C A P Í T U L O 9

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— Imbecil. Imbecil. Imbecil. — repito para mim mesmo em voz alta.

Sento-me na cama com a cabeça entre as mãos. Eu estraguei tudo. Onde eu estava com a cabeça para tratar a Ellen daquele jeito? Ela já foi embora uma vez, dessa vez eu não vou voltar a vê-la. Ah, inferno! Você é um idiota Nicholas, um completo idiota. Não posso ligar para ela porque ela não tem celular. Não sei nem por onde começar a procurar por ela. Mesmo que eu usasse todas as letras do alfabeto para descrever o quão idiota eu sou, não seria suficiente.

Vou até o espelho e me encaro por um longo momento. Um homem que fez uma burrada enorme. É isso que eu vejo diante dele.

— Sabe o que você é, Nicholas? Um grande asno. — faço uma careta para mim mesmo no espelho e dou um soco, o estilhaçando por completo. — Porra. — sangue jorra dos meus dedos.

Corro para o banheiro e lavo a mão sangrando por bastante tempo embaixo da torneira. Olho ao redor e vejo uma calcinha jogada no chão perto do cesto de roupas. No canto ao lado tem um sutiã, uma calça jeans e uma camisa preta. Lembro-me vagamente de ser a roupa que Ellen estava usando ontem quando eu cheguei. Fecho a torneira e enrolo uma pequena toalha na mão para poder sair e olhar no quarto se as outras coisas também estão aqui.

Quando fecho a porta do banheiro, vejo logo ali perto as sacolas com as compras que fizemos. Ela não as levou. Pergunto-me se isso é bom ou ruim. Ela não ter levado pode significar que ela saiu um pouco, talvez para espairecer e vai voltar logo, mas também pode significar que ela ficou tão chateada comigo que resolveu ir embora sem sequer levar nada que eu lhe dei para não ter com o quê lembrar-se de mim. Torço pela primeira, tem que ser a primeira. Ela não pode ter ido embora de vez. É isso. Ela ficou chateada e foi caminhar na praia. Tem que ter sido desse jeito.

Olho para o relógio e vejo que são sete e meia. Eu já deveria estar na Universidade, mas eu não estou com a mínima vontade de ir hoje, acho que nem terei foco para as aulas. Sento-me na cama e resolvo ligar e dizer que não poderei ir. Depois de ligar para lá e falar com Luisy, eu ligo para Robert.

— Alô... — ele parece meio grogue.

— Robert...

— Nick? O que você quer seu bastardo? Estava de plantão ontem à noite, acabei de chegar, me deixa dormir.

—... Rob, — ignoro suas palavras — fiz besteira cara. Ellen foi embora.

— Porque você foi um ogro com ela? Eu já sei. — ele boceja.

— O quê? — pergunto me levantando da cama — Como assim você já sabe?

— Ela me ligou ontem várias vezes. — o ouço gemer, mas não é nada sexual, deve ser porque está se levantando — Ela me disse que você estava bêbado e que tinha falado um monte de coisas...

— Rob, traga sua bunda para cá agora. — interrompo-o — Me conte isso.

— Não mesmo, venha você aqui. Deixa de ser folgado.

▬▬ ▬▬

Quando chego na casa do Robert, vejo logo a diferença da vida de um homem casado e de um homem recém-divorciado. A casa dele sempre foi uma joia reluzente. Sempre limpa e estéril. Bastante parecida com seu consultório no hospital. Janeth não deixava ninguém entrar sem tirar os sapatos. Nem mesmo eu. Da porta da sala, vejo a diferença. A casa está cheia de roupas espalhadas e caixas de pizza vazias em cima da mesa de centro na sala. Alguns potes de sorvete em cima do sofá e é claro, não vamos esquecer-nos de algumas peças femininas que eu tenho certeza que não são dele.

— Parece que a farra foi muito boa. — digo sorrindo e levantando um sutiã preto que está graciosamente em cima da televisão.

— A melhor em dois dias. Bridget foi... mágica. — ele suspira.

Reviver (SR #1)Where stories live. Discover now