Cansaço

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Me apoio na janela e olho a chuva cair pela janela.
— Ela dormiu - Phillip diz chamando minha atenção.
— Meu coração parte de deixá-la sozinha no quarto - digo.
— Ela não parece se importar - ele diz me abraçando por trás.
— Eu me importo - digo.
— Eu sei - ele diz.
— Odeio chuva, fazem a sensação térmica despencar - digo.
O interfone toca e Phillip se separa de mim.
— Acha que Jackie vai achar ruim comer pizza de novo? - ele me pergunta.
— Jaqueline nunca se importa de comer pizza - digo.
— Lorenzo quer conhecer Sammy, podíamos ir comer na Pizzaria qualquer dia.
— Não vou ficar a quilômetros de distância daqui poucos dias? - digo.
— Você se importa de comer pizza mais de duas vezes na semana?
— Eu não me importo, mas meu corpo sim, não estou com moral para ficar comendo pizza - digo.
— Você está linda - ele diz pegando as chaves.
— Estou 9kg a cima do meu peso - digo.
— Você disse que estava com isso quando ela nasceu - ele diz - Deve estar pesando menos.
— Meu amor, não vamos discutir meu peso - digo.
— Vou pegar a pizza e Derek me mandou mensagem dizendo que está estacionando - Phillip diz saindo.
Ele volta trazendo uma caixa imensa e Derek.
— Olá Rebecca. Como está? - ele me pergunta.
— Bem.
— Que ótimo - ele diz tão sem assunto quanto eu.
— Onde está Jackie? - Phillip pergunta.
— Presa no trânsito - digo.
Phillip tenta puxar assunto mas permaneço quieta.
Jackie me liga e dou graças a Deus.
— Ei, onde está? - pergunto.
— Acabei de chegar, estou ensopada - ela diz - E ainda nem sai do carro.
— O porteiro já te conhece - digo.
— Estou tomando coragem para descer - ela diz.
— Precisa que eu leve um guarda chuva? - pergunto.
— Não - ela diz - Parece que diminuiu, deseje-me sorte.
Jackie encerra a ligação, e logo ouço o interfone.
Mas antes que ela entre no apartamento, ouço o leve choro do meu bebê. Vou até o quarto de Sammy e a encontro de olhos abertos, resmungando.
Resisto a tentação de pega-la, pois sei que se ela sentir minha presença irá começar a gritar de verdade.
— Está tudo bem? - Phillip pergunta vindo até mim - Jackie chegou.
Coloco meu indicador nos lábios e o empurro pra fora do quarto. Na parede, escorrego até meu quadril encostar no chão.
— Estou cansada - digo.
— Eu sei - Phillip diz sentando a minha frente.
— Tantas coisas estão passando pela minha cabeça - digo.
— Como o quê? - ele pergunta.
— Em um minuto ela está aqui, em outro pode não estar - digo - E há tantas coisas que podem tirar ela de mim.
— Eu te garanto meu amor, nada vai tirar Samantha de você - ele diz engatinhando até mim.
— Como pode garantir isso?
— Ainda tenho alguns truques na manga - ele diz me abraçando e beijando minha cabeça.
A porta abre e ouço a voz de Jackie.
Phillip se levanta e me puxa pelas mãos.
Encontro Jackie ensopada no capacho.
— Parece que a chuva te pegou - digo.
— Não tinha diminuído.
Phillip pega um toalha e joga para ela.
— Acho melhor trocar de roupa, pode ficar resfriada - digo.
— Estou bem mamãe - ela diz - Só preciso de uma garrafa de cerveja.
— Nada aquece mais que uma garrafa de cerveja praticamente congelada - digo me jogando no sofá.
Jackie forra o sofá com a toalha antes de se sentar do meu lado, Phillip entrega uma garrafa para ela, que bebe sem cerimônias.
— Só está falando assim porque não pode beber - ela diz - Quem está jogando.
— Giants contra Raiders - Derek diz.
— LA contra NY - Jackie diz antes de morder um pedaço da fatia de pizza.
— Os Raiders vão vencer - Phillip diz sentando-se ao meu lado.
— Quanta certeza doutor - Jackie diz - Aposto que os Giants vão dar uma surra nessas hollywoodianos.
— Quanto? - Phillip pergunta.
— Sério? - Jackie pergunta.
— Quanto vale sua certeza?
— 100 dólares - ela diz.
— Que o melhor time vença - Phillip diz pegando a carteira e colocando uma nota de cem na mesa de centro.
— Aceita cartão? - Jackie pergunta - Esquece, vou ganhar mesmo.
— Veremos - Phillip diz.
— Vocês são uns idiotas - digo.
— Quer mudar a aposta? - Phillip pergunta.
— A única coisa que me interessa nesse momento são fraldas - digo.
— Pra mim é inútil apostar fraldas, vou ter que comprar de qualquer jeito - ele diz.
— Não disse que precisava fazer isso - digo.
— E eu já sou a melhor madrinha do mundo, não vale levar Sammy como prêmio - Jackie diz.
— O melhor pai do mundo concorda - Phillip diz brindando sua garrafa com a de Jackie - Tome.
— Não vou beber - digo.
— Rebecca, eu sei que você quer - ele diz.
— Sammy depende de mim - digo.
— A próxima mamada dela é só em 4h, o álcool já vai ter saído do seu corpo - ele diz.
— Melhor não - digo mordendo meu lábio inferior.
— Confie no meu diploma, você pode beber até uma lata de cerveja se for amamentar só depois de duas horas - ele diz colocando a garrafa na minha mão.
— Não vai secar meu leite? - pergunto.
— Não, só vai dar uma brisa na Samantha, o que seria ótimo para minha madrugada - ele diz e encaro-o com a sobrancelha erguida - É brincadeira, ela vai acordar nos mesmos horários porque não vai mudar nada para ela.
— Vou confiar em você - digo deixando o líquido amargo escorrer para dentro de minha boca.
— Jamais prejudicaria vocês - ele diz me apertando no abraço e tomando da garrafa em minhas mãos.
— De qualquer forma - digo - Congelei leite, antes de irmos para seus pais, prefiro que dê para ela.
— Que eu dê?
— Sim melhor pai do mundo - digo - Ás 3h da manhã.
— Papai acorda cedo amanhã - ele diz.
— Mamãe também - digo.
— Não vou discutir com você - ele diz - Dou o leite.
— Que bom que entendeu - digo dando leves tapas em seu peito.
— Vai começar - Phillip diz colocando o indicador nos meus lábios, delicadamente me mandando ficar quieta.
Passa-se dez minutos dum silêncio insuportável, olho para os lados e vejo todos concentrados na televisão. Nesse meio tempo, dou diversas goladas na garrafa de Phillip. Até que a babá eletrônica transmite o choro agudo de Sammy.
Levanto-me e Phillip me puxa.
— Eu vou - ele diz.
— Faço questão - digo me desvencilhando dos dedos dele e indo até o quarto cor de rosa - Você me salvou.
Sammy soluça ao ouvir minha voz.
— Estava presa num limbo - digo pegando-a - Não tem noção de quão ruim foi, parece que seu pai não entende como estou cansada.
Troco a fralda, razão do choro e a aninho em meus braços.
— Aprendi a parecer forte - digo para ela - Mas faço disso um disfarce, devia ter sido mais sincera com o papai.
— Ele devia ter percebido - Phillip diz ao aparecer na porta segurando a babá eletrônica.
— Tenho que me atentar ao que eu falo - digo sentando-me na cadeira de amamentação.
— Tenho que me atentar a seus sentimentos - ele diz - Você está passando por um puerpério pesado e ainda fico te pressionando.
— Você nunca me pressionou - digo.
— Minha conduta estúpida é por tentar encaixa-la num perfil estereotipado de namorada - ele diz - Fiz isso sem pensar, desculpe-me.
— Tudo bem - digo - Cedo ou tarde veria que eu não me encaixo nesse perfil.
— Porque você é perfeita - ele diz sentando no puff.
— Não, porque estou muito longe de ser perfeita - digo - E você também. Somos imperfeitos juntos.
— Tenho que perder esse péssimo hábito de assumir o controle das coisas - Phillip diz massageando meus pés.
— Você tem um ótimo exemplo pra esse hábito - digo.
— Os homens da minha família tem o costume de ser uns canalhas - Phillip diz - Já faz um tempo que me esforço em não ser um babaca.
— Tem a possibilidade de alguma ex te xingar na rua?
— Mais provável elas me processarem - ele diz.
— O que fez sua visão mudar? - pergunto.
— Levar um pé na bunda, em vez de ser quem dá.
— Gostaria de conhecê-la - digo.
— Acho que ela nem deve se lembrar de mim - ele diz - Como não lembro de muitas que chutei.
— Eu cresci num lugar onde mãe não tinha o real valor da palavra - digo - É como se eu tivesse usado algo tão poderoso em vão.
— Elizabeth é doida - Phillip diz - Meu pai é apenas mais um alienado duma ideologia, como já fui.
— Vamos dar uma família diferente para ela, não é?
— Vamos cometer erros - ele diz - Mas espero que ela aprenda com eles, e não os repita.
— Pra isso servem os pais - digo.
— E pra nós fazerem passar vergonha - ele diz rindo.
— Primeiros crushs que nos aguarde - digo.
— Vou fazer da vida desses meninos um inferno, só o melhor vai sobreviver.
— Ou meninas - digo - Será que tenho que pesquisar sobre o assunto?
— Estamos nos precipitando - ele diz - Vamos apostar se ela fala mamãe ou papai, antes de conversar sobre orientação sexual.
— Falando em apostas, está perdendo o jogo.
— O jogo está ganho - Phillip diz pegando Sammy - Não preciso estar lá para garantir.
— Eles não vão se sentir mal por termos os abandonado? - pergunto.
— Vão ficar bem - Phillip diz - Você quer um body dos Raiders, não é princesa.
— Depois peça para Jackie ir no nosso quarto, acho que vou deitar - digo.
— Nosso quarto - ele repete como se experimentasse as palavras.
— Não esqueça da mamadeira da Sammy - digo beijando-o.
— Ela vai me avisar - ele diz aninhando-a no braço para fazê-la dormir - Não deite de bruços.
— Não vou - digo - Boa noite meu amor.
— Boa noite mamãe.
Vou até o quarto e tiro minhas roupas pesadas, deito apenas com uma regata e o sono me atinge antes que eu perceba.

