Vinte e nove: when will I see you again?

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|Allison|

Todos estamos caminhando lado a lado para voltarmos para a casa do lago. Olho para o relógio no meu pulso e vejo que já são quase três horas da manhã, o que me deixa preocupada, já que daqui há poucas horas eu estarei fazendo uma prova na qual eu não sei absolutamente nada.
Não é que eu não queira estudar, eu só não consigo me concentrar! É tão difícil focar em algo quando eu já tenho milhões de outras coisas na cabeça.

Madison, Ryan, Megan e Nicolas caminham juntos um pouco mais a frente que eu e Dylan. Nós estamos em um silêncio reconfortante desde que saímos da parte mais interna da escola, onde Dylan trabalhava com suas pinturas, que para a minha felicidade já estão sendo muito amadas por todos os alunos.
O único problema disso tudo é que infelizmente a vigilância do colégio aumentou. Por sorte o nosso grupo não foi pego hoje, o que eu achava que provavelmente aconteceria.

— Eu gosto desse horário! Tudo parece tão silencioso. — Dylan disse por fim. Eu balancei a minha cabeça em afirmação.

Eu não sei o porquê, mas hoje eu simplesmente não consigo afastar o meu olhar dele. É claro que eu não posso negar que o Dylan sempre foi muito bonitinho, mas hoje ele está radiante! E isso me contagia e me atrai de uma forma inexplicável.

Ele usa uma blusa branca bem apertadinha, mas por cima dela há uma jaqueta de couro preta muito bonita e bem cuidada. Parece que o mesmo acabou de sair de um filme dos anos 50, tirando é claro, os cabelos cheios de gel que os caras costumavam usar na época. Dylan deixa o seu bagunçado em qualquer situação.

— Por que você está me encarando assim? — ele pergunta com um sorriso no rosto enquanto caminha com as duas mãos nos bolsos da sua calça jeans. Dou um leve olhar de esguelha antes de responder e percebo que o resto do grupo já entrou na casa do lago.

— Não é nada...só estou pensando.

Encaro o lago sujo ao lado da casa onde eu vivo atualmente, e para a minha grande surpresa ele parece estar brilhante! Eu nunca tinha reparado nele durante a noite, e caramba! Por um momento eu consigo esquecer que esse lago é imundo.
É claro que eu reclamo da casa do lago, afinal ela não é nenhum hotel cinco estrelas, mas de algumas semanas para cá eu percebi que se abrirmos espaço para enxergá-la de outra maneira pode até dar certo.

Reparo na grama por um mínimo segundo. Ao redor da nossa casa só existe o lago e a grama rasteira. É como se vivêssemos na roça!

— Quer compartilhar os seus pensamentos comigo? — ele me pergunta enquanto para de andar abruptamente fazendo eu perceber que eu estava tão perdida em meus próprios desvaneios que nem ao menos percebi que já tínhamos chegado.

Mas mesmo estando um pouco atordoada eu percebi nos olhos do Dylan que ele não queria entrar. E então, eu fiquei.

— Só estava pensando...amanhã eu tenho prova e não sei praticamente nada e, para piorar, eu ainda tenho que arrumar uma atividade física para praticar!

— Como assim?

— Minha terapeuta disse que é mais do que fundamental para o meu tratamento.

— E o que ela sugeriu?

— Dança. — eu gargalho alto e percebo que o Dylan arqueia a sobrancelha. — eu sou péssima na dança, isso é um fato.

— eu sou ótimo, sabia? — ele dá um giro e manda uma piscadela. Eu rio novamente. Ele só pode estar de brincadeira!

— É mentira!

— Estou falando sério! — ele tira o celular do bolso e depois de alguns segundos uma batida eletrizante começa a sair do alto-falante do celular. Eu consigo reconhecer a música depois de poucos instantes.

É "when will I see you again" do Shakka.

Dylan se aproxima de mim e eu arqueio a sobrancelha enquanto gargalho mais uma vez. Essa é com certeza uma das cenas que eu nunca imaginaria que aconteceria.

— Você vai mesmo me ensinar a dançar?

Ele não me responde, mas quando chega perto o suficiente de mim o mesmo aponta para a minha cintura como se estivesse pedindo uma permissão silenciosa. Eu aceno em concordância e ele envolve as suas mãos grandes nela.

— Só relaxa...deixa o seu corpo fluir sozinho.

Dylan começa a controlar a nossa dança. Ele se afasta e se aproxima diversas vezes enquanto conduz o meu corpo e por um momento eu realmente sinto que eu estou dançando, é incrível!

— Não sabia que você dançava tão bem! — digo enquanto ele me gira.

— Minha tia tinha um estúdio de dança quando eu era pequeno e ela fazia questão que eu praticasse.

Enquanto conversamos o Dylan diminui o ritmo, e quando percebo estamos praticamente valsando. As suas mãos ainda estão na minha cintura e as minhas estão em torno do seu pescoço.

— Quando eu era menor queria ser bailarina...mas eu era realmente péssima.

— Não imagino você sendo péssima em algo, Allison. — Dylan diz em um sussurro. Consigo sentir o seu hálito quente perto de mim.

O seu olhar está preso nos meus lábios. Dylan aperta ainda mais a minha cintura fazendo com que eu fique ainda mais próxima dele, mas por mais estranho que pareça, eu quero mais proximidade.

— Allison... — ele sussurra quando nossas testas se encostam.

Não deixo ele terminar de falar. Eu puxo o seu pescoço e colo os nossos lábios. Dylan não recua, apenas envolve mais o meu corpo com as suas mãos grandes que viajam pelas minhas costas me causando alguns arrepios. Puxo ainda mais o seu pescoço em uma tentativa de colar ainda mais os nossos corpos, como se isso fosse mesmo possível.

Quando nos separamos as nossas respirações estão extremamente ofegantes. Eu sorrio, mas não me afasto nem por um segundo.

— Eu disse que não conseguia imaginar você sendo péssima em alguma coisa...e uau, Allison! Eu estava completamente certo.

Eu rio e escondo o meu rosto em seu ombro. Ele acompanha a minha risada.

SOB O MESMO TETOOnde histórias criam vida. Descubra agora