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Harry nunca esteve tão cansado e machucado em toda sua vida, tanto interiormente, quanto no exterior. Apesar de tudo, a angústia que habitava seu peito era com toda a certeza a que mais doía. Ele estava exausto, e sentia como se todos os seus ossos estivessem sido quebrados naquela semana. Talvez aquilo fosse seu castigo, no final das contas. Mas mesmo se fosse, não seria nem um por cento do que ele realmente merecia.


O alfa não tinha mais força pra nada, e percebeu isso quando acordou naquela manhã, sem o cheiro de Louis exalando da forma que estava nos últimos dias. Surpreendentemente ele suspirou aliviado, porque ele provavelmente não conseguiria mais se aguentar caso aquilo continuasse por um dia inteiro, ele já cogitava enfiar sua cara dentro da neve pra ver se aquilo disfarçava o cheiro do ômega. Ele se sentia tão cansado, sujo, com fome e principalmente frio, que ele nem conseguia aguentar seu próprio corpo em pé enquanto  sua mente berrava pelo calor de Louis.


Ele se encolheu, finalmente entendendo o sentimento que Jack sentiu quando estava boiando no mar em pleno filme do Titanic, preferindo salvar Rose mesmo que sua decisão custasse ficar ali, sentindo frio, fome e tudo o que era possível, desde que ele tivesse apenas uma certeza: ele ficaria bem. Era isso que importava, Louis estava bem, nenhum daqueles lobos que surgiram durante a semana, nem mesmo a alcateia conseguiu chegar perto dele, mesmo que isso resultou em um Harry com o tornozelo praticamente moído por causa de um lobo que o segurava por ali com força nos caninos para outro atacar, além de muitas escoriações, mordidas e arranhões.

Styles encarou o céu de onde caia tanta neve, e então teve a certeza de que nada o salvaria. Ele nem ao menos merecia qualquer misericórdia, mas não deixou de implorar baixinho para que ao menos conseguisse se transformar em lobo, porque sabia que em forma humana ele nunca sobreviveria aquele frio, e além disso desejou que Louis estivesse ali, pelo menos uma última vez. Isso tudo foi antes de uma rajada de vento atingir suas costas, e um arrepio intenso tomou conta de seu corpo antes que perdesse a consciência, caindo contra a neve desacordado.

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As pálpebras de Louis estavam tão pesadas que ele podia jurar que levou pelo menos uma hora para conseguir mantê-las abertas, e quando finalmente conseguiu, ele desejou dormir por pelo menos um mês. O ômega sentia dores por todo seu corpo, de uma forma que nunca havia sentido antes. Ele queria chorar de vergonha, esperando que Harry não tivesse o ouvido, e também de alívio, já que nada escorria da sua bunda, e ele não precisava sentir nada dentro de si para se aliviar, ao contrário do que todos falavam; ele se sentia melhor se virando sozinho do que pagando alguém desconhecido para apenas enfiar seu órgão genital dentro de si, chegava a ser repugnante.

Louis demorou pelo menos umas duas horas arrumando coragem suficiente para levantar da cama, e foi tomar um banho descente que ele não tomava a uns bons dias enquanto gemia de dor a cada movimento que ele dava, e ele realmente não queria se lembrar de que posição/coisa deveria ter feito para chegar naquele nível de dor, e estava feliz por não lembrar, de verdade. Quando ele saiu, não teve outra opção a não ser colocar roupas quentes de Harry que estavam sempre a sua disposição. Depois da briga que ele teve com o mesmo, descobrindo toda a verdade, ele só queria se afastar e nunca mais olhar na cara dele, mas ele ainda precisava sair dali e o alfa era o único que sabia, então não havia muita opção no momento.

Quando o ômega saiu do quarto, não havia barulhos, luzes acessas ou qualquer coisa que denunciasse que Harry estivesse ali, o que era algo realmente estranho pois Louis conseguia ver a neve caindo do lado de fora, então obviamente ele não estaria cuidando das plantas. Mas ele continuava sentindo algo que não sabia explicar, e foi quando um choro baixo foi ouvido pelo outro lado da porta que sua atenção foi abruptamente redobrada. O ômega então se moveu até a porta, e no momento em que a abriu quase caiu para trás ao ver um lobo grande cheio de feridas e todo o tipo de machucado, com uma das patas parecendo quebrada. Louis estava estático, conseguindo dar apenas dois passos para trás que quase o fizeram tropeçar no sofá de medo da imagem em sua frente. O animal nem se moveu, e bom, morto ele não estava, pois mortos não choram, mas ele vivo também não era uma das melhores notícias.

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