Capítulo 07

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 Na manhã seguinte, Maria levantou sem ter certeza do que faria. Meio que sem ver, acabou parada em frente ao castelo, ponderando se entrava ou ia embora. Uma voz gritava em sua cabeça que deveria sair logo, que ele era realmente perigoso. Mas uma vozinha insistente dizia sem parar que era um engano, uma conclusão errada. Um homem tão delicado como Inácio jamais machucaria alguém. "Louco". Foi o primeiro pensamento de Maria, ao encontrar o portão aberto. Um dia diz que ela deveria se afastar dele e no outro lhe manda flores. O que mais irritava Maria era que, se esse era um jogo para atrair uma possível vítima, conquistá-la deixando todo esse mistério para que ela ficasse, estava funcionando perfeitamente. Decidiu então que não falaria sobre suas suspeitas, não quando ele não tinha feito nada a ela que explicasse sua desconfiança. Quando entrou pelo portão, olhou para a janela da torre esquerda e lá estava ele. A sombra de Inácio estava na janela olhando para ela, era como se ele quisesse aparecer, mas houvesse algo que o impedia. Maria não soube explicar o que aconteceu então, foi como se a razão gritasse tão alto, que seu corpo automaticamente obedecesse ao que ela falava desde o primeiro momento, Maria correu daquele lugar de volta para a casa da tia, sem olhar para trás, sentindo um medo que nunca sentira e uma vontade de chorar que não entendia.

Nos dias que se seguiram, Maria não saía de casa, disse a Marta que estava doente e não queria ver ninguém. Não atendia nem mesmo Jessica, menos ainda Moisés. Nem mesmo os telefonemas de Cláudia ela queria atender, precisava pensar, precisava ligar os fatos de uma maneira em que Inácio fosse inocente. Sentia-se estranhamente doente por dentro, sem vontade de fazer nada, mal saía do quarto, não comia direito, vez ou outra sonhava que estava se afogando e um anjo a salvava e aqueles lindos olhos azuis brilhavam enquanto uma voz dizia que ele era inocente. Mas Maria ainda estava muito confusa.

Com uma semana que não ia trabalhar, numa noite de chuva, Maria estava na janela de seu quarto observando a rua, e do outro lado, mal escondido atrás de uma árvore, havia um homem com uma blusa de capuz que olhava na direção dela. Maria sentiu sua respiração falhar e aquela mesma sensação de medo que sentiu uma vez, na Rua Londrina, quando um homem a observara de uma das casas. Ele estava lá. Será que era Inácio? Será que ele era um louco possessivo como Jessica certa vez supusera? Maria fechou as cortinas e deitou-se atordoada. Naquela noite, ela sonhou de novo com a mulher loira lhe pedindo ajuda.

Na manhã seguinte, levantou-se disposta a não deixar que um estranho qualquer a mantivesse trancada dentro de casa, estava decidida a sair um pouco, mas não iria para o castelo, ainda não sabia o que pensar sobre Inácio, mesmo que aquela sensação insana de que ele era inocente estivesse crescendo dentro dela. Ela precisava ouvir a razão e se afastar definitivamente dele. Saiu do quarto se sentindo melhor e topou com a tia recebendo uma caixa colorida de um homem a porta. Sentou-se para tomar café e a tia veio em sua direção sorridente:

— Chegou para você, Maria. Como é romântico esse Moisés!

Maria pegou a caixa colorida embrulhada num laço com um cartão. Marta saiu da cozinha satisfeita enquanto Maria abria lentamente o cartão, com certo medo do que estaria escrito.

"Será que finalmente consegui assustá-la?"

Maria levantou-se num impulso e saiu de casa. Precisava de uma segunda opinião. Encontrou Jessica com a cara de sono de sempre na biblioteca.

— Olha quem apareceu, afinal de contas o que aconteceu com você?

— Depois eu explico. Jessica, ontem à noite eu vi pela janela do meu quarto um homem me espiando do outro lado da rua e hoje, recebo isso. — Maria entregou a caixa de chocolate e o cartão para Jessica.

Ela leu o cartão e depois encarou Maria.

— É meio óbvio que o Sr. Estranho aqui estava te observando ontem.

O assassino - DEGUSTAÇÃOजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें