C A P Í T U L O 8

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Ela se aproxima de mim como uma leoa encurralando uma presa. Passos, ao mesmo tempo, cuidadosos e ameaçadores. Seu olhar não mudou nem um pouco. Continua sedutor por fora com uma pontada de doçura. Ou pelo menos foi assim que eu sempre vi. Ada era perfeita na arte de seduzir alguém e nesse momento eu tenho certeza que é exatamente o que ela quer fazer comigo. A expressão do seu rosto, o jeito como ela caminha, como lambe os lábios a poucos centímetros de mim.

Ela fica em pé bem na minha frente e me olha desde a ponta do meu sapato até o topo do meu cabelo.

— Você não mudou nada, querido. — ela pega minha gravata nas mãos e a gira nos dedos — Bela gravata. Você continua o mesmo gostoso que sempre foi.

A minha voz parece estar perdida em algum lugar dentro da minha garganta e por mais que eu queira falar um monte de coisas para essa mulher, tudo o que eu consigo dizer é — Porque está aqui?

— Eu falei com o Julian em Nova Iorque e ele me disse que você continuava aqui. Pedi pra ele te ligar e dizer que eu estava vindo te ver. — ela solta minha gravata e passa a mão pelo meu peito — Ele me deu o endereço daquela ONG e eu te segui até esse restaurante, mas esperei seu amigo ir embora.

— Perguntei por que veio. — minha voz sai perigosamente fria. Tiro sua mão do meu corpo.

— Ai Nick, não me diz nem um "oi" ou "como vai"?

— O que você esperava? Flores e champanhe?

— Bom, eu diria que só faltam as flores porque o champanhe você já tinha não? — ela diz sorrindo para a garrafa quebrada no chão.

— Eu não fazia ideia que você viria. Ele não me ligou e mesmo que tivesse ligado, isso aqui não era para você.

— Por acaso você está saindo com alguém?

— Com ninguém.

— Que bom. — ela sorri — Vem comigo, eu preciso falar com você e não quero fazer isso aqui. — ela pega no braço para me levar e eu o puxo com força ficando no mesmo lugar.

— Não vou a lugar nenhum com você Ada. Estou indo para casa. — começo a andar em direção a porta, mas paro ao ouvir sua pergunta.

— Posso ir com você pra sua casa?

— Você está brincando comigo? — volto como um touro raivoso soltando fumaça pelas orelhas — Me diga que você está brincando. Você nunca vai por os seus malditos pés na minha casa.

— Achei que você tinha superado o que aconteceu Nick. — ela fala meio triste, mas eu não caio nessa, garota. — Mas pelo visto, você ainda é completamente louco por mim. — ela solta com orgulho mal disfarçado.

— Tenho loucura por você sim Ada, mas não do tipo que você imagina. Acredite em mim quando digo que o que eu gostaria de fazer com você, você não iria gostar nem um pouco. — falo tão próximo dela que posso sentir sua respiração.

— De novo? Porque acho que você já mostrou sua fúria cinco anos atrás. — estamos perigosamente pertos um do outro.

Respiro com dificuldade por causa das suas palavras e da sua presença. Ela me fez perder seis meses da minha vida em prisão domiciliar. Eu cometi um erro que me arrependo até hoje e isso me maltrata todos os dias. Não sei o que ela quer, mas acho bom que resolva logo e volte para o lugar de onde veio.

— O que você quer comigo?

— Eu só quero conversar, Nick. Só conversar.

— Eu não tenho nada pra falar pra você que eu já não tenha dito.

Reviver (SR #1)Where stories live. Discover now