Ira

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Os braços da garota estavam doloridos, pelos movimentos brutos que seu pai fez ao, praticamente, arrasta-la até o seu carro. Estava com os pés frios e úmidos, por ter pisado em poças feitas recentemente pela chuva, que agora, já era bem fraca do lado de fora do carro. Brandie estava sentada no banco de trás, com as costas eretas e a respiração baixa e controlada, apesar do seu coração estar batendo desesperado em seu peito. O máximo que poderia fazer agora, era permanecer em silêncio, sem chamar a atenção de seu pai, que ainda se encontrava muito irritado.

Antes, quando ainda estavam em casa, seu pai, Haresh, entrou em seu quarto com fúria nos olhos. Não diria ela que era uma expressão irreconhecível, pois já o virá do mesmo jeito a algum tempo atrás - no início de namoro de sua tia mais nova Amita, ao qual seu pai cuidou quando o avô de Brandie faleceu. Dentro do carro permanecia o silêncio. Apesar de Brandie querer muito o silêncio, não era exatamente esse que ela desejava no momento. Silêncio este, que vez ou outra era quebrado pela respiração pesada de seu pai.

Ela olhou o Pai no banco do motorista, sentado com uma postura inigualável. O homem de 45 anos, tinha as mãos grandes pressionadas contra o volante, fazendo tudo parecer mais bruto do que o normal, o seu maxilar estava travado, mostrando a força que exercia sobre o próprio corpo, controlando toda a sua raiva. Ele respirava pesado e quieto. Brandie encolheu-se mais no banco de trás do carro e sentiu as costas arderem, por não conseguir se sentir confortável na posição que estava. Ela passou com delicadeza a mão sobre o pulso direito onde foi puxada e olhou para sua mãe, que tinha o olhar para o marido, triste e sombrio. Chorava calada, somente demostrando o sofrimento nas lágrimas que escorriam de seu rosto pálido. Lizzie olhou para Brandie, com olhos marejados e estendeu a mão tocando leve no rosto da menina. Ver sua filha assustada, partiu o seu coração em mil pedaços. Mas o que Brandie fez desta vez ela não poderia interferir. Deslizou a mão pela bochecha e passou o polegar, limpando uma lágrima que escorreu por seu rosto. Lizzie deu um sorriso reconfortante para a filha, em meio aos olhos encharcados e voltou a se sentar reta quando o marido a olhou bravo e autoritário. Brandie mordeu os lábios, reprimindo o soluço e soltou o ar pesado, voltou seus olhos para a janela vendo as gostas escorregarem com velocidade, novamente sobre o vidro negro do carro e deixou sua mente carrega-la para dentro de seu quarto, lembrando das cenas que ocorreram a minutos antes...

Na hora em que seu pai abriu a porta, ele avançou para cima dela com irá transbordando os olhos. Segurou-a pelos braços, levantando-a da cama e encarou seus olhos que transmitiam medo. Mesmo sendo seu pai, a garota tinha medo dele pois sabia do que aquele homem era capaz quando estava com raiva. Ela prendeu a respiração por alguns segundos, enquanto sentia seus músculos se contraindo passando a piscar os olhos rápidos, torcendo para que não fosse real.

— Porque fez isso, Brandie? — Ele gritou, em frente com seu rosto, apertando os dedos em volta dos braços brancos da menina — Hum? Vamos, me responda!

Infelizmente era real....

— Me desculpe, papai — ela sentiu seu corpo quicar contra a cama, quando seu pai a jogou com violência sobre a mesma.

— Eu não tenho mais filha. — O homem esbravejou, virando-se a penteadeira de Brandie e jogando tudo que havia em cima no chão, fazendo cacos se espalharem pelo cômodo. Lizzie correu ao lado da filha e a abraçou, enquanto chorava desesperada.

Haresh bateu sobre a penteadeira enquanto xingava coisas em Hindi.

— Pare com isso, Haresh! — Lizzie gritou, trazendo a atenção dele para as duas. Ela chorava abraçada na filha, encolhida em seus braços. Ele se aproximou em passos lentos para perto das duas. Observou Brandie aconchegada nos braços da mãe e fechou os punhos, travando o maxilar.

Big Girls Dont CryWhere stories live. Discover now