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Jung Hoseok.
Jung Hoseok.
Jung Hoseok.
Fico dizendo o nome dele sem parar na minha cabeça.
Jung Hoseok.
Jung Hoseok.
É um nome ridículo, e a coisa toda é ridícula, e eu não conseguiria parar se tentasse.
Jung Hoseok.
Se eu o disser vezes suficientes, talvez aceite o fato de Taehyung não existir.

Começa naquela noite. Diante da Frenchy's. Ainda estou em choque. Não sei dizer se é estresse pós-traumático ou trauma pós-estresse. O que quer que seja, uma boa parte da minha vida acabou de ser apagada, e não tenho a menor vontade de preencher o novo espaço. Deixe-o vazio, digo. Apenas me deixe morrer.

Hoseok, porém, não me deixa. Ele está fazendo o jogo do já-passei-por-coisa-pior, que nunca funciona, porque ou a pessoa passou por algo que absolutamente não é pior ("ele não era louro natural") ou diz alguma coisa que é tão pior que você tem a sensação de que seus sentimentos estão sendo completamente negados. ("bem, uma vez um cara me deu um bolo num encontro... e acabou que ele tinha sido comido por um leão! A última palavra que ele disse foi o meu nome!")

Ainda assim, ele está tentando ajudar. E acho que devia aceitar, já que estou precisando.

— Você não precisa ficar. Sério, Hoseok.

— O quê? E deixar você aqui no desalento?

— Isso está tão mais além de desalento. Isso é desespero completo.

— Awwwww.

E então ele me abraça. imagine ser abraçado por um sofá. É essa a sensação.

— Estou sufocando. — Tento dizer, mas com o seu super aperto a voz sai falha.

— Pronto, pronto. — Acaricia meu cabelo.

— Cara, você não está ajudando. — Eu o empurro, afastando-o. Ele parece magoado.

— Você me chamou de cara!

— Desculpe. É só que, eu...

— Só estou tentando ajudar!

É por isso que eu devia carregar comprimidos extras. Acho que nesse momento nós dois podíamos fazer uso de uma dose dupla.

— Desculpe. — Peço de novo.

Então ele olha pra mim. E é estranho, porque o que quero dizer é que ele está me olhando de verdade. O que me deixa completamente desconfortável.

— O que foi?

— Quer ouvir uma música de Hobi Dancer: a história de Jung Hoseok?

— Como?

— É um musical que estou produzindo. É baseado na minha vida. Acho que uma das canções pode ajudar neste momento.

Estamos numa esquina, diante de uma sex shop. Há pessoas passando. moradores de Seoul — não se pode ser menos musical que as pessoas de Seoul. Eu me encontro em um estado completamente destruído. Minha mente está infartando. A última coisa que preciso é que a "prima-dona" cante. No entanto, eu faço algum protesto? Decido viver o resto da vida dentro do sistema do metrô, me alimentando de ratos? Não. Apenas faço que sim com a cabeça, mudo, porque ele quer tanto cantar a tal canção que eu me sentiria desprezível se dissesse não.

Com uma inclinação da cabeça, Hoseok começa a cantarolar um pouco pra si mesmo. Assim que encontra o tom, ele fecha os olhos, abre os braços e canta:

"Pensei que você dos meus sonhos realidade iria fazer
Mas não era você, não era você

Pensei que dessa vez em tudo novo iria crer
Mas não era você, não era você

Imaginei todas as coisas que a gente iria viver
Mas não era você, não era você

E agora sinto em meu coração a calamidade
Não é verdade, não é verdade

Posso ser grandalhão e medroso parecer
Maa a minha fé no amor não irei perder!

Do curso com frequência eu resvalo
Mas não vou desmontar de meu fiel cavalo!

Não era você, agora eu sei
Mas há mais na vida do que eu imaginei

Pensei que você fosse um garoto com visão,
Seu convencido, egoísta, megera, aberração

Você me chutou até que roxo me vi
Mas com essa experiência eu cresci

É verdade, e eu quero mais é que vá se foder
Existem caras melhores pra conhecer

Não vai ser você, comprende vous?
Nunca, jamais será tu."

Hoseok não se limita a cantar esses versos — ele os interpreta. É como um desfile saindo de sua boca. Não tenho a menor dúvida de que as palavras atravessam o lago han e se espalham por quase toda a Coréia, seguindo pra Asia inteira. Papai noel está se virando pra Sra. Noel e dizendo: "que porra é essa?" estou completamente mortificado, mas aí Hoseok abre os olhos e me olha com um carinho tão óbvio que não tenho ideia do que fazer. Ninguém tenta me oferecer algo assim há séculos. Exceto Taehyung, e ele não existe. Não importa o que se possa dizer de Hoseok, ele decididamente existe.

Ele me pergunta se quero dar uma volta. Mais uma vez, faço que sim com a cabeça, mudo. Não é como se eu tivesse algo melhor para fazer.

— Quem é você?

— Jung Hoseok!

— Você não pode se chamar Hoseok de verdade. — Talvez seu nome nem seja considerado anormal, mas mesmo assim meu cérebro não consegue se acostumar.

— Mas me chamo.

— Ah.

— Tsc. Não precisa ficar fazendo "ah" pra mim. não tenho problemas com isso. tenho ossos largos, mas nem tanto.

— Cara, não são só os seus ossos, você é realmente um garoto alto.

— Isso só significa que tem mais de mim pra amar!

— Mas isso requer muito mais esforço.

— Querido, eu valho a pena.

O bizarro é que preciso admitir que tem alguma coisa um pouco atraente nele. Não consigo entender. É como, sabe quando às vezes você vê um bebê sexy, como o Jooheon? Espere, isso soa péssimo. Não é isso que quero dizer. Mas é, assim, embora seja grande como uma casa (e também não estou falando de uma casa pobre), ele tem a pele superlisa e olhos muito verdes e tudo está em, assim, proporção. Por isso, não sinto a repulsa que esperaria sentir em relação a alguém com duas vezes o meu tamanho. Quero dizer a ele que eu deveria estar por aí matando pessoas agora, não dando uma volta com ele. Nas Hoseok tira um pouco do homicídio da minha cabeça, o que não quer dizer que isso não vai estar lá mais tarde.

***

uuuuuh

don't hug me ♠ yoonseokWhere stories live. Discover now