Capítulo 24

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Savimbi analisava cada rota que o serial killer podia ter tomado, Marcelo com a sua capacidade intelectual acima da média não parava quieto, ele não conseguia acreditar no que tinha acontecido.

Marcelo resmungava que tinha sido colocado a trabalhar no caso juntamente com o Savimbi tarde demais, ele acreditava que podia ter descoberto o assassino antes, a polícia possuía poucos recursos para lidarem com situações do tipo então tinham de usar a mais potente máquina humana, a mente. O telemóvel do Mustafá não podia ser rastreado porque era descartável marca branca, só lhes restavam recolher o depoimento da sua esposa que ainda estava de luto pelo morte da filha, e colocar policiais nas ruas.

_ Senhora por favor, nós precisamos saber onde o seu marido possa estar, há uma vida em jogo. – Savimbi falou, quase implorando.

_ Eu já disse, eu não sei. Eu nunca poderia imaginar que o meu marido fosse um louco. Por favor, acreditem em mim. Lágrimas saiam de seus olhos já vermelhos e inchados.

_ Está bem senhora. Tenta se acalmar e se concentrar. Deve haver algum lugar. Tenta se lembrar.

_ Está bem. Meu marido vivia na cidade de Lindi, só sei que ele não é do centro da cidade mas vivia no campo.

Com aquela informação Savimbi e sua equipa mapearam a área e comunicaram a polícia local, eles tinham que deslocar por 450 km até a cidade de Lindi, e tinham duas opções, ir de avião e chegariam em mais ou menos uma hora e meia ou de carro que levaria seis horas. Agentes da Polícia foram colocados nos principais distritos de Lindi, Lewale, Quíloa, Ruangwa e Nchingwea com fotos de Mustafá. Savimbi e sua equipa estavam a meia hora do aeroporto, Mustafá chegou a sua antiga casa, o cheiro era podre. A casa era de madeira, muito espaçosa, com um hall de entrada empoeirada, depois um grande corredor, logo à direita a sala de estar com algumas mobílias velhas, as janelas tapadas com madeiras impedindo a entrada da luz solar, dois passos à frente á sua esquerda tinha um quarto, ele lembra que era o quarto do seu avô, mais à frente tinham mais 6 quartos, no final do grande corredor tinha uma escada que dava acesso ao andar de cima e ao lado esquerdo tinha uma porta que dava acesso ao quintal, ao lado da porta uma escada de porão. Ele colocou Urbi ao pé da porta de um dos quartos de olhou a casa de cima abaixo, tentando acessar as suas lembranças, ele massageou suavemente a parede de madeira e cheirou suas mãos, inspirado e expirando violentamente.

_ Bons tempos vivi aqui. Que saudades de vocês.- Falou consigo mesmo.

Urbi acordou com dores nos ombros, na nuca e uma leve tontura e enjoo. Ela ainda tentava lembrar onde estava e o que tinha-lhe acontecido. Ela estava em pé, com as mãos esticadas por uma forte corda de bambu bem grossa, seus pés estavam soltos mas doloridos e sua boca estava amarrado com fita adesiva. " Professor Mustafá. Meus amigos, meu deus o que aconteceu quem é esse homem, que ele quer comigo?." Ao lembrar do que tinha acontecido o pânico tomou conta do seu corpo. Ela não sabia o que fazer, estava impossibilitada de fazer qualquer coisa, não sabia onde estava e nem podia gritar. Pensava no pior, nunca mais veriam seus amigos, a grande família que construiu, ela ainda se perguntava o que teria acontecido com eles, será que o Mustafá os matou. O desespero tomou dela e desatou a chorar fazendo com que a fita colocada na sua boca doesse um pouco.

_ Já vi que a princesa já acordou. Falou Mustafá com um xícara de chá na mão. _ Não imaginas como foi difícil para mim amarrar-te nesta posição, és bem pesada sabias? Com a outra mão ele tentava ajeitar esticar mais ainda a corda que suspendia Urbi.

