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Ao entrar no sex shop o atendente me olha estranho, mas o ignoro, devo ter escutado coisas, voltei-me para o dvd que fingia examinar, de um filme pornô intitulado o som e a fera. Era sobre “sexo animal”, com umas pessoas na capa usando fantasias de vaca (um úbere). Fiquei feliz que nenhuma vaca de verdade houvesse sido machucada (ou saciada) durante as filmagens. Ainda assim. Não é a minha praia. Ao lado dele estava um dvd intitulado transando no leito de morte, que tinha uma cena de hospital na capa. Era como grey’s anatomy, só que com menos grey e mais anatomy. Pensei por um instante: mal posso esperar pra contar isso a Taehyung, esquecendo, é claro, que ele deveria estar aqui comigo.

Não que eu pudesse não tê-lo visto entrar; o lugar estava vazio, exceto por mim, um garoto misterioso e o atendente, que parecia o pillsbury doughboy, o bonequinho de massa da pillsbury company, se a massa tivesse ficado fora da geladeira por uma semana inteira. Creio que todas as outras pessoas usavam a internet para obter seus produtos pornôs. E a frenchy’s não era exatamente convidativa — tinha a iluminação de uma loja de conveniências, que fazia todo o plástico parecer muito mais plástico e o metal parecer muito mais metálico, e as pessoas nuas nas capas dos dvds parecerem ainda menos sensuais e mais com pornografia barata. Passando por boquete em moisés e deleite vespertino em agosto, eu me vi nessa bizarra seção de itens em formato de pênis. Como minha mente é, no fundo, cheia de merda, comecei imediatamente a imaginar uma sequência de toy story intitulada sex toy story, na qual todos esses consolos e vibradores subitamente ganham vida e têm de fazer coisas como atravessar a rua a fim de voltar pra casa.

Mais uma vez, enquanto todos esses pensamentos me ocorriam, eu também pensava em dividi-los com Taehyung. Esse era o meu ponto fraco.

Minha atenção só foi desviada quando ouvi meu nome der dito pelo cara atrás do balcão.

— Min. Yoongi. Min. Yoongi. Onde foi que eu vi esse nome antes? Ah, certo. NÃO foi na sua carteira de motorista. — O tal cara diz.

— O cartão é meu. Eu sei a senha. Apenas... registre. — O garoto em sua frente diz.

O cara passa o cartão pela máquina e diz:

— Não tô nem aí, garoto. O dinheiro é o mesmo.

E, nesse exato momento, encaro o garoto em sua frente.

— O que você disse? — Pergunto ao atendente cheio de piercings pelo rosto.

— Eu disse que não tô nem aí pra identidade dele.

— Você não me chamou?

— De que porra você tá falando, garoto?

— Min Yoongi. Você falou Min Yoongi? Alguém aqui me chamou?

— Hã? Não, garoto. Min Yoongi é esse cara aqui — diz ele, apontando para o outro garoto com a cabeça. — Bem, há duas correntes de pensamento, creio, mas é o que diz neste cartão.

E, então, o olho confuso por um instante e por fim pergunto:

— Qual é o seu nome?

— Você pode me dar a revista? — Pede ao Piercings e ele a entrega em uma sacola plástica de um preto completamente opaco e sem identificação, e em seguida dá o cartão e a nota fiscal. Sai pela porta, na verdade corre.

Corro atrás dele, o vejo sentado no meio-fio da rua. Outro Min Yoongi?

— Quem é você? — Pergunto novamente.

— Hã, eu sou Min Yoongi. — Ele se levanta e responde.

— M-I-N-Y-O-O-N-G-I? — pergunto, soletrando impossivelmente rápido.

don't hug me ♠ yoonseokWhere stories live. Discover now