Capítulo 6 - Celtas, anjos e gregos

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Por ser final de ano, estava tendo uma prova atrás da outra, então, não pensei muito como seria o meu final de semana, mas provavelmente seria algo tipo filmes e cobertor.
Não estava nos meus planos acordar às 7 da manhã no meu maravilhoso e frio sábado só porque tinha uma pessoa que parecia ter caído da cama tocando a campainha como se a vida dela dependesse de alguém abrir a porta.
Desci as escadas de madeira com as minhas meias de inverno que quase me fizeram escorregar em um dos últimos degraus. Eu que tive que ir atender a bendita porta, porque sabia que se dependesse da minha mãe seria um caso perdido já que ela foi para um de seus maravilhosos encontros e só voltou no nascer do sol.

—Já vai! - gritei irritada atravessando a sala.

Meu humor de manhã era horrível e ser acordada desse jeito piorava mais ainda a situação.

Pequei a chave em cima da mesinha de centro e ainda bêbada de sono demorei um século para abrir a fechadura.
A surpresa que tive ao abrir a porta acabou com qualquer resquício de sonolência que eu tinha.
Com aqueles inconfundíveis olhos verdes, cabelos tão pretos quanto petróleo e o bronzeado natural, meu pai segurava em uma das mãos um lindo buquê de tulipas rosas, as minhas preferidas.

—Bom dia, Amorinha! - disse com um sorriso digno de propaganda de pasta de dente.

—Papai! - exclamei atônica e avancei e nos abraçamos em um abraço de urso.

—Eu estava morrendo de saudades. Faz quase 6 meses que não nos vemos. Você disse tinha tido um problema na empresa e que só conseguiria terminar as mudanças na semana que vêm! - pronunciei em tom acusatório.

—Queria fazer uma surpresa, mas já que não gostou, eu posso ir embora e só voltar na outra semana. - disse todo dramático.

—Ah, pai - revirei os olhos por seu drama. —Vamos entrar aqui está congelando.

Ele entrou e eu mais que depressa fechei a porta para cessar com o vento.

—Ames, essas flores são suas. - ele me entregou o ramalhete.

—Obrigada, vou colocar um um jarro.

—Amorinha, você está usando um perfume bem doce, não é querida? -perguntou franzindo o nariz.

—Não, pai, é o mesmo de sempre. - falei com o cenho franzido.

Nunca entendi muito bem esse horror que Papai tinha por cheiros muito doces, era estranho. Mas quem sou eu para julgar uma pessoa não gostar de certo cheiro e considera "estranho"? Logo eu que descobri que sou imortal, porque afinal, eu sou supernormal.

Pequei o jarro em cima da mesinha de centro, corri para a cozinha, enchi d'água e coloquei novamente o jarro em cima da mesa, mas agora estava com as minhas belezinhas para enfeitar a sala.

—Pai, quer que eu faça alguma coisa para o café? Você já comeu alguma coisa? - sentei-me ao seu lado no sofá.

—Não para as duas perguntas, na verdade eu vim aqui para ver se você gostaria de sair para tomar café com este velho muito bem conservado, conhecer a minha casa e a empresa. E aí? Vamos? - perguntou bem-humorado.

—Claro que eu quero! Só vou trocar de roupa rapidinho.

Sai em disparada escada acima e consegui escuta-lo rindo.

Vesti um grosso suéter de lã bege, uma calça jeans preta e uma bota sem salto também preta. Olhei o meu reflexo no espelho e fiquei satisfeita com o que vi. Dei uma breve passada no quarto da minha mãe e deixei um bilhete na sua mesa de cabeceira, perto do celular. Desci saltitando pelo escada, e não escorreguei dessa vez.
Saímos de casa e fomos para a SUV negra do meu pai.

Nas Asas do AnjoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora