19 - Início do pesadelo

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A noite caiu em São Gabriel. Era por volta das 21h, estávamos todos em silêncio, cada um com seus próprios pensamentos e preocupações. Luca não estava tão próximo a mim, mas mantinha seu olhar atento ao meu rosto, buscando qualquer sinal de que eu quisesse desistir. Depois de comer alguma coisa, e de conversar com Ana e Angel por um longo tempo, fui até ele.

— Está com sono? — Indagou.

Fiz que sim com a cabeça.

— Mas será que podemos ter um tempo a sós antes de...

Luca assentiu e notei um pequeno sorriso em sua boca.

— Vamos.

Ele me guiou até a escada, olhei para os outros, que nos encaravam sem entender, dei de ombros e subi com Luca para o quarto. Assim que entramos no cômodo, ele fechou a porta e pegou-me no colo como uma criança, então sentou-se na cama, eu aninhei-me em seus braços, com a cabeça repousada em seu peito. Respirei fundo e relaxei um pouco mais quando ele começou a fazer cafuné em mim.

— Eu precisava disso...

— Adoro seu cabelo. — Comentou.

Acabei sorrindo.

— E eu adoro quando você diz essas coisas.

Foi a vez dele respirar fundo.

— Se não quiser fazer isso, tudo bem... Na verdade, estou começando a achar que o melhor a fazer é desistir agora. — Sugeriu-me. — Pode ser perigoso para você, e para o nosso filho.

— Não, Luca.

— Su, eu não sei o que pode acontecer, entende? Acho que o melhor é deixar você fora disso.

— Ei... — Segurei seu rosto, fazendo-o olhar para mim. — Juntos, é assim que devemos ficar. Nos tempos de paz, e nos tempos de guerra, lembra?

Notei um lampejo de felicidade em seus olhos escuros, por certo, ficou contente por ouvir aquelas palavras, já que as tinha usado para me pedir em casamento alguns meses antes.

— Mas isso é diferente...

Balancei a cabeça negativamente.

— Não, não é. Ficaremos bem, vai dar tudo certo. — Afirmei. — Não fique preocupado, Luca. Eu estou aqui.

Luca me encarou e enrolou um dos meus cachos em seu dedo indicador, em seguida, suspirou e beijou minha testa.

— Sua coragem é linda. — Comentou, depois coçou levemente seu pescoço. — Está bem, faremos o que planejamos, mas tem que me prometer uma coisa.

— O quê?

— Prometa que não se arriscará, mesmo que eu esteja em perigo.

Encarei-o com descrença.

— Não posso prometer isso.

— É pegar ou largar.

— Não!

— Certo.

— Isso não é justo!

— Su, você é o primeiro amor da minha vida, e está carregando o segundo amor da minha vida aqui... — Ele tocou meu ventre por sobre a camiseta. — Acha que vou deixá-la se arriscar por minha causa?

Olhei feio para ele.

— Certo. — Respondi, somente, fazendo-o revirar os olhos.

— O que seria de mim sem essa sua teimosia irritante?

Herdeiros (livro 3)Where stories live. Discover now