A miúda tentava desesperadamente fazê-lo entender que ela queria falar, mas ele fingia não perceber, porque ele queria mesmo era vê-la sofrer um pouco mais. Sentou em frente a ela enquanto tomava seu chá, olhando para ela com um sorriso sombrio no rosto, seus olhos analisavam-na da cabeça aos pés, e Urbi pode sentir que ele não estava ali para agradá-la muito menos tinha a intenção de deixá-la sair viva.

O céu estava nublado de repente o ar ficou gélido ao mesmo tempo empoeirado, muitas pessoas se juntaram ao funeral das vítimas de Mustafá.

Juan tornou-se mais uma vítima mortal do psicopata, daquela vez seu coração não aguentou ver suas crianças sendo cremadas, seus olhos pediam clemência ao pai e a mãe celestial, ele queria voltar no tempo e nunca mais convidar aquelas pessoas á sua casa, ele pedia violentamente que o tempo voltasse atrás ele tinha que protegê-los. As suas crianças não mereciam aquele destino, por isso ele preferiu estar com elas, cuidaria deles na outra vida, ele estava cansado de lutar, seu coração estava despedaçado, doida muito, ele não conseguia mais respirar, não conseguia mais falar também não tinha mais nada a dizer sua missão foi cortada pela metade ele nem sequer se despediu. Todos lamentaram o sucedido, a vida daquelas pessoas jamais voltaria a ser o mesmo, Anelisse, só queria saber onde estava a sua amiga, Saicu nem conseguia pensar sua dor não lhe permitia pensar. A casa de Juan foi encerrada, alguns sobreviventes foram levados para a fundação da Urbi. Anelisse tinha que cuidar de tudo sozinha e ainda lidar com o sumiço da amiga.

_ Ana. Saicu chamou-a tocando seu ombro.

_ Olá Saicu. Sua voz estava embargada de emoção e lágrimas no rosto.

_ Oh minha querida, eu sinto muito. Ele abriu seus braços para ela e a acolheu calorosamente.

Quantas pessoas no mundo sofreram perdas e a superaram Anelisse não conseguia pensar na hipótese de perder sua amiga, não via sua vida sem Urbi, se tornaram amigas no dia primeiro olhar, elas se identificaram. A amizade entre elas era além do físico, da cor da pele, da origem, das tradições, dos costumes, Urbi era uma pessoa incrível, possuía uma luz que refletia em cada olhar seu, em cada sorriso seu, ela encantava a todos com a sua alegria, pureza e espiritualidade. Urbi havia nascida para mudar a vida de muitas pessoas, ela era uma deusa,uma divindade, um ser com um poder incomensurável. Anelisse, só sabia que a sua vida jamais seria o mesmo depois daquele massacre e se a sua amiga morresse jamais veria a vida da mesma maneira. Apesar daquela dor, daquele sentimento horrível ela queria continuar a missão que elas começaram, ela iria lutar, iria proteger aquelas pessoas com a sua vida. O seu olhar de dor se transformou, estava determinada, mostrava força e coragem. Ela segurou nos braços de Saicu e seguiram para a fundação muitas coisas iriam mudar e ela estava segura que quando a Urbi voltasse ela ficaria feliz e poderiam continuar o trabalho.

Savimbi estava perto da casa de onde Mustafá morava, a rua foi cercada muitos curiosos se juntaram ali perto obrigando a polícia a criar uma barreira. Algumas pessoas filmava e cochichavam entre si, em pouco minutos o lugar estava cheia de pessoas, Savimbi, sentiu-se obrigada a pedir mais forças policiais para afastar as pessoas.

Todos armados e prontos eles se deslocaram para os arredores da casa, parecia uma casa comum, simples difícil de levantar suspeita, Tinha um jardim grande e bem cuidada na frente algumas plantas minúsculas e flores diversas. As janelas de persianas estavam abertas e os vidro à mostra com cortinas brancas, no quintal havia 1 metro de cercas de blocos e acima cercas de tiras de madeiras afastadas uma das outras o que facilitava que alguém olhasse de fora para dentro.

Enquanto alguns policiais avançavam na casa Marcelo conseguiu contatar a primeira esposa de Mustafá , Seshat Marise Ndour.



Urbi- Massacre de AlbinosWhere stories live. Discover now