Capítulo 6

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Como de costume os religiosos iam para a igreja todos os Domingo de manhã além das outras pessoas que passavam perto dali seguindo as suas rotinas.

Sonna corria apressada para entrar na igreja e a sua mãe ia atrás a sorrir, elas seriam as primeiras a entrarem na igreja, algumas pessoas se encontravam à beira da porta aproveitavam o momento para conversarem. Sonna abriu bruscamente a grande porta de madeira e corria salão adentro, seus passos ecoavam no grande salão vazio, cheio de imagens de santos, anjos e deuses. Segundo depois um grito bem alto ecoou dentro da igreja e todos correram na direção ela estava deitada no chão a chorar suja de sangue.

As pessoas começaram a falar umas com as outras, ninguém via de onde o sangue vinha, mas a pequena Sonna apontou para cima enquanto chorava copiosamente e todos se afastaram incrédulos.

O pastor chegou no meio daquela confusão com crucifixo e água benta, e duas irmãs a rezarem.

A polícia e a perícia foram chamados ao local. O corpo de uma jovem albina foi cortado e esculpido, suas mãos foram colocadas no meio das costas, a clavícula foi colocado em cima da bunda como se fosse uma cauda.

Um dos úmeros do braço colocado no pescoço no diagonal e a cabeça por cima, os cabelos foram tratados para que ficassem como uma crista.

No seu corpo todo, foram desenhados vários símbolos e sinais, algumas escritas mostravam passagens bíblica.

Seus olhos foram pintados de um castanho fogo, e sua boca queimada assim como seus seios queimados e retirados e cozidos depois.

A legista explicava esses detalhes incrédula do estado em que o corpo da jovem se encontrava, dos seus órgãos internos nada foi retirado do lugar.

Savimbi viu mais um caso que merecia toda a atenção da polícia, mas infelizmente corria o risco de ser só mais um entre muitos.

***

"Houve peleja no céu. Miguel e seus anjos de Deus pelejaram contra o dragão e seus anjos; todavia não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e satanás, o sedutor de todo o mundo, sim foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.'' (Apocalipse 12.7-9). ''Eles o venceram por causa do sangue do Cordeiro...'' (Apocalipse 12.11 a).

_ Mas papai eu não quero que Deus me expulse do paraíso.

_ Ele só expulsará os impuros e os trancará no inferno, de onde nunca sairão e não deverão sair. Mustafá falava acariciando a cabeça da pequena Bella que sorria docilmente para o pai.

_ E porque as pessoas morrem?

_ Uns morrem porque já tiveram seu tempo de vida esgotado e outros porque são anjos que caíram na terra e são chamados de volta. Por isso Cristo deu ao discípulos autoridades para eles afastarem espíritos imundos da terra. Ele abriu a bíblia novamente em Mateus 12.22 e começou a ler, Jesus Cristo expulsou demônios deu autoridade aos discípulos sobre espíritos imundos para os expelir .

_ Filha entende que Deus nunca quis que esses impuros viessem a Terra, por isso existem pessoas com o dom divino para nos livrar do mal.

Ela não entendia quase nada que seu pai dizia simplesmente acreditou que ele estava ali para protegê-la e mais nada, ela moveu a cabeça positivamente o que tirou um sorriso do pai e uma gargalhada da mãe.

Anabelle se levantou e pegou a pequena no colo e levou-a para o quarto, Mustafá abriu a TV para conferir as últimas notícias, claro nem a mídia noticiava casos de massacre por isso ele não esperava ver algo relacionado.

As únicas notícias era de 225 feiticeiros detidos noticiada pela polícia, os presos estavam envolvidos com a caça e morte de albinos que apesar do governo do país já ter traçado um plano de prevenção contra o massacre ainda havia pessoas que acreditavam nas superstições. Certas vezes pessoas do outro lado do mundo encomendavam amuletos feitos com partes de albinos, Mustafá achava aquilo ridículo, demônios não podiam dar sorte as pessoas por isso todos foram presos e provavelmente morreriam na cadeia.

É isso que acontece quando pessoas mexem com aquilo que não entendem, tem coisas que precisam ser limpas purificadas para manter a ordem, assim ele pensava, já não bastasse as pessoas terem que conviver com aquelas escórias, e ainda tinham suas vidas consumidas por elas. Os albinos eram demônios que tentam o homem ao mal.

Ele jogou o controle da TV em cima da mesa do centro cheia de papéis desenhados e coloridos da sua filha, olhou e sorriu. Despediu-se da sua mulher e avisou que ia ao encontro de uns amigos e que não voltaria tão cedo.

Na sua cabeça mil coisas passavam, ele não entendia porque a polícia continuava a proteger os albinos em vez da população, "os albinos devem morrer. As pessoas não vêem que eles são o verdadeiro mal. Eles não são puros. Estão a destruir nosso povo," ele não parava de conversar com seu ego por isso quase atropelou uma moça.

Os dois assustaram se, Mustafá travou o carro rapidamente e pulou para fora, a moça caiu no chão irritada, afinal o sinal estava fechado e o condutor parecia um louco desatento.

Ele logo estendeu a mão para a desconhecida e pediu desculpas mas, logo percebeu que ela não aceitou a sua ajuda, recolheu sua coisas do chão e se sustentou com uma das mãos no carro e levantou e encarou o sujeito que estava estático na sua frente como se tivesse visto um fantasma.

_ Devias prestar mais atenção na estrada senhor.

_ E quem és tu para me dizer o que devo fazer? Mustafá falou quase que cuspindo no rosto dela. Ele ainda estava incrédulo.

_ Alguém que quase mataste, seu idiota. Urbi passou a mão pelo cabelo sacudindo um pouco, depois colocou sua mochila no ombro encarando furiosamente o homem estranho à sua frente. Se me dê licença?

Ele a encarava de forma assustadora, mas Urbi não se importou, claro um condutor maluco que não queria ser criticado pela forma como dirige, aquilo era a coisa mais normal naquele país e em qualquer parte do mundo.

Mustafá sentiu seu sangue a ferver em sua veias, ele só podia estar bêbado, teve uma grande oportunidade e deixou escapar, ele rangeu os dentes e começou a bater no capô no carro, chutou a roda e bateu forte no vidro, ele entrou no carro e fechou bruscamente a porta.

Devias tê-la trazido.

Não sei , é muito arriscado, tem muitas pessoas na rua.

E desde quando tu te importas com isso.

Desde que não gostaria de ser preso e parar a minha missão. Aliás esquece tu és um imbecil.

Ah. Ah. Ah. Olha quem fala.

O quê? Olha. Não . Estou a falar comigo mesmo. Como é possível.

Porque tu és louco. Seu ego continuava a debochar dele.

Uma albina estava na sua frente, podia tê-la atropelado e daí se alguém visse nem saberiam quem ele era , agora ela se foi, nem conseguiu segui-la para ver onde ela morava.

Disposto a descobrir a identidade daquela "aberração" ele se assustou com a ideia de quase ter-se desculpado com ela. Aquele pequeno acidente traçou o destino dos dois.




Urbi- Massacre de AlbinosOnde histórias criam vida. Descubra agora