Capítulo 6 - Nos olhos dela

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Ao longo do tempo a dor começa a ser como um calo nos pés; é desconfortável mas ou habituamo-nos ou simplesmente vamos ao podologista e tratamos dele.

Eu optei por ir ao “podologista”!

Comecei a tratar esta dor que me agoniava desde a partida da Alexandra, o facto de não voltar a falar com ela, estar com ela, não a ver mais matava-me por dentro, mas por fora ninguém precisa de saber que ando realmente mal, e mesmo eu, estou farta de me sentir assim, vou começar a pensar positivo, deixar de ter medo de agir, vou ser a típica: vida louca.

-Vou sair Becca! – Falei da cozinha enquanto comia um pão.

-Como vais sair!? É dia de semana, amanhã temos aulas! E tu tens frequência! – Mais parecia a minha mãe a falar.

-É só de tarde, até lá posso dormir!

-E as outras aulas!?

-Poupa-me! Queres vir?

-Não, vou ficar a estudar! – Visto que ela não queria sair, eu também não a ia obrigar.

Fui até ao quarto, vesti algo simples: umas calças brancas justas, umas botas da mesma cor que a camisola e depois coloquei uma camisa de ganga para dar um certo contraste. Encaracolei um pouco o meu cabelo e não me maquilhei, não queria dar muito nas vistas, pois ia sozinha, quanto menos chamasse à atenção, melhor.

Ao sair do quarto embato com o pé no meu caixote do lixo e reparo na folha amarrotada onde tinha idealizado algumas teorias parvas, com os motivos pelo qual as minhas amigas andavam a morrer.

Peguei na folha e sinceramente eu acho que tinha razão em algumas coisas. Mas é melhor não me meter mais no assunto, mas dediquei-me a outro. A Alexandra andava cheia de curiosidade para saber quem é o nosso vizinho novo, e por mais estranho que seja, eu ainda não lhe consegui ver a cara, mas de facto, tem umas costas muito belas, largas nos ombros.

Desta vez deixei a folha amarrotada na minha secretária e finalmente saí do quarto.

-Até logo! – Disse à Becca.

-Juízo! – Adorava saber porque é que ela diz sempre as mesmas coisas que a minha mãe quando saio de casa.

-Sempre! – Beijei-lhe a testa e sai que nem uma borboleta até aporta.

Como sempre a porcaria do elevador estava vazio, eu sonho com o dia em que ele abra para eu entrar e me depare com o vizinho misterioso.

Reparei que o Senhor Gomes não estava na portaria, decidi entrar para o cantinho onde ele costuma estar, ao sentar-me na sua cadeira, olhei em frente vi as caixas de correio, a minha parecia não ter nada mas mesmo assim levantei-me e fui abri-la.

-Ok, que lindo estamos a pagar mais pela luz! – Reclamei sozinha e o Senhor Gomes apareceu de repente o que e assustou. – Isso não se faz!

-Peço desculpa menina! – Ele sorriu. – Já viu quem é que tem correio? – Ele sorriu.

-Eu! – Disse de forma sarcástica e ele sorriu e olhou para a caixa de correio acima da minha. – Ei… Deixe-me acompanhar o pensamento! É do vizinho? – Sorri.

-Sim! Tenho para mim que ele só vem buscar a correspondência às altas horas da noite, nunca o vi aqui. – Sorri maléfica, nem parecia eu.

-Se me dá licença! – Enfiei a mão dentro da caixa o máximo que consegui.

-Menina! Não vai fazer isso, ou vai?

-Ai… Se não quer ser testemunha feche os olhos!

O Senhor Gomes tentou-me impedir, mas eu estava demasiado curiosa, eu tinha de fazer isto pela Alexandra, eu no inicio não estava curiosa mas depois de tudo isto parece que me aproxima de certa forma da Alexandra e ajuda-me a não pensar na Cristina.

OUT OF MY CONTROLWhere stories live. Discover now