Capítulo 12

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 Os flocos de neve caiam no chão de Chicago, tão suave e belos, que quando Silvia parou em frente a grande janela de vidro que tinha em seu quarto, surgiu uma rapida lembrança:

''- Quem é aquela dama, que dá a mão ao cavalheiro agora? Ah, ela ensina as luzes a brilhar! Parece pender da face da noite como um brinco precioso da orelha de um etíope! Ela é bela demais pra ser amada e pura demais pra esse mundo! Como uma pomba branca entre corvos, ela surge em meio às amigas. Ao final da dança, tentarei tocar sua mão, pra assim purificar a minha. Meu coração amou até agora? Não, juram meus olhos. Até esta noite eu não conhecia a verdadeira beleza.

Ao terminar de escutar isso, a castanha não conseguiu conter as lágrimas, era uma apaixonada por Shakespeare, Jorge que estava a sua frente nervoso, segurou a mão da castanha.

- Essa frase, define perfeitamente a primeira vez que eu te vi, A Dama dos Olhos Verdes, era assim que eu te chamava antes de descobri seu nome.

Silvia  continuou  em silencio, diante do que o até então amigo falava.

- Quando veio aquele baile, e eu pude finalmente falar com você , pude saber seu nome, e pude ver esses olhos verdes de perto, depois do baile, eu te persegui tanto, que acabamos  nos tornamos amigos, mais eu quero ser mais que só seu amigo, eu quero mais, eu quero poder secar suas lagrimas, quero poder te beijar, te tocar, quero poder declarar o amor que sinto por  ,você sem te que me preocupar com nada nem com ninguém, eu só quero  você Silvia, quero você ao meu lado como minha namorada - ele retirou do bolso uma caixinha de veludo vermelha, onde tinha um anel - é... eu comprei esse anel pra você, eu queria...

- Queria?

- Queria não, eu quero... É... Silvia, você quer... Meu Deus - ele limpou o suor que escorria por seu rosto, e abaixou a cabeça, não conseguia olhar para a garota que estava a sua frente. 

Silvia percebeu a dificuldade dele, ele tremia cada vez mais, sua face aos pouco perdia a cor, e seu coração estava tão acelerado, que ela podia escutar seus batimentos.

- Jorge? você  esta bem?- ela perguntou preocupada.

- Não, eu não consigo... Desculpa... Eu queria - ouve um breve silencio - eu não consigo, você me deixa...

- Eu te deixo?

-Esquece, esquece isso - antes de sair ele a entregou o anel, e saiu da sala onde eles estavam.

Ele caminhou o mais rápido que podia, suas pernas tremiam, seu corpo inteiro tremia, não estava acreditando que ele estava fugindo, mais ele não tinha coragem nem de a olhar.

-O amor procura o amor como o estudante que para a escola corre:num instante, mas, ao se afastar dele,o amor parece que se transforma em colegial refece - ele parou quando escutou a voz dela, então virou - então é isso? Você recita Romeu e Julieta, fala aquelas coisas, me da um anel e depois sai correndo? 

Você me intimida - ele explica- quando estou perto de você, eu fico parecendo um idiota, perco o fôlego, a voz some, meu coração ficar querendo sair pela boca, eu começo a suar gelado...

Ela o interrompeu com um beijo, sua língua buscando a dele, a língua dele explorando cada centímetro da boca dela , nesse beijo Jorge conseguiu falar tudo o que estava presso,nenhuma declaração de amor chegava aos pés do que esse beijo terno estava transmitindo.

- Aceita namorar comigo Jorge Salinas?- ela sussurrou contra os labios dele.''

 Silvia sentiu uma dor forte na cabeça, sua visão começou a falhar, suas pernas fraquejaram, ela caminhou com cuidado até a cama onde o marido dormia, a dor na sua cabeça só aumentava, e mesmo sentindo aquela dor horrível, não pode evitar o sorriso bobo com a lembrança que acabara de ter. Deitou a cabeça no peito do marido, fazendo com que ele mexer um pouco, mas o marido não acordou, ela levantou a mão direita e lá estava o anel.

 E novamente a dor em sua cabeça a incomodou, e ela deu um grito mudo, apertando os olhos com força, tentando controlar a dor em sua cabeça.

(...) 

 Jorge mexeu novamente, mas agora para ajeitar o edredom em seu corpo e no da castanha que dormia em seu peito, ele abriu os olhos, picando algumas vezes, estranhou que a cortina da janela estivesse aberta, mais não deu muita atenção, abraçou a esposa mais forte e fechou os olhos na tentativa de voltar a dormir.

- Sra. Salinas - o piloto escutou a voz familiar da governanta chamando na porta - Sra. Salinas. 

 Jorge respirou fundo antes de levantar da cama, caminhou em passos lentos até a porta.

- Oi Virginia- disse ele com a voz sonolenta.

- Desculpa acordar o senhor, mais é que a Sra. Microfft esta la em baixo, ela parece um pouco... Desesperada.

- Luna? - a senhora de cabelos grisalhos assentiu - ela falou o que queria?- ele perguntou, agora caminhando em direção as escadas.

- Não, quando ela chegou estava chorando muito, mais agora ela esta bem mais calma, esta no escritório com a dona Pilar.

 Jorge caminhou apressado para o escritório, tentando imaginar o que levaria a amiga a aparecer tão cedo na casa dele, quando entrou na sala a loira estava dormindo no sofá, e Pilar que estava sentada ao lado da loura levantou ao perceber a presença do genro.

- O que aconteceu com ela? -ele perguntou- a Virginia falou que ela estava chorando quando chegou.

- Felipe sofreu um acidente, ela não conseguiu me explicar direito, mais parece que ele estava em New York, e foi atropelado por um carro...- ela hesitou em falar, olhou novamente para a mulher loura que agora dormia tranquilamente no sofá.

 O piloto silenciou-se diante da sogra, não sabia o que dizer, ele e Felipe nunca foram muito amigos, mais ele fazia bem a Luna que para ele sempre foi como uma irmã para ele, e não queria nem imaginar a dor que ela estava sentindo.

- Ele deve esta chegando ao hospital agora...

- Ele não morreu?- Jorge perguntou.

- Claro que não né Jorge!

- Desculpa, é que voce falou de um jeito que eu achei...

- Voce tem que para de achar, e a Silvia onde ela estar? ela é a melhor amiga da Luna, a pessoa mais indicada para esta aqui com ela.

- Ela esta dormindo, não quis acordar ela, ela não estava muito bem ontem, resolvi deixar ela dormir um pouco mais...

- O que está acontecendo? - ele foi interrompido pela voz sonolenta da esposa.

 Depois de explicar a situação para a castanha, não demorou muito para  Luna acordar. Os três conversaram por um bom tempo sobre o acidente do Felipe, até que a loira recebeu uma mensagem informando que ele tinha acabado de chegar ao hospital de Chicago.

(...)

 Silvia caminhava apressada pelos corredores do hospital, se sentindo culpada por ter mentido para Jorge quando ele perguntou aonde ela estava indo '' vou ao banheiro'' disse ela. Não demorou muito para que ela  achasse o consultório do médico, ela deu duas leves batidas na porta antes de escutar:

- Entre - ela hesitou antes de abrir a porta, Norton se surpreendeu ao ver a castanha ali - olha só, achei que você não fosse querer me ver mais.

- Eu preciso de uma consulta sua.









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