Capitulo 9

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Nos últimos dias as coisas na mansão Salinas mudaram bastante, a paz é algo que raramente se ver por lá. Um verdadeiro campo de guerra, essa é uma pela frase para definir as coisas na mansão. E quem ganhava a batalha invisível que ambos travaram, era o Joege, a sua indiferença, arrogância, ele esgava irreconhecível, o piloto sempre foi muito conhecido por seu bom humor, e por sua simpatia e estava sendo uma surpresa para todos o ver agindo friamente com as pessoas.

- O Jorge esta me surpreendendo cada dia mas, achei que ninguém conseguia ser tão ignorante quanto a minha sogra, mas o Jorge...

Luna parou de falar, ficou paralisada ao observar o quarto da amiga, estava escuro, e tinham algumas coisas no chão. Já era 15:30 e Sílvia ainda não tinha levantado, estava coberta dos pés a cabeça, a loira aproximou-se da cama da amiga, sentando ao seu lado.

- Hey - ela disse enquanto passava a mão pelos dois castanhos da amiga - vamos lá, da ultima vez que eu vim aqui você também estava deitada nessa cama, não acha que já esta na hora do levantar?

- Não quero levantar- a castanha disse com um pouco de dificuldade, por causa da falta de alimentação - só quero ficar aqui deitada e quieta no meu canto.

- O que houve aqui nesse quarto?- Luna perguntou olhando um pouco assustada para a visão do quarto "sombrio".

- Ah, o meu marido bebeu ontem, ele veio aqui e nós discutimos, dissemos coisas horríveis e quando ele foi embora eu fiquei com tanta raiva que acabei quebrando algumas coisas.

- Silvia, ele te fez algo? Te bateu? - ela perguntou preocupada.

- Não, só discutimos e foi horrível, eu preferia que ele tivesse me batido.

- Cala a boca, você provavelmente não aguentaria um soco do senhor dragão.

- Senhor dragão?- Silvia perguntou confusa.

- Ah, o novo apelido do seu marido, e também tem outros, mister simpatia, Dr. Ogro, entre outros, mas o que eu mais gosto é o senhor dragão.

A castanha sorriu, nas última semana essa foi a primeira vez que sorria verdadeiramente para alguém. Ela tinha entrado em um estado deplorável, não comia havia dias, ela só ficava tracada no quarto, não havia nenhum motivo para sair dele, não havia ninguém para tirá-la dele, a única pessoa que poderia fazer isso, não queria vê-la.

- Você esta se alimentando?- a loira perguntou, enquanto abria as cortinas, trazendo um pouco de luz para o quarto.

- Argh! Fecha isso, essa luz toda esta me incomodando - a castanha reclamou se encolhendo  dentro do imenso edredom.

- Você não respondeu minha pergunta.

- Não, bom, eu não faço a menor ideia de como se cozinha - ela falou dando um sorriso amarelo.

- Silvia, você tem uns dez empregados lá embaixo, é só estalar os dedos que vai aparecer alguém para  cozinhar para você.

A castanha começou a sussurrar coisas que a Luna não conseguiu entender, ou talvez não fosse para ela entender.

- O que?

- Os empregados não recebem mais nenhuma ordem minha, e bom caso algum deles se atrever a fazer algo que eu mande, o Jorge o manda embora, nem a dona Virgínia esta recebendo ordens minhas- Sílvia limpou algumas lágrimas que caiam por seu rosto.

- Que desgraçado!!

- Pois é, ao que parece, só tem a Virgínia aqui e ela só vem para fazer as refeições dele e só, a Jhenny está na casa de campo de um amigo, então ela só faz a porção de comida dele e nem é todo os dias, às vezes ele compra.

- E por que você não faz o mesmo? Você é rica, nossa empresa fatura milhões e você aqui se submetendo a isso.

- Talvez porque eu ache que mereça.

- Não fala bobagem, e como o Jorge pode fazer isso, e aquele imenso amor que ele dizia sentir por você?!

- Eu o vi chorando  na segunda feira - Silvia disse fugindo do assunto - escutei um barulho e fui olhar, me deparei com ele chorando abaixado no chão do escritório, está tão mal e isso me deixa péssima porque se tinha uma pessoa que eu não queria machucar, era ele.

- Eu vou falar com aquele filho da puta, chega disso, ela briga de vocês não está fazendo bem  para nenhum dos dois - a loira falou saindo do quarto e deixando castanha falando algumas coisas sozinha, ela tentou levantar para tentar impedir a amiga de fazer algo, mas estava muito fraca e não teve forças para ficar de pé.

Luna desceu as escadas correndo, e foi em direção ao escritório do Jorge, que estava falando ao telefone, quando levou um susto com a entrada inesperada da amiga.

- Depois eu falo com você- ele disse desligando o telefone, e voltando sua atenção para a loira que o encarava com cara de poucos amigos- sera que te ensinaram a bater antes de entrar?

- Será que te ensinaram a ter compaixão? Ou onde você estudou só te ensinou a ser um completo idiota?Como você tem coragem de deixar ela naquele estado? Você tem que acabar com isso, não está fazendo bem para nenhum dos dois então deixa de ser imaturo e para com essa briga.

- Do que você esta falando? - ele perguntou desentendido.

- Ora, não se faça de idiota, você sabe muito bem do que eu estou falando, a Sílvia está parecendo um cadáver de tão magra e pálida que está - Luna usou um tom de voz cansado - Jorge, você não esta facilitando as coisas.

- Ah, eu não estou facilitando as coisas? Mas foi ela quem beijou outro...

- Cala essa boca que todo mundo já cansou dessa sua ladainha, foi só um mísero beijo, tem pessoas que fazem coisas piores e são perdoados.

- Você não sabe como eu me senti quando soube desse "mísero beijo", você não imagina a dor que eu senti...

- Eu sei a dor que você sentiu- Luna falou o interrompendo.

-Não, não sabe.

- Sei, eu já passei por coisa bem pior...

- Do que você está falando? - Jorge perguntou franzino o cenho.

- Ha dois anos atrás, eu peguei o Felipe com outra mulher, na nossa casa de praia em Los Angeles, mas eu o perdoei, e bom o que a Silvia fez não é nada comparado ao que ele fez - ela disse limpando algumas lágrimas de seu rosto.

- Eu não sabia disso - disse ele aproximando-se da amiga, e a puxando para um abraço - você deveria ter nos falado sobre isso.

- A Silvia sabia, e bom, eu não queria todos comentando sobre isso, mas agora nós estamos bem, estamos até tentando ter um filhos- ela falou se desfazendo do abraço- então para de ficar chorando pelo canto e vai lá em cima cuidar da sua mulher

- Eu não estou chorando pelos cantos.

- Ah claro, quem você quer enganar, Salinas?

- Eu a amo, eu não sei o que deu em mim pra deixar isso chegar até aqui, talvez tenha sido o acúmulo de tudo o vem acontecendo desde o acidente até agora, eu estou com tanta saudades da minha Silvia.

- Ela está lá em cima.

Jorge sorriu.

- Bom, agora eu tenho que ir, se despede da Silvia por mim, e aproveita pra dar um pouco de comida a ela -ela falou saindo e o deixando sozinho com seus pensamentos.



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