E P Í L O G O

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Quando Nicholas chegou ao local era cerca de meia noite e quinze. Robert tinha ligado para ele avisando que o amor da sua vida havia dado entrada no hospital vítima de um acidente automobilístico. Ele entrou desesperado. Torcendo, rezando para que a mulher que ele amava não estivesse morta e encontrou-se com o seu amigo ainda nos corredores, esperando por ele. Seu amigo o levou para a sala de espera.

— O que aconteceu? — ele perguntou em meio às lágrimas — Por que isso aconteceu com ela Robert? Por quê?

Robert não tinha a resposta para a pergunta dele. "Essas coisas acontecem, amigo", ele tentou dizer, mas não adiantou. Ele estava arrasado.

— Onde ela está? Eu quero vê-la. Eu preciso vê-la.

— Ela está na sala da cirurgia. Estão fazendo tudo o que podem para salvá-la.

— Não. Não. — ele escorregou seu corpo pela parede até sua bunda tocar o chão esterilizado e chorou copiosamente por horas apenas com o amigo como consolo até o cirurgião responsável sair para encontrá-lo com notícias dela.

— Você é o parente mais próximo? — o cirurgião perguntou.

— Eu sou... ela é minha... — ele não conseguia formar as palavras pra juntá-las em uma frase coerente.

— Ela é a mulher dele. — Robert interveio.

— Bem, nesse caso eu devo informar que sinto muito...

— Não. Não. Ellen, não. — ele se desmanchou em lágrimas mais uma vez, interrompendo o médico.

— Sua esposa estava de poucas semanas e teve um deslocamento de placenta por causa do acidente. Ela perdeu o bebê.

— O quê? — as lágrimas secaram quase que instantaneamente em seus olhos e no lugar delas, uma sensação horrível o atravessou.

Ele não poderia estar passando por isso de novo.

— Ellen... estava grávida?

— Eu imagino que deve ser uma surpresa para o senhor. A maioria dos casais não sabe da gravidez antes do primeiro mês.

— Eu não... — ele olhou chocado para o amigo ao seu lado que tinha a mesma expressão surpresa no rosto — Eu não fazia ideia.

— Eu sinto muito senhor...?

— Nicholas.

— Eu sinto muito senhor Nicholas. Sua esposa está na UTI. O estado dela ainda é grave porque ela perdeu muito sangue, mas já estamos conseguindo estabilizar.

De repente um som vindo de uma caixinha de som no corredor chamou atenção dos três homens na sala de espera.

"Código azul. Código azul. Chamando o Dr. Wood na UTI 2. Chamando o Dr. Wood na UTI 2."

O médico que estava conversando com Nicholas era o Dr. Wood. A UTI para a qual ele estava sendo chamado era a UTI onde ela estava. Nicholas pressentiu e levantou-se junto com o médico puxando-o pelo braço quando ele começou a andar.

— O que está acontecendo, doutor? É a Ellen? É a minha Ellen?

— Eu preciso ir. — o cirurgião se soltou do seu aperto e praticamente correu para a UTI.

— Eu quero saber o que está acontecendo com ela. Robert, por favor...

— Eu vou até lá. Vou saber se é algo com a Ellen ou não.

Enquanto esperava pelo retorno do amigo com notícias sobre o amor da sua vida, Nicholas chorou. E chorou de novo quando achou que já tinha chorado tudo o que os seus olhos podiam derramar. Outra vez, ele pensou. Mais uma vez ele havia perdido um filho. Mais uma vez ele sentia seu coração sangrando.

Os próximos minutos foram insuportáveis. Ellen estava sabe-se lá aonde e passando por sabe-se lá o quê. Robert entrara hospital adentro pra ter notícias dela e o deixara sozinho nesse ambiente frio e estéril. Doloroso. Meia hora depois seu amigo voltou à sala de espera onde o encontrou com as mãos na cabeça em sinal de desespero. Seus olhos estavam inchados e vermelhos e todas as lágrimas que ele já havia soltado pareciam não ter sido suficientes.

— Nick. — Robert sentou-se ao lado dele e pôs a mão no seu ombro.

— Fala, Rob. Como ela está?

— Ela tem um coágulo, Nick. Na região lombar. Está pressionando alguns feixes de nervos entre duas vértebras.

— Não. — ele implorou que fosse mentira. As coisas só estavam piorando.

— Ela precisa fazer uma nova cirurgia para remover o coágulo. O problema está em quando ela vai fazer essa cirurgia.

Ele sabia o que isso queria dizer, mas seu cérebro não queria entender a mensagem que seu amigo médico estava passando pra ele.

— Ela está em um estado crítico nesse momento e uma cirurgia seria de muito risco. Mas ela não terá sequelas muito graves se a cirurgia for um sucesso.

— E se ela não fizer agora? — ele perguntou mesmo sabendo a resposta.

— Os médicos podem esperar até o quadro dela se estabilizar, o que deve acontecer em algumas horas, mas quanto mais demorar pra remover o coágulo, maiores serão as sequelas deixadas por ele.

— Está em que altura?

— A lesão é entre L1 e L2.

Nicholas enfiou as mãos nos cabelos e chorou mais um pouco. Era uma decisão difícil, mas era uma decisão que precisava ser tomada logo.

Ele olhou para o amigo em busca de uma opinião. Ele assentiu.

Ela era importante demais para ele perdê-la. Nenhuma consequência seria maior do que a terrível e mínima chance de não tê-la em sua vida.

Então ele decidiu.

— Vamos esperar. — ele respirou pesadamente — Eu não posso correr o risco de perdê-la. Eu já perdi muito essa noite.

***###***

EITAAA, QUE REPERCUSSÃO VOCÊS ACHAM QUE TERÁ ESSE ACIDENTE DA ELLEN? VEJAM TUDO PELO PONTO DE VISTA DELA NO PRÓXIMO LIVRO. BEIJOS E ATÉ MAIS!!

Reviver (SR #1)Where stories live. Discover now