26 - O nascimento de uma luz em meio às trevas

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Encarei Hector, sem saber exatamente o que dizer, então Max interveio por mim:

— Onde Luca está?

O demônio não tirou os olhos de mim enquanto fazia rodeios para responder.

— Esperando...

Franzi o cenho.

— Esperando o quê? — Esbravejei.

— O julgamento dele.

Aquelas palavras me pegaram de surpresa. Eu mantinha meu olhar em Hector, mas não estava realmente vendo-o ali.

— Como assim? — Pronunciei essas palavras num tom baixo.

— Demônios caçadores de recompensa o capturaram há algum tempo, e o trouxeram para cá.

— Onde Luca está, afinal? — Juliana se pronunciou pela primeira vez desde que encontramos Hector.

— Na masmorra.

— Eu vou até lá. — Afirmei.

Comecei a adentrar nos territórios do castelo, territórios estes que nunca haviam me causado tanto asco como naquele momento, mas Hector me segurou pelo braço.

— Acha mesmo que eu a deixaria entrar num lugar daqueles?

Soltei meu braço e encarei-o com firmeza.

— Eu não pedi sua permissão.

Nem me dei ao trabalho de checar sua expressão, tudo o que eu precisava era tirar Luca daquele maldito lugar -pela segunda vez. Havia vários guardas pelo pátio, todos olharam desconfiados para mim, mas não se atreveram a me impedir.

— Susana, Hector tem razão! — Max surgiu ao meu lado. — Você está grávida, a masmorra de um lugar desses não é...

Parei de andar e respirei fundo, em seguida, olhei para ele, seus olhos cinzentos nunca me pareceram tão preocupados como nessa hora, transmitiam certa afeição, como se quisesse cuidar de mim. E esse era um dos motivos pelo qual eu não desistiria, eu não queria ser protegida, não queria ser taxada como vulnerável.

— Max, sei que diz isso para o meu bem, mas... — Apoiei minha mão em seu ombro. — Não posso assistir a vocês tentando salvá-lo sozinhos. Pelo menos eu tenho alguma vantagem aqui, entende?

— Luca nunca vai me perdoar, se algo acontecer a você...

— E eu nunca perdoarei você, se me impedir de ir. — Dei um meio sorriso, embora estivesse falando muito a sério.

Max assentiu, relutante, e nós prosseguimos com pressa, até que entramos no salão principal do castelo, logo me surpreendi ao notar que o piano não estava mais lá, nem as cortinas de veludo, mas sim, vários soldados com roupas escuras, que estranhamente, pareceram-me extremamente leves. Hector entrou logo depois de nós e parou ao meu lado.

— Guardas.

— Estou vendo.

— Sabe o motivo de haver tantos?

— A guerra?

— Exato. Os arcanjos planejam invadir nosso reino para salvar seu querido Luca, caso ele seja morto sem que lhe sejam dado ouvidos. Por isso, o julgamento.

— Não entendo...

— Por essa razão, não acredito que deva ir até a masmorra. Não se preocupe, Luca não será condenado a coisa alguma, se não tiver culpa.

— Ele não tem culpa nenhuma, Hector! — Gritei, fazendo dezenas de olhares se voltarem para mim.

— Susana, tenha calma. — Juliana pegou minha mão.

Herdeiros (livro 3)Where stories live. Discover now