E agora?

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Zayn estava sentado em uma poltrona preta e encarava Brandie, com uma expressão séria. Os músculos de seu corpo estavam tencionados embaixo do moletom negro e sua mandíbula estava travada. Havia dezenas de coisas passando em sua cabeça. O garoto moreno sentia a raiva, em cada célula de seu corpo, à medida que Haresh e Paul discutiam sobre sua vida. Por sorte, toda a discussão era feita entre quatro paredes e, talvez, nem saísse dali toda esta merda que Zayn havia feito. Os únicos ali presentes no quarto, além de Zayn e Brandie, criadores da confusão, eram Paul, Lizzie, Haresh e Liam — que foi rapidamente chamando por Zayn, quando receberá a notícia.

A menina tinha os olhos abaixados para suas mãos juntas a da sua mãe. Lizzie estava ao seu lado, sentada na cama grande do quarto de Paul. Os pés da mulher mais velha batiam frenéticos sobre o carpete azul escuro, mostrando toda a tensão que seu corpo parecia controlar em questão de horas. Brandie por sua vez, não se mexia em hora nenhuma. Tinha a respiração cortada e vez ou outra, sentia seu corpo se arrepiar com um tom de voz ou outro mais alto que o normal de uma conversa civil. Ela olhou para a janela, que tinha somente um pedaço aparecendo, por estar sendo tapada quase por completo pela cortina bege e viu que do lado de fora, a chuva voltava a ser densa. Teve sua atenção voltada para seu pai, com um estalar de mãos dele e o viu com a face raivosa e com as mãos totalmente fechadas. Seus punhos estavam tão cerrados, que a garota conseguia enxergar as veias saltando de seus pulsos.

A perna de Lizzie parecia bater cada vez mais rápido, a cada instante. A chuva se tornava mais violenta e alta, batendo contra o vidro e o homem de blusa preta, também ficava cada vez mais alterado e toda hora elevava o seu tom de voz, deixando o clima mais pesado. Brandie olhou para o outro lado do cômodo e encontrou Zayn, chocando seu olhar assustado com o de ódio do rapaz. Zayn remexeu-se desconfortável na cadeira, quando Brandie encarou seus olhos, sentindo então Liam pressionar seu ombro em conforto, fazendo com que ele virasse sua atenção a Paul, que ainda discutia com Haresh.

— Não quero seu dinheiro! Vim apenas deixar está vagabunda aqui — Haresh disse e puxou a sua esposa com brutalidade, para longe da menina, assim que Paul tentava mais uma vez negociar com ele. Lizzie abraçou o homem chorando.

Era verdade e Brandie sabia que não haveria negociações que o fizessem mudar de ideia. Haresh tinha empresas grandes, herdadas de família por gerações. Sua condição era ótima, então dinheiro, pouco o importava naquele momento. E mesmo que estivesse na miséria, nunca aceitaria dinheiro para tolerar desonra. Seu ego era de extrema altura para aceitar tal fato.

— O senhor não pode deixa-la aqui — Paul exclamou alterado.

— Não vou ter em minha casa uma criança bastarda. Já basta a vergonha na família, e ainda criar um uma vagabunda com um bastardo? — Ele olhou para Brandie com uma expressão rancorosa — Não! Passar bem. — Completou seco, com seu sotaque carregando as palavras e deixou o lugar levando sua esposa. Bateu a porta com força ecoando um som ensurdecedor.

Paul bateu as mãos no ar e depois passou elas no rosto tenso. Virou-se a Zayn furioso e gritando:

— Zayn, olha a merda que você fez, moleque! — Gritou e o menino levantou nervoso, andando pelo cômodo de um lado a outro, à medida que Paul continuava a gritar coisas.

Brandie permanecia calada. A imagem de sua mãe deixando o lugar, era aterrorizante. Não saber o que iria ocorrer, era a pior sensação de todas. Nunca havia sentido dor parecida. Seu corpo não doía, havia sido substituído por uma dor maior. Era seu coração, que parecia ter sido apunhalado sem dó nem piedade, por uma faca. Estava acelerado, deixando sua garganta totalmente seca e sua cabeça latejante. Já não ouvia quase nada ao redor, seus olhos ardiam com violência e as lágrimas que antes saiam livres, não desciam mais.

Big Girls Dont CryWhere stories live. Discover now