Capítulo 14

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Savimbi coordenava toda a equipa da polícia que trabalhava no processo de captura de feiticeiros. O número de mortes aumentavam cada vez mais no seu país, em aldeias mais remotas a situação era alarmante, até bebês recém nascidos eram alvos, no ano de 2006 a 2017 75 albinos foram mortos e 65 sobreviveram ao ataque.

Diariamente os albinos convivem com o perigo, o ódio, o desprezo e o preconceito mesmo que não correm o risco de perderem a vida. Vivem no isolamento social, discriminados por seus familiares, vizinhos, na escola, e até para conseguirem um emprego e principalmente para receberem a proteção, ou cuidados médicos porque muitos profissionais de saúde têm medo de tocá-los por acreditarem que eles são amaldiçoados, mas o albinismo é uma condição genética não contagiosa.

Raro são os casos em que uma criança albina é aceite em sua família, a vergonha faz com que os pais escondem ou até matam as suas crianças. Há casos de pais que os escondem para protegê-los de estranhos, porque viver numa sociedade que caça e mata os albinos qualquer pessoa é uma ameaça. Na Tanzânia uma criança albina significa maldição, muitas pessoas até acreditam que elas são filhas de algum demónio europeu, por isso em muitos casos de assassinatos e desaparecimentos a própria família está envolvida.

O problema de mortes dos albinos, vai muito além desses países na África, em alguns países fora do continente na Europa, América ou Ásia, sabe-se muito pouco sobre o que é o albinismo, isto porque ninguém estudou ou nunca se interessou em estudar sobre essa condição. Na verdade hoje em dia as coisas funcionam assim, não queremos saber dos outros, não queremos saber das dificuldades dos outros, porque acreditamos que estamos bem, que não precisamos de mais nada, por isso nem mesmo o governo age para acabar com aquela onda de crimes.

As pessoas precisam ser reeducadas para conseguirem entender que nada é igual nesse mundo, principalmente no continente africano onde a diversidade vem desde culturas, tradições, línguas, cor de pele, olhos e cabelos. Precisamos lutar, estudar e ensinar as nossas crianças a se amarem e respeitarem o próximo, precisamos criar leis que protegem as pessoas e acabar com o mal que é o " Massacre de albinos".

Delegado Savimbi terminou de ler seu comunicado à toda a imprensa, ele estava exausto, seus olhos mostravam estresse e muita dor por entender que a ignorância é o pior de todos os sentimentos, ela mata, destrói toda uma nação. Algo precisava ser feito, mas ele sabia que sozinho jamais conseguiria, ele não tinha fundos suficientes, toda a ajuda que pediu ao governo foi-lhe recusado, só contava com os seus homens da polícia e de entre todos ele sabia que a maioria pensava igual àquelas pessoas que matam um ser humano por serem diferente.

O seu discurso foi ouvido por todo o país, na Televisão, na rádio, na internet chegou aos continentes, a causa era grande e um homem sozinho tentava ensinar as pessoas que elas estavam erradas o tempo todo. A quilómetros de distância, um homem escutava suas palavras e sorria , porque imaginou a ouvir tamanha burrice. Precisava ver aquele homem com seus próprios olhos e poder sentir seu último suspiro e dizer-lhe que tanto ele como aqueles albinos, são desprezíveis,qualquer ser humano que defendesse uma causa tão inútil merecia a morte. Mustafá, estava ciente de que o tempo mudou, as pessoas também poderiam mudar, então ele também tinha que mudar, estar sempre um passo à frente de todos. Seu email à Urbi para ajudar na fundação seria uma grande estratégia, sua mulher andava desconfiada de suas sumidas á noite e de madrugada. Caso aquela sem cor aceitasse seu pedido, seria um plano perfeito para ajudar os feiticeiros a acabar com a praga do albinismo.

O demônio sorria por dentro dele, o desejo de sangue fervia nas suas veias, e ele precisava matar alguém, e pela primeira vez ele não quis matar um albino, mas sim uma pessoa que ele acabou de saber que existe e que lhe daria muita satisfação pegar a sua vida. Assim o homem saiu do hospital e deixou a sua mulher e filha, em busca de sua pressa.

Ele entrou no seu carro tranquilamente, conduzia no som de Barrington Levy Black Roses.

black roses, I've got to water it

my garden is so nice

something special, special in my garden,

black, black roses in my garden

sure, sure, I've got to stay,

and take good care of the roses,

...

Rosas negras, eu tenho que regar

O meu jardim é tão bonito

Algo especial, especial no meu jardim

Negras, negras rosas no meu jardim

Claro, claro, eu tenho que ficar,

e cuidar bem das rosas,

(...)

Cantava e dançava, a adrenalina no seu sangue já estava no auge. Sua mente gritava para ele continuar, que sua pressa já estava a espera, ele era um leão, era forte, esperto e nasceu para caçar e saciar sua fome de sangue, seu ódio era sua arma por isso sua alma pedia cada vez mais vidas, ele nasceu para cuidar das almas perdidas, porque houve um erro na criação deste mundo, havia seres que não podiam estar aqui e ele tinha essa missão e precisava cumpri-la. Uma missão passada de geração em geração, só que ele sentiu a necessidade de inovar, queria algo além de caçar, matar e vender, ele queria ver os olhos se desfalecendo, ele queria criar sua própria espécie.


Urbi- Massacre de AlbinosTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang