Liberto

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Liberto

Na grande cozinha da casa dos Malik, Zayn permanecia sentado e imóvel. Sentia-se de volta aos seus quinze anos, esperando o famoso sermão de sua mãe, que o faria revirar os olhos por longos quinze minutos. Seu pai, Yaaser, precisou se ausentar para o trabalho. Mesmo que Zayn insistisse que poderia sustentar todos eles com uma boa vida, o homem da casa ainda insistia em trabalhar por sua conta, e havia prometido que assim que suas pernas não o aguentassem mais, ele se aposentaria.

Após longos minutos com seu café frio, Zayn recebeu uma mensagem de Sally, a qual ele vinha ignorando a alguns dias. A garota pedia que ele fosse a Shipley, uma cidade vizinha a Bradford, em um chalé na zona rural e a encontrasse pela noite, para resolverem as coisas pendentes. Agora que Sally tinha conhecimento do bebê tudo poderia ir por água a baixo ou melhorar. E ali estava ele, na casa de sua família. Zayn tinha em mente que a primeira coisa a fazer para consertar todas as perdas que havia feito, era falar com sua mãe.

A mulher tinha o semblante tristonho e irritado. Brandie ter entrado nos dezesseis anos a pouco tempo, a assustava. Não gostava de pensar que seu filho havia se tornado um homem ruim, mas era tudo que imaginava. Zayn, deitando-se com qualquer uma, e pecando fora de suas vistas. Trisha sabia de todos os maços de cigarro que seu filho tragava. Das bebidas que virava goela a baixo. E também sabia, que sua vida sexual havia se iniciado cedo. Mas crer que as coisas chegariam aquele ponto, faziam-na duvidar de sua boa criação. A mulher limpou com as costas da mão molhada, da louça recém lavada, os olhos que insistiam em lacrimejar.

Zayn suspirou baixo, com receio da bomba relógio que sua mãe se tornava quando estava triste. Era sua escolha estar ali. Temendo sua mãe ou não, ele tinha que ter essa conversa, cedo ou tarde. E notando que já havia adiado coisas demais, decidiu por cedo.

Zayn suspirou novamente, em seguida tomando fôlego e olhando sua mãe de costas na pia.

— Mãe — Zayn a chamou. A voz melodiosa ecoando, carregada do sotaque britânico.

— Espere. — Trisha se remexeu, inquieta e se virou — Por favor, não me diga que está arrependido. Não tem como reverter filhos.

Ela o encarou. Os olhos rudes, mas que Zayn sabia estar se esforçando para não chorar.

— Eu não diria isso. — apoiou as mãos na mesa. — Eu não sinto por isso. Mas não quero parabéns, assim como ela. — ele suspirou — É tão complicado. Mas mãe...

— Em algum momento pensou nela Zayn? — A mulher tinha urgência na voz, mas engoliu quase todos os argumentos quando ele a olhou sério.

— Eu penso nela o tempo todo. — Admitiu — No começo, agi pior do que Donya. Mas só em lembrar, como Brandie chegou. O choque que levei. Meu jeito. Eu quero poder ajeitar isso tudo — pareceu suspirar cansado — Eu fui um otário, mãe, eu...

— Você ama ela Zayn? — O garoto sorriu cansado, abaixando a cabeça.

Trisha sentiu o coração disparar no peito. Seu filho. Seu único menino, estava amando. Ela não achou que quando Zayn chegasse com uma namorada oficial, ela estaria acompanhada de um neto prestes a nascer. E com todos os julgamentos guardados para si, ela andou até seu filho o envolvendo em um abraço. Zayn deixou se erguido e agarrado por sua mãe, apoiando seu rosto no ombro dela.

Patrícia era sua confidente. Suas irmãs, em especial Donya, ele lidaria mais tarde. Seu pai, apoiaria se ele decidisse largar a banda por seu filho. Yasser preservava a família.

— Mãe — Zayn afastou a mulher — agora as coisas serão realmente difíceis para mim. Marx nos fez contratos, e eu vou precisar quebrar todos eles. Será um processo longo e eu não sei o que pode acontecer.

Big Girls Dont CryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora