?
— Não vai - digo enxugando-me.
— Se é assim que você quer que as coisas sejam - ele diz.
— Não existe outro modo - digo.
— Existe vários outros - ele diz - Você apenas não quer enxergá-los.
— Ótimo Philllip - digo me vestido - Podemos ir?
Não trocamos uma palavra o caminho todo até o hospital.
— Eu simplesmente não entendo - Phillip diz ao estacionar - Um minuto você é a pessoa mais feliz do mundo e no outro é a mais deprimida.
— Você deu um nome para isso - digo ainda com a cabeça encostada na janela.
— Eu sei - ele diz - Mas nunca senti o efeito disso. Estou tão confuso, quanto você, não sei se é melhor me afastar ou ficar perto, para caso você desmorone.
— Estou bem - insisto.
— Não tem nada bem - ele diz batendo as mãos violentamente no volante - Você não está bem, eu não estou bem, ninguém está bem.
— O que quer fazer sobre isso?
— Aceitar? Superar? Já disse que não sei - ele diz colocando a cabeça entre os braços.
— Precisa se acalmar - digo - Me ajuda quando estou com muitos pensamentos.
— Não sei ficar calmo - ele diz.
— Olhe nos meus olhos e respire fundo - digo segurando os ombros dele.
Ele faz o que digo repetidas vezes, até finalmente se soltar no banco.
— Você é uma pessoa incrível - ele diz deslizando o polegar sobre minha bochecha - Não duvide disso.
— Podemos ir? Preciso segurar Sammy - digo ignorando-o.
— Apenas se admitir que é uma pessoa incrível - ele diz.
— Estamos perdendo tempo - digo.
— Diga Rebecca ou não destrancarei a porta - ele diz.
— Sou incrível - digo - Agora vamos!
— Você precisa se convencer - ele diz.
— Preciso do meu bebê - digo abrindo a porta e saindo.
— Olá Srta. Monelise - uma das enfermeiras diz ao me ver.
— Como vai? - pergunto ao chegar perto dela - Preciso assinar alguma coisa?
— Deixa comigo - Phillip diz - Vai entrando.
— Dr. Albers o Dr. Garett perguntou se o senhor vai conseguir cobrir seu plantão - a enfermeira pergunta para Phillip.
— Diga que eu o encontro depois - ele diz assinando o papel e vindo até mim, ele põe a mão na minha cintura e me observa rir - O que foi?
— Gosto de te ver sendo o chefão - digo.
— Eu não sou o chefão - ele diz - Na verdade estou com problemas com o chefão, meu reitor não está muito feliz comigo.
— O que você fez? - pergunto.
— Deixei você feliz - ele diz beijando minha cabeça - Mas acredite valeu a pena.
— Ela está fazendo birra - digo quando chegamos perto de Sammy.
— Ela aprendeu com a melhor - ele diz lavando as mãos antes de tirá-la do Moisés - Tenho quase certeza que ela está pesando uns 5 kg.
— O exagero em pessoa - Carmen diz.
— Tente viver com ele - digo pegando Sammy em meus braços.
— Sou a melhor pessoa do mundo - ele diz.
— Sammy é a melhor pessoa do mundo - digo ajeitando os cabelos dela.
— Precisa de ajuda? - Carmen pergunta a me ver sentar na cadeira de amamentação.
— Acho que consigo sozinha - digo ajeitando Sammy no meu peito - Parece que peguei a prática.
— Se precisar de qualquer coisa estou ali - Carmen diz.
— Então mamãe - Phillip diz - Importa-se de eu me ausentar por alguns minutos?
— Pode ir - digo - Não vou sair daqui tão cedo.
— Deseje-me sorte - ele diz saindo.
— Não perca seu emprego - digo.
— Vou me esforçar.
Olho para os olhos azuis de Sammy que me encaram. E acaricio seus cabelos com meu polegar.
— Seu pai tem razão - digo - Você está ficando pesada. Talvez pesada de mais.
Chamo Carmen e a enfermeira me arruma uma almofada de amamentação.
— Eu não devia falar ainda - ele diz quando me ajuda a arrumar - Mas Samantha vai embora amanhã cedo.
— Ninguém ia me avisar? - pergunto - Preciso arrumar as coisas para recebê-la.
— É costume do hospital - ela diz - Faltava menos de 50g para ela atingir o peso, vou pesa-la depois dessa mamada e acredito que ela vai bater o número.
— Acho que pego meu apartamento amanhã - digo - Mas de qualquer forma posso arranjar um Moisés. Preciso falar com Phillip.
— Phillip é um péssimo confidente - ela diz - Meu emprego depende de que ninguém saiba que te contei.
