Capítulo 1

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Mais um dia entediante na minha vida, acordei cedo, fui para um local onde passo a maior parte do seu dia, vulgo escola. Amigos? O que são? Os poucos que eu achava que tinha eram falsos. Um dia as máscaras caíram e vi quem realmente eram. Hoje em dia só tenho colegas de turma. Ninguém a quem eu possa contar verdadeiramente todas as minhas mágoas, desilusões, enfim, compartilhar um pouco do que eu sou.
A única diferença de hoje é que irei conhecer o homem infeliz que minha mãe está namorando. A minha situação com ela não é lá essas coisas, discutimos mais do que tudo, mas antes não era assim, quando tinha uns oito anos minha mãe era para mim a mulher maravilha. Mas, depois o trabalho foi tomando cada dia mais o seu tempo. E o que é engraçado é que sempre quando discutimos ela sempre diz a mesma coisa: "você é fria e insensível", sendo que ela que criou essa barreira entre nós.
Saio dos meus devaneios com a professora me chamando e volto a prestar atenção na aula.

—Ameera já que está prestando tanta atenção na aula, me responda: Durante o final da Segunda Guerra, começou a Guerra Fria, e nisso o mundo estava dividido em... - ela arqueia uma sobrancelha e me encara com um sorriso debochado.

—Entre capitalista, liderado pelos Estados Unidos e socialista, liderado pela URSS (bloco soviético socialista russo), senhora Dolores. - a respondo calmante e por dentro comemoro por ver o sorriso deixar seu rosto.

—Muito bem. Vocês todos deviam ser igual a Ameera e prestar atenção na aula e não ficar devaneando que nem uns e outros - ela diz para a turma e aproveita me alfineta. Minhas bochechas coram. 

Os últimos três tempos de aula passam lentamente, e quando o último sinal finalmente toca tenho vontade de chorar de tanta emoção. Saio apressadamente, pronta para chegar em casa e curtir meu feriado de ação de graças fazendo várias maratonas de séries. Já estava quase saindo da escola quando escuto alguém me chamando.
—Ei, espera! - July, uma garota nova que entrou no meio do semestre na minha turma. Até que gosto dela.

—Oi, July

—Já pode participar de corridas, porque, nossa como você anda rápido, hein! Mas indo direto ao assunto, nesse sábado agora eu vou dar uma festa - diz empolgada.

— Mas no dia de ação de graças? E seus pais deixaram?

—Meus pais, tem muito tempo que não os vejo, só sei que estão vivos pelas ligações que fazem todo mês. A única pessoa que fica comigo é o meu irmão, mas que na verdade não é realmente irmão, enfim, é complicado. Mas vamos mudar esse astral! Vai na minha festa? - seu humor muda para nostálgico e volta para empolgado.

—Vou ver se apareço lá - respondo sem muita animação.

—Por favor, apareça. Vou enviar meu endereço para o seu telefone. 

—Tudo bem, July.

—Beijos, Ames.

Finalmente começo a caminhar pelas ruas de Seattle que como é o começo do inverno está debaixo de uma chuva fininha. No caminho até a minha casa penso em como minha vida poderia ser diferente caso meu pai estivesse comigo e minha mãe não tivesse pedido o divórcio assim que viu que ele dava mais atenção à empresa do que a nós, por fim minha mãe também ficou mais ligada no trabalho do que em mim.

—É Ameera, você foi trocada pelos seus pais pelo trabalho. Você está sozinha -murmuro comigo mesma enquanto abro a porta de casa.

Começo a fazer a minha maratona de filmes e quando percebo já está na hora de me arrumar para conhecer o novo namorado da minha mãe.
Me arrumo após o banho e decido vestir uma calça rasgada, tênis e uma blusa mais seria. Meu cabelo é um castanho escuro totalmente liso e sem graça então tento cachear um pouco. Ele é totalmente diferente da minha mãe, que tem um loiro claríssimos que chega a ser quase branco.

Nas Asas do AnjoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora