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Restavam apenas alguns minutos para que o ponteiro do relógio atingisse exatas três da manhã, e ao contrário do que a maioria das pessoas fazem a essa hora, Louis andava de um lado para o outro em meio a sala com uma expressão nervosa em seu rosto. O barulho do chão de madeira rangendo abaixo de seus pés apenas ajudava para aumentar seu enfurecimento, e era desse jeito que as últimas noites do ômega haviam sido; atormentadas.

A sala de estar se iluminava apenas com a luz do abajur e a quase imperceptível claridade que vinha da lua. Não havia um motivo aparente para ele não acender a luz da sala toda, mas de algum modo a escuridão o ajudava a se concentrar na decisão que ele deveria fazer até a manhã seguinte.

Para a maioria das classes, entre betas, alfas e ômegas, era simples de se escolher; sim ou não. Mas de algum modo, ele odiava os olhares que provavelmente iria receber por ser um ômega, ou o modo que iria ser tratado ao ser visto como um indefeso. Até mesmo ele havia ficado surpreendido que o tinha aceitado, mas não se podia negar que talvez sua personalidade extrovertida e irônica o tenha confundido com um beta.

Não tinha nada errado para ele em ser aceito, mas a felicidade que sentiu no momento veio acompanhada de frustração. Sim, frustração, Louis achava muito estúpida a ideia de que os ômegas eram inferiores aos outros, era óbvio que em questão força, qualquer alfa ganharia, mas quem disse que força é relacionada a inteligência? Sociedade hipócrita. Assim Louis pensava, e além disso, os Alfas nem poderiam falar esse tipo de besteira se não tivessem nascido. E aliás, de onde eles nasceram? De algum ômega ou beta que teve condições de resistir a um parto, já que os dos betas são bem mais difíceis do que os dos ômegas, mas isso eles não levam em consideração.

Louis continuou com os seus pensamentos até decidir que iria sim a trilha, ele iria mostrar que aquele esporte não era somente destinados a alfas e betas, e sim que um ômega poderia muito bem fazer o mesmo trajeto e ainda se sair melhor que todo o grupo. Aliás, o que poderia acontecer em uma trilha? Claro, além de alguns arranhões e picadas.

O garoto então, pegou seu celular decidido e entrou em seu email, procurando conferir o endereço de onde a van iria o esperar para todos partirem até o interior da cidade onde havia a floresta que abrigava o caminho.

Com um sorriso confiante no rosto, foi andando até seu quarto enquanto configurava seu celular para despertar as sete e meia da manhã, abriu seu aplicativo de musicas no aleatório e se deitou, logo desligando o abajur beje em cima da pequena estante, e em poucos segundos adormeceu.

No dia seguinte, Louis acordou com o susto dado pelo som estridente do celular que, mesmo depois de praticamente tocar e deslizar o dedo para todos os cantos do celular, o mesmo insistiu em continuar tocando. Após checar o horário e perceber que não estava tão atrasado, enrolou um pouco na cama, até decidir se levantar e ir fazer sua higiene matinal. As vezes ele odiava ter que tirar o pijama, mas sua mãe sempre trazia visitas supresas, então ele se acostumou a estar pelo menos com uma roupa razoável do dia a dia.

"Bom dia, mãe". Cumprimentou Johanna com um sorriso após descer das escadas praticamente correndo, e dando um beijo na bochecha da mais velha, se sentou na mesa, passando a observar sua mãe que se encontrava preparando o leite dos gêmeos.

"Bom dia, filho". Sorriu a mulher e aproveitando que o mesmo estava ali, entregou as duas mamadeiras para Louis que rapidamente entendeu o recado e as pegou, indo até os gêmeos que se encontravam brincando no tapete de alguma brincadeira que Deus, nem eles pareciam entender.

O garoto então se ajoelhou perto dos dois e dando seu melhor sorriso, entregou a mamadeira nas mãozinhas deles, que apenas abriram a boquinha com poucos dentinhos e sorriram com a presença do mais velho, antes de começar a chupar o bico da mamadeira agitados.

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