— Tudo bem - digo - É uma notícia maravilhosa.
— Ela quer ir para casa - Carmen diz - Sei que ela sente sua falta, chora até dormir quando você vai embora.
— Somos duas então - digo acariciando o rosto de Sammy.
— Vocês são adoráveis juntas - ela diz.
— Nunca imaginei que eu estaria aqui - digo - Principalmente nessa fase da minha vida.
— As coisa nem sempre saem como imaginamos - ela diz - Mas em relação a vida é melhor mais uma do que menos uma.
— Você tem razão - digo.
— E você tem sorte por ter o Phillip - ela diz - E ele amadureceu muito por vocês duas.
— Aparentemente devia ter avisado que Sammy nasceu e receberia minha licença paternidade - Phillip diz entrando.
— Então foi melhor do que você pensava - digo.
— Muito melhor - ele diz - Agora você vai ter que me aguentar até o fim do mês.
— Deus dê-me paciência - digo.
— Ainda tenho que atender na clínica - ele diz - Mas sou seu por toda madrugada.
— Não que isso mude muita coisa - digo.
— Você realmente quer virar a madrugada sozinha com um bebê? - ele pergunta - Afinal Sammy sai amanhã.
— Como você sabe? - pergunto.
— Sou médico aqui - ele diz - E acho que você tem razão, também sou o chefão.
— Preciso comprar roupas para ela - digo - Sabe onde, nessa bagunça de despejo, ficou meu carro?
— Posso te levar ao Shopping - ele diz.
— Eu consigo dirigir - digo - Não sou uma invalida.
— Só por hoje - ele diz - Depois achamos seu carro, no meio dessa bagunça.
— Queria poder levá-la hoje - digo.
— Ela pode engordar - ele diz - Mas ainda é uma prematura e precisa de uma bateria de exame para sair.
— Isso é um saco - digo.
— É - ele diz - Mas não tem nada que possamos fazer a respeito disso.
— Ela parou de mamar - digo.
— Deve estar cheia - ele diz - Afinal já faz quase uma hora que ela está mamando.
— Mas ela não larga - digo.
— Ela sabe que se soltar você vai embora - ele diz.
— Ela não pode saber isso - digo.
— Me da ela - ele diz pegando Sammy da almofada, fazendo ela esgoelar - Ela não quer se separar de você.
— Me dê meu bebê - digo levantando e pegando Sammy no colo - Não faça ela chorar.
— Foi só um teste - ele diz.
— Não importa - digo ninando-a.
— Não vai acontecer de novo - ele diz.
— Não posso deixá-la - digo.
— Já passamos por isso ontem - ele diz.
— Phillip - imploro.
— Vou conversar com meu reitor - ele diz - Talvez consiga levar ela a noite.
— Muito obrigada - digo beijando-o.
— Mas você precisa comprar as coisas para ela - ele diz - Por isso precisa deixar ela aqui.
— Ok - digo.
— Vou falar com ele, e você me espera - Phillip diz.
— Vou ligar para minha avó e avisar que nossos planos foram adiados - digo.
— Não prometo nada - ele diz.
— Você consegue convence-lo - digo.
— Não espere muito - ele diz saindo.
Depois de ligar para minha avó, fico com Sammy em meu colo, ela dorme enquanto a observo.
— Não vai rolar - Phillip diz entrando - Ela vai ter q passar a noite aqui.
— Pelo menos será a ultima - digo.
— Saudades dos choros? - ele me pergunta.
— Você não tem noção - digo rindo.
— Tenho algo para te mostrar, mas teremos que nos despedir de Sammy agora - ele diz me deixando curiosa.
— Vai valer a pena? - pergunto colocando a cabeça dela em meu queixo.
— Você vai ver - ele diz pegando ela delicadamente nos braços para eu me levantar. Sammy abre um dos olhos ao perceber que mudou de colo.
— Você ouviu a voz do seu pai bobão - digo segurando a mãozinha dela.
— Ela me ama - ele diz - Não ama tanto quanto você tenta tirar a comida dela.
— Já disse que foi uma teoria - ele diz.
— Você não gosta das teorias do papai não é? - digo brincando com ela.
— Ela está fazendo aquela cara - Phillip diz.
— Papai quer trocar sua fralda? -digo rindo.
— Deixo essa honra para mamãe - ele diz.
— Fique tranquilo - digo me sentando na poltrona - Eu espero.
— Você é a pior pessoa do mundo - Phillip diz depois de trocar a fralda de Sammy.
— Eu carreguei ela e a alimento, é o mínimo que você tem que fazer, além do banhos, que nunca fizemos - digo.
— Não deve ser tão difícil das banho num bebê - Phillip diz.
— Sua tarefa - digo - Só não a afogue.
— Precisamos ir, tem horário - ele diz.
Pego Sammy dos braços dele e ela começa a resmungar.
— Não chora - digo balançando-a - Volto assim que você acordar. Não deixe as coisas mais difíceis.
Phillip chama a enfermeira e a colocar Sammy no colo dela, ela começa a chorar, um som estridente. Sinto meus olhos marejarem e tenho vontade de tomar meu bebê dos braços dela, mas antes que eu possa fazer isso Phillip me tira da sala.
— Precisamos ir rápido - ele diz chamando o elevador.
— Para onde? - pergunto.
— Você precisa confiar em mim - ele diz.
— Se voe enquadrou minha placenta, eu realmente não quero ver - digo.
— Eu nem sei o que aconteceu com sua placenta - ele diz me puxando para dentro do elevador - Devia ter colocado no seu smothie.
— Eu te mataria - digo.
— Você nunca desconfiaria.
— Sou mãe agora, sempre descubro - digo.
— Então mamãe, vou precisar cobrir seus olhos para não descobrir onde estamos indo até chegarmos - ele diz colocando a mão sobre meu rosto.
— Sério? - digo - Quanta maturidade.
— Não confio em seu olhos fechados - Phillip diz nos tirando do elevador e andando atrás de mim por um corredor.
— Sou a pessoa mais confiável do mundo - digo.
— E a mais mentirosa - ele diz rindo.
— Está me ofendendo.
— Você não espiaria? - ele pergunta.
— Provavelmente - respondo.
— Chegamos - ele diz ainda mantendo a mão em meus olhos - Preciso que não espie.
Ele tira a mão do meu rosto e encaixa algo em minha orelha, e então percebo onde estamos.
— Eu disse para não abrir - ele diz ao ver meus olhos.
— Elizabeth não vai achar ruim? - pergunto.
— Isso é tipo um aplicativo que ativa quando o feto sai? - ele diz rindo - Como você descobriu?
— Máscara - digo.
— Faz sentido - ele diz colocando uma em si mesmo - Venha.
Phillip me puxa até uma parede de vidro, vejo uma incubadora e um pequeno bebê dentro dela.
— Pensei que ele fosse maior que Sammy - digo.
— Sammy engordou 1/4 do peso que ela nasceu - ele diz - Ele perdeu mais de 1/3.
— Ele pesa 1kg? - pergunto.
— Aproximadamente - Phillip diz - Ele foi exposto a todas as possibilidades ruins, e elas aconteceram como uma cadeia, a
hipóxia, a prematuridade, a falta do aleitamento, a infecção.
— Sammy venceu todas as possibilidades e ele a perdeu - digo.
— Temos que levar em conta que apesar de ter gerado ele, no DNA dele conta genes de um casal com mais de quarenta anos - ele diz - Enquanto você está numa das fases mais férteis.
— Tenho 18 anos, não devia ter um bebê - digo.
— É muito mais fácil ter uma gravidez e um bebê saudável com 18 anos do que com 45 - ele diz - Sammy nasceria de 9 meses se não fosse pela hipóxia dele.
— Ele vai ficar bem? - pergunto.
— Não sei - Phillip diz - Isso foge totalmente da minha área.
— Espero que ele fique bem - digo colocando meus dedos no vidro.
— É tudo o que podemos fazer - Phillip diz me abraçando - Esperar.
— O que é aquilo? - pergunto.
— Na sonda? - ele diz e afirmo - Estão dando leite para ele.
— Não incomoda isso na garganta? - pergunto.
— Eu nunca usei, mas pelo o que eu aprendi o procedimento para colocar o tubo é simples, indolor, pode causar uma náusea fraca ou um desconforto na garganta ou nariz.
— Queria tirar ele de lá - digo - Aninha-lo em meus braços.
— Seu instinto de mãe está super forte - ele diz me apertando no abraço, coloco minha cabeça em seu peito e sinto o seu cheiro. Phillip enrola uma mecha, solta do meu coque, em seu dedo.
— Ele saiu de mim - digo - Como quer que o deixe aqui?
— Não quero - ele diz.
— Parece que as coisas sempre se complicam - digo.
— É a vida. Por mais que as vezes eu tente alivia-la.
— Alguém já morreu nas suas mãos? - pergunto.
— Nunca pergunte isso para um médico, principalmente dessa forma - Phillip diz - Mas não, porém já tive pacientes que morreram.
— Como você se sentiu? - pergunto.
— Minha vida continuou - ele diz - Eu meio que detectei o câncer dela, mas apesar de ter recomendado um incrível oncologista, tem coisas que nem os melhores conseguem fazer.
