Capítulo 2 - Não foi um pesadelo?

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Passaram-se vinte dias desde que a Alexandra se foi, não há notícias nem pistas do crime, para a polícia se não houvesse sinais de que ela antes de morrer teve relações sexuais aposto que iriam encerrar o caso e dizer que foi suicídio, a única coisa que sabemos é que o assassino estava de botas naquela noite, desde aí morro de medo de homens que usam botas, o que "melhora" a situação é: o meu vizinho misterioso usa botas a maioria das vezes.

Desde a morte da Alexandra nunca mais fui a nenhuma festa, tenho pesadelos todas as noites e mal consigo dormir por causa dos mesmos e estar nas aulas é a mesma coisa que não estar, as nossas amigas bem tentam que eu me ria e volte a ser a mesma croma que todos gostam, mas é impossível, perdi a minha melhor amiga, como querem que eu ande feliz? Simplesmente não dá para fazer isso, a única pessoa que me entende é o porteiro porque conhecia tão bem como eu a minha Alexandra.

Os dias depois daquela noite horrível são basicamente a mesma coisa: acordar, tomar banho, comer, universidade, casa, comer e dormir e no dia seguinte a coisa repete-se.

Hoje para variar vem uma rapariga cá a casa para ver se quer ficar com o quarto da Alexandra, no inicio a situação não me agradou, eu tencionava deixar o quarto dela tal qual como ela o deixou quando saiu de casa pela última vez, mas dessa forma iria ter de sustentar um apartamento sozinha mais as despesas da universidade, ou seja, é impossível, tive que limpar o quarto dela deixando só a mobília.

 

Flashback

Entrei no quarto dela com bastante receio porém já estava a chorar, há dias que não fazia outra coisa.

-Porquê? – Falei sozinha. – Porquê? – Berrei. Sentia bastantes saudades da Alexandra e essas não poderiam ser aliviadas, nunca mais a ia voltar a ver, sentir, tocar, cheirar, nada.

Deitei-me na cama da Alexandra a chorar e o cheiro dela estava entranhado na sua almofada fazendo-me lembrar de todos os momentos vividos com ela e o meu choro passou para berros descontrolados, eu estava sem noção de nada, só queria que ela voltasse para me consular, eu não me importava que fosse em forma de espírito, alma penada ou tipo Cristo com chagas, eu só a queria ver, ouvi-la dizer que está tudo bem e que tudo isto não passa de um pesadelo.

-Menina Sofia? – O porteiro estava mesmo à minha frente e eu nem tinha dado conta das portas se abrirem.

-Senhor Gomes! – Abracei-me ao porteiro esquecendo a idade dele e quem ele era, eu só precisava de alguém.

-A menina não pode estar assim, a vida continua!

-Não dá! Eu não sou ninguém sem ela!

-É sim! É aquela moça alegre, sempre bem-disposta, refilona e curiosa cá do prédio!

-Acho que essa pessoa que o senhor Gomes está a falar morreu há dias…

-Nem pense, vocês eram muito parecidas, mas a menina ainda está viva, tem de continuar as coisas, tem de acabar o seu curso, arranjar namorado, procurar emprego…

-Esqueça… Não diga nada, isto já passa! Ajuda-me a levar as coisas da Alexandra para o meu quarto?

-Claro! – Começamos a mexer nas coisas dela e eu não conseguia parar de chorar.

Fim do Flashback

Eram três da tarde quando a minha campainha tocou, dirigi-me até à porta.

-Quem é?

-É o porteiro! Tenho aqui a sua futura companheira de casa. – Ele falou calmo.

 Abri a porta não demonstrando nenhum sentimento nem expressão.

OUT OF MY CONTROLOnde histórias criam vida. Descubra agora