Capítulo 12

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Sandra era uma jovem de vinte e cinco anos, grávida de seu segundo filho, mãe de uma menina linda de olhos verdes e casada a três anos. Professora de física na universidade de Zanzibar, ela teve uma gravidez de risco e passou dois meses em casa sob cuidados médicos.

A dor era intensa, a jovem mulher estava sem fôlego, seu corpo respirava suor. Seu marido Roland estava de viagem a Angola e não podia estar presente naquele momento único.

Nos hospitais os familiares estavam apreensivos, as irmãs e cunhadas ajudavam a mulher a conter a sua dor umas massageavam as suas costas, outras seus pés e sua mãe parecia a que sentia mais dores. O seu medo era perder sua filha, ela passou por momentos difíceis, sua princesa já tinha sofrido demais por aquele bebê, jurou que não a deixaria sofrer mais.

Ela se distanciou de todos e foi para fora orar um pouco pedir ao seu Deus que protegesse sua filha e seu neto.

Os médicos chegaram, e pediram licença a família, somente uma pessoa podia acompanhar a grávida e como o marido não estava presente foi solicitado que a mãe a acompanhasse.

_ Samira onde está a mãe? Perguntou a irmã mais nova.

_ Não a vi.

Sandra gemia de dor já posta numa maca, ela começou a gritar pelo seu marido.

_ Eu queria que Roland estivesse aqui.

_ Calma irmã ele já ligou vinte vezes e continua a chamar.

Senhora Leiza entrou a correr para acompanhar a filha, segurou sua mão e continuou a orar.

_ Siara tem alguma coisa estranha com a nossa mãe. Ela não para de orar.

As duas se entreolharam tristes, Siara tinha 18 anos e Samira 39 anos a mais velha da família, ela já sabia o que se passava com a sua mãe e ouvindo a preocupação da irmã mais nova fez sua mente viajar a três anos antes daquele dia.

Numa madrugada tranquila, a lua brilhava sobre as folhas das árvores que dançavam com o vento, senhora Leiza teve um pesadelo que a fez acordar aos prantos e correr para seu santuário.

De joelhos no chão com um lenço branco na cabeça e um rosário nas mãos ela rezava entre soluços.

Meu Deus, pai todo-poderoso eu peço por favor que protejas a minha filha. Ela não merece o futuro que a destinas senhor.

Livrai nos de todo o mal, ilumine a vida dela e de sua família senhor.

Ela chorava suas mãos tocavam os pés da estátua de Jesus Cristo. Rezou por várias vezes e de repente sentiu uma sombra por cima.

_ Devias estar a dormir filha.

_ Não consigo. O que a senhora está a fazer aqui mãe? O que aconteceu. Perguntou a filha mais velha.

A mãe levantou devagar, fez o sinal da cruz, e pegou a filha nas mãos e encaminhou-a para fora da casa.

As duas caminharam uns metros pelo grande quintal, e sentaram –se num pequeno banco de madeira.

_ Mãe estou assustada, fala o que está a acontecer por favor?

_ Filha, isto deve ficar entre nós duas e mais ninguém. Leiza tinha as mãos trêmulas e respirava descontroladamente.

_ Sim mãe, agora já estou nervosa também.

_ A sua irmã Sandra, carrega um demónio dentro dela. Ao falar aquilo, ela deu um grito de dor, o terror que viu no seu pesadelo invadiu sua mente.

_ Não falas isso mãe, como a senhora pode dizer estas coisas? Samira começou a sentir medo. Não estava a entender sua mãe.

Leiza era conhecida por ser uma médium local. Conhecedora das plantas e detentora do poder da cura. As vezes ela tinha sim visões de coisas que poderiam vir a acontecer, mas nem sempre sabia o que cada visão queria lhe dizer ao certo, mas mesmo assim deixava-se levar pelas pré-análises e conclusões o que muitas vezes nem ela sabia que era ela mesma a causadora de vários males às pessoas.

_ Filha, quando o bebê nascer entenderás.

_ Não mãe, eu quero saber agora, tenho que ajudar a minha irmã. Fala por favor. Ela já estava aos prantos.

_ Seu filho é um demónio branco, aquele que cura todas as enfermidades, o mal entrará nesta casa minha filha.

Samira deixou mais lágrimas rolarem, ela entendeu o que sua mãe quis dizer mas, jamais imaginaria que sua própria mãe poderia pensar daquela forma.

Ela sacudiu o corpo da mulher, e fixou o seu olhar no dela e falou. _ Mãe a senhora está louca, o meu sobrinho não é um demónio, a senhora quis dizer que os demônios virão atrás do meu sobrinho. Não foi isso mãe, me responda.

Leiza empurrou a filha e correu para dentro, Samira ficou a chorar ao ver a sua mãe desaparecer porta a dentro.

Ela se levantou , se recompôs, olhou para o céu, é isso mesmo o que o senhor ensinou à minha mãe? Isto é sério mesmo, então está bem. Apontou o seu dedo indicador para o céu e disse mais uma vez, eu sei o que querem mas, entende uma coisa aqui, ninguém fará mal algum a minha irmã e ao meu menino.

_ Samira, Samira... sua cunhada a chamava em meio às suas lembranças , seu sobrinho havia nascido.

_ Nosso menino nasceu, estou curiosa para vê-lo.

Ao ouvir isso de uma das cunhadas ela despertou em pânico e gritou impulsivamente, nãooo,... não esperem.

_ O que te deu ?

_ Nada, esquecem, é que eu preciso vê-los antes.Deu de ombros e foi ver o sobrinho.

Acompanhada ao quarto onde sua irmã e mãe estavam, seu coração palpitava, ela segurou na maçaneta da porta, e uma voz cochichava no seu ouvido , ele é um demónio.

Aquelas palavras continuavam, ela olhou para o teto novamente e suspirou pensando, agora é o momento.

Abriu a porta tendo a visão do quarto inteiro, ela se deparou com uma mãe a segurar o seu bebé forte, como se não quisesse que mais ninguém o pegasse, e uma avó a segurar uma garrafa contendo um líquido estranho.

_ Tens que matá-lo Sandra.

_ Por favor mãe não, é meu filho.

Samira ficou paralisada em frente a porta já fechada vendo aquela situação, uma raiva, um ódio fez seu sangue ferver, ela já não conseguia mais ver sua mãe, mas sim um diabo ao pé de sua irmã e sobrinho e milhões de pensamentos passavam em sua mente.

_É um bebê albino, isso é uma maldição, livre-se dele. Dizia a mãe para sua filha.


Urbi- Massacre de AlbinosWhere stories live. Discover now