— Sinto muito - digo - Houveram outras?
— Razões circunstanciais, tipo acidente de carro, e coisas fora da minha especialidade - ele diz.
— Já pensou se alguém morre no meio de um parto? - digo.
— Por isso não faço partos - ele diz.
— Você fez o meu - digo.
— Sabe que eu sou ginecologista - ele diz - Meu pai é obstetra.
— O que acontece com o médico quando alguém morre sobre o controle dele? - pergunto.
— Por que essa curiosidade? - ele pergunta - Ninguém vai morrer nas suas aulas.
— Estava pensando, entrei nos cursos literatura mundial e inglês, o que acha que combina mais comigo?
— Essa é uma decisão sua - ele diz - Mas acho que devia fazer os dois.
— Não vou ter tempo para fazer os dois - digo - esqueceu que tenho um bebê?
— Agora você tem que se preocupar em terminar o colegial - ele diz - Depois decide sua grade.
— Será que eu vou ter que fazer outra prova para entrar? - pergunto.
— Não seria melhor estudar em casa? - ele pergunta - Você consegue se virar sozinha, seu pai pode te ajudar e apesar de ser uma tragédia em literatura posso fazer algo.
— Eu já disse Phillip, eu queria a sensação do ultimo ano, a beca, a formatura, a pressão dos professores - digo.
— Eles adiantaram três meses - Phillip diz - Mas de qualquer forma você teria que dar uma pausa.
— Acha que não vou poder voltar para a escola com um bebê? - pergunto.
— Você pode tudo - ele diz - Mas deve?
— Posso arrumar um berçário para Sammy.
— Um berçário? Rebeca ela tem dias - ele diz - Não tomou nenhuma vacina importante, nesse momento ela precisa da mãe dela.
— Posso voltar quando ela completar um mês - digo.
— Se você fizer isso vou trocar meus turnos - Phillip diz - Trabalho na clínica depois das 3h, pego o plantão da madrugada e pela manhã fico com Sammy.
— Quando você vai dormir? - pergunto.
— Ela tira cochilos o dia todo. Posso acompanha-la - ele diz - Se você não quer estudar em casa teremos de nos adaptar.
— Falando assim parece que a culpa é toda minha - digo.
— Suas decisões acarretam a vida dela agora e consequentemente a minha - ele diz - Não estou dizendo que isso é algo ruim.
— Que pressão - digo sorrindo.
— Rebecca precisamos ir, está quase no horário de visita da UTI - ele diz - Não queremos que sua madrasta cause um escândalo.
Descemos os andares e Phillip diz que não seria bom ver Sammy, mesmo que tenhamos ficado a distância de uma parede de vidro de Will.
— Quer ir para meu apartamento ou para o hotel? - ele pergunta quando estamos no carro.
— O hotel, seria melhor trocar de roupa, não é? - digo.
— Talvez seja a melhor opção - ele diz.
— Posso dirigir? - pergunto e ele me encara - Não dirijo desde de o dia que ela nasceu.
— Não faz tanto tempo assim - ele diz.
— Faz tempo que minha barriga não toca no volante - digo.
— Está fazendo chantagem emocional comigo?
— Não - digo - Mas você mesmo disse que sou uma adulta responsável, não mereço sua confiança.
— Está apelando - ele diz me dando a chave e abrindo sua porta. Phillip desce do carro e eu apenas pulo para o banco do motorista sentindo os pontos puxarem, ele entra no banco do motorista e não parece muito feliz - Existem apenas 15 desse no mundo, ganhei quando me formei, por favor tome cuidado.
— Quando vou tirar meus pontos? - digo dando partida.
— Rebecca sem conversar, foque na rua - ele diz.
— Eu estava pensando...
— Rebecca - ele praticamente grita me censurando e começo a rir.
— Eu sei dirigir - digo.
— Nunca tivemos essa experiência - ele diz - Então não tenho certeza.
— Nunca dirigi para você - digo - Sempre há uma primeira vez.
— Rebeca olhe o semáforo - ele diz e piso no freio.
— Eu tinha visto - minto.
— Você acabou com as todas - ele diz.
— Pare de drama - digo.
— Me devolva a direção - ele diz.
— Aproveite a viajem - digo.
— Controle seu pé no acelerador - ele diz.
— Phillip para - digo - Parece meu pau quando estava tirando a licença.
— Da para cobrir uma faculdade com o preço desse carro - ele diz - Por isso todo cuidado é pouco.
— Já dirigi o Porsche do meu avô - digo.
— Isso é um Lykan HyperSport - ele diz - Por favor vai devagar.
— Você deve ter muitos desses brinquedos - digo - Tem que aprender a dividir.
— Não quando ele custa 3,5 milhões de dólares.
— Seu carro vale mais do que eu? - pergunto.
— Claro que não, você está tendo suas oscilações de humor - ele diz.
— Sabe que Sammy pode vomitar aqui, não é? - digo.
— Sammy não vai andar em nenhum dos esportes, só no sedan - ele diz e o encaro - Por causa da cadeirinha.
— Sei - digo estacionando e descendo - Faça um bom proveito do seu carro.
Entro no hotel e Phillip me segue.
— Rebecca, pare de drama - ele diz.
— Eu sou a dramática agora? - digo já em lágrimas - Você prefere uma estúpida caixa de metal a nós.
— Eu gosto dos meu carros - ele diz segurando meu rosto - Mas eu amo vocês, e só porque não quero um risco na lateral não signifique que eu te ame menos.
— Mas e Sammy? - pergunto.
— Mal cabe uma pessoa no banco traseiro - ele diz - quem dirá um bebê conforto.
— As vezes parece que você se acha superior por ter dinheiro - digo.
— Sua conta bancária é maior que a minha.
— Mas eu nunca mexi nela - digo.
— Não precisou, seus avós te dão tudo o que você quer - ele diz.
— Está me chamando de mimada?
— Estou falando que não somos tão diferentes - ele diz.
— Você me ama? - pergunto.
— Eu estaria mentindo se falasse que te amo mais que tudo, Sammy tem esse posto, mas te amo tanto quanto - ele diz.
— Tudo bem, também amo ela mais que você - digo.
— São amores diferentes - ele diz.
— Eu nunca me entreguei a ninguém como a você, nem mesmo a Peter - digo - Mesmo sem ter me entregado fisicamente.
— Eu nunca pensei que sentiria algo tão grande por uma garota que nunca transei - ele diz - Tinha uma má fama na faculdade.
— Acho que isso é bom - digo - Nunca tive conversas profundas com meu ex, o conhecimento dele se limitava a futebol.
— Nunca tive conversas profundas com minhas ex-namoradas - ele diz - nossas conversas se limitavam a cama.
— As pessoas estão nos olhando - digo.
— Não importa - ele diz olhando dentro dos meus olhos.
— Eu te amo - digo.
— Eu te amo - ele diz em resposta me beijando.
— Percebeu que eu fui do céu ao inferno? - digo quando nós separamos.
— Você tem feito muito isso - ele diz - Mas tudo bem, sei que tudo está confuso dentro você.
— Vai trabalhar hoje? - pergunto.
— Tenho consulta no fim da tarde - ele diz.
— Vou pedir um Uber para ir comprar as coisas de Sammy - digo.
— Eu te busco - ele diz.
— Não precisa - digo - Cuide de seus assuntos médicos. Estou te empatando a algum tempo.
— Eu não me importo - ele diz.
— Eu me importo - digo - Nos vemos mais tarde.
Dou-lhe um beijo e vou rumo ao elevador, mexo meus dedos em sinal de tchau para Phillip que me olha com cara de derrotado no hall.
Subo até o quarto, reprimindo a felicidade que sinto por saber que logo meu bebê estará comigo.

...

К сожалению, это изображение не соответствует нашим правилам. Чтобы продолжить публикацию, пожалуйста, удалите изображение или загрузите другое.

К сожалению, это изображение не соответствует нашим правилам. Чтобы продолжить публикацию, пожалуйста, удалите изображение или загрузите другое.

К сожалению, это изображение не соответствует нашим правилам. Чтобы продолжить публикацию, пожалуйста, удалите изображение или загрузите другое.

К сожалению, это изображение не соответствует нашим правилам. Чтобы продолжить публикацию, пожалуйста, удалите изображение или загрузите другое.

Olá meus amores, Como estão???Admito que fiquei com preguiça de revisar esse capítulo, então se tiver algum erro grave me avisem

К сожалению, это изображение не соответствует нашим правилам. Чтобы продолжить публикацию, пожалуйста, удалите изображение или загрузите другое.

Olá meus amores,
Como estão???
Admito que fiquei com preguiça de revisar esse capítulo, então se tiver algum erro grave me avisem

Mt obg por ler
Amo vcs

Bj Bj
Ana

Por AmorМесто, где живут истории. Откройте их для себя