Capítulo 02

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APENAS ALGUNS CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO


No dia seguinte após o almoço, Maria foi ao encontro de Lucena, que sorridente a levou duas ruas atrás do bar, onde Maria nunca havia ido, e lá havia uma biblioteca, uma pracinha, sorveteria e um parquinho de bairro com a maioria dos brinquedos em manutenção. Mesmo assim Maria estava encantada com a parte mais jovem da estranha cidade. Lucena a levou até a biblioteca e a apresentou à moça de cabelos vermelhos e um enorme sorriso atrás do balcão da recepção. Após apresentar as duas, Lucena saiu.

— Então, como você veio parar nesse fim de mundo? — perguntou Jessica.

— Menor idade do que foi determinado pelos meus pais para responder por mim, eles morreram há um tempo e eu estava bem em uma república com uma amiga, mas a justiça descobriu e eu tive que viver com um responsável.

— Que pena! Pelo menos você conheceu a cidade grande. Eu nasci nesse lugar, nunca saí daqui. Mas um dia eu vou sair.

Maria passou a tarde mais agradável desde que chegara a pequena cidade, Jessica tinha sua própria versão de cada morador da cidade, não do jeito maldoso das amigas da tia, mas de um jeito engraçado. Quase na hora da biblioteca fechar, Maria teve uma ideia:

— Já que você conhece todo mundo aqui, me diz, você conhece o morador do castelo da rua abandonada?

Jessica ficou pensativa, depois de quase um minuto, respondeu.

— Eu era pequena quando o castelo ficou pronto, todos comentavam, a maior casa da cidade, diziam que os moradores eram uns riquinhos esnobes. Mas quando eles se mudaram, todo mundo teve que engolir essas palavras. Era um casal simpático. Eles eram jovens, recém-casados e muito legais. Eu me lembro pouco da mulher, mas o homem, nossa! O homem mais lindo que eu já vi na vida, um corpão, você tinha que ver.

Maria riu.

— E eles não moram mais lá?

— Não, mudaram-se há anos, na mesma época que a dona Lucena se mudou para a cidade.

— E isso foi há quanto tempo?

— Uns dez anos eu acho. É mais ou menos isso.

— Mas eles simplesmente foram embora?

— Ih menina, mas isso é um mistério. Não havia muitas crianças na época, mas as poucas que havia não puderam saber de nada, minha mãe me fez ficar três dias enfiada dentro de casa. Eu não vi a mulher saindo, mas o homem, o gatão, eu lembro que vi da janela ele saindo numa viatura.

— Viatura?

— É. Deu até no jornal na época, mas eu não sei o que aconteceu. Ele me dava bala todo dia, não me parecia um bandido se quer saber.

— E por que ninguém mora na rua?

— Bom, é uma rua pequena, o casal ocupou quase metade dela com aquele castelo. Acho que só havia mais três casas na rua, mas depois que a mulher foi embora e o homem preso, os moradores saíram de lá e a rua ficou fechada por anos. E não sei por que, mas ninguém mais vai lá.

— Estranho.

— É. Mas por que essa curiosidade toda?

— Nada, só curiosidade.

— Então senhorita curiosa, eu acho que lá em casa ainda tem um jornal falando sobre isso eu vou tentar pegar das coisas do meu pai para você.

— Obrigada.

Maria se despediu de Jessica feliz pela nova amizade, mas ainda mais confusa em relação ao castelo. Um casal novo que simplesmente sumiu. E principalmente o medo que as pessoas mais velhas sentiam daquela ruazinha. Sem perceber, Maria estava novamente em frente à rua escura. Começou a andar no sentido contrário, mas uma coisa lhe ocorreu, se alguém morava de fato naquele lugar, as luzes do castelo estariam acesas àquela hora da noite. Maria entrou pela rua que era ainda mais assustadora à noite e foi até a entrada do castelo esperando ver alguma luz. Mas, para seu desapontamento, o castelo estava totalmente apagado. Nenhuma luz ou movimento podiam ser percebidos lá. Olhou por um tempo, mas por fim se convenceu que realmente ninguém morava lá, devia ser coisa de sua cabeça o vulto na janela. Virou-se para ir embora e percebeu alguém pouco à sua frente, escondido em uma das casas abandonadas. Pela altura e a silhueta era um homem, assim que Maria o olhou, ele correu para dentro da casa e Maria para fora da rua.

O assassino - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now