...

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Olha quem apareceu,

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Olha quem apareceu,

Tenho certeza que uma parcela de vcs acharam que essa publicação seria um anúncio de encerramento, mas não, eu prometi ir até o final e vou fazer isso, e você podem ver que ainda falta um pouco para chegarmos lá.
O que aconteceu nos últimos dois meses que Por Amor hibernou???
Tive bloqueio, razão simples e comum. E vou admitir algo para vocês, foi maçante escrever esse capitulo, espero que não tenha ficado chato de ler. Por essa razão decidi que depois do próximo capítulo que tenho uma base para montá-lo vou fazer um hiatus, ainda vou decidir o tempo, mas na próxima próxima publicação eu aviso e nesse tempo pretendo escrever uma quantidade considerável e não deixar vocês sem a história.
Nesse meu bloqueio com a Rebecca comecei a escrever uma outra história que estava se desenvolvendo bem até agora, planejo posta-la depois que iniciar o hiatus de Por Amor. Se vcs quiserem posso por a "sinopse" no próximo capítulo.
Outra coisa que aconteceu nesse meio tempo foi que minha priminha nasceu

 Outra coisa que aconteceu nesse meio tempo foi que minha priminha nasceu

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Ela também se chama Rebeca, e é a coisa mais gostosa desse mundo.

Espero que tenham entendido minha demora, e que também entendam minha filosofia para o hiatus, se eu não estou aproveitando a escrita acredito que vai ser um saco para vocês lerem.

Volto assim que der
Amo vcs
Bj bj
Ana

Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora