Capítulo 8 - Noite de pizzas

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Brenda Walker

Sábado

Não sabia exatamente o que eu gostaria de fazer naquele fim de tarde e início de noite. Os convites enviados no Facebook sobre festas que rolariam na cidade e principalmente de alunos que estudavam comigo no colégio comigo eram muitos, apesar de eu não conhecer metade daquelas pessoas.

Eu provavelmente estava presente em todas aquelas listas de convidados, pelo simples fato de ter começado uma amizade com os meninos, mesmo porque, seus nomes eram os únicos que estavam presentes em todos os convites.

Indaguei-me a pensar sobre fazer algo diferente. Nada de festas. Ou se fosse para fazer algo, com pequenas pessoas, apenas os essenciais.

— Mãe? Você acha que posso fazer algo hoje à noite aqui em casa? — Perguntei.

— Você irá chamar amigos? — Perguntou sorridente, empolgada com a minha pergunta.

— É, são poucos, vai ser algo pequeno. — Expliquei.

— Você quer que a gente saia de casa? — Perguntou sorridente.

Mamãe tinha um jeito lindo de tentar passar um pouco de liberdade para mim. Não que eu os quisesse fora de casa para poder trazer pessoas, no caso, meus novos amigos. Como havia um pequeno gramado atrás de casa onde ficava a nossa churrasqueira e uma mesa, não seria necessário que saíssem.

— Não precisa, nós podemos usar lá atrás. — Expliquei. 

Ela concordou em sequência e logo em seguida iniciamos uma longa conversa sobre o que poderia servir para todos comerem. A princípio pensei em churrasco, mas para isso meu pai teria que fazer ou então um dos meninos, e não queria dar trabalho para ninguém.

Então, nós chegamos na conclusão de que o mais fácil e simples que a maioria dos adolescentes gostam é pizza.

— São quantas pessoas mais ou menos? — Mamãe perguntou, já com um bloco de notas em mãos fazendo o cálculo de quantas pizzas daria para comprar.

— São quatro meninos e mais duas meninas, pelas minhas contas. — Respondi, lembrando dos meninos, da Angélica e da Thais.

— Você acha que eles comem muito? — Perguntou curiosa.

            E lá estava eu tentando organizar algo para pessoas que eu havia acabado de conhecer e nem conhecia seus gostos essenciais para saber pelo menos o que pedir para comermos. Antes de qualquer coisa, o certo a se fazer era convidá-los, a pizza nós poderíamos pedir na hora sem gerar nenhum transtorno.

            Tudo seria muito mais fácil se eu tivesse seus números de celulares para simplesmente criar um grupo no WhatsApp, onde poderia pedir de uma vez só para que venham até a minha casa.

            Por conta disso, utilizei a única ferramenta que me era disponível no momento: grupo no facebook.

"Pizza na minha casa às 20h de hoje, quem topa?"

            Após descrever exatamente o endereço da minha casa, o horário e o que teria ali, terminei de colocar as seis pessoas e enviei.

            Se eu estava ansiosa para obter as respostas? Claro. Não via a hora das respostas chegarem. O problema era que ainda era cedo demais e provavelmente todos estavam ocupados em sua casa ou com seus amigos.

            Em vez de ficar parada em frente ao computador na espera de respostas, resolvi fazer o que mamãe havia pedido: dar uma geral na casa. Enquanto varria a sala de estar, Evelyn chegou correndo com o tênis todo sujo de areia.

— Onde você estava? — Perguntei com raiva. — Não está vendo que estou varrendo?

— Na vizinha. — Respondeu dando de ombros. — É só varrer ali onde está sujo de areia.

            A minha única vontade naquele momento era fazê-la engolir aquela areia toda. Mas eu tinha feito uma promessa para mamãe, isso se eu quisesse ir até o acampamento em Florianópolis.

            O jeito era respirar fundo e acordar até dez para não arrancar aquela peruca pink que ela insistia em usar todos os dias.

— Mãe, você pode por favor pedir para Evelyn cooperar quando eu estiver limpando a casa? — Pedi.

— O que ela fez dessa vez? — Perguntou sem dar importância.

— Entrou correndo sem tirar o tênis e encheu de areia pela sala onde eu já havia varrido. — Expliquei.

            Sabia que mamãe não gostava nenhum pouco de fofoca, mas essa não era a intenção. A única intenção era que se ela não quisesse ajudar a limpar a casa, que pelo menos não sujasse ainda mais.

Ela apenas concordou balançando a cabeça positivamente. Provavelmente mal havia escutado de verdade o que eu acabei de dizer.

            Quando por fim consegui voltar para o meu quarto, talvez um tanto fedida pelo suor que havia me causado a limpeza, antes de procurar pelo chuveiro, sentei em frente ao computador ansiosa para obter respostas.

            Um sorriso brotou em meus lábios assim que vi que todos haviam aceitado o convite para vir até a minha casa.

O que eu fiz? Em vez de festejar sozinha, sai correndo pelo corredor até o quarto da minha mãe e a abracei enquanto ela guardava roupa.

— O que estamos comemorando? — Perguntou confusa.

— Eles vão vir hoje, todos. — Respondi animada.

— Que bom filha, prometemos não fazer você passar vergonha. — Prometeu sorridente.

— Lamento saber que a minha irmã não poderá prometer o mesmo. — Falei baixinho na tentativa de que ela não escutasse.

            Mamãe me olhou como se o que eu acabara de dizer fosse algo muito feio e talvez um tanto imaturo.

Tentei deixar o lado de trás de casa o mais organizado possível.

O certo seria não ficar tão ansiosa para algo tão simples. O problema era que eu os tava trazendo para a minha vida e gostaria que permanecessem.

Em Florianópolis fora difícil fazer amigos, amigos de verdade.

Por sorte o clima estava estável, nem frio, nem quente. O tempo estava ótimo para ficar do lado de fora. O vento estava gostoso, não frio.

Permaneci com uma bermuda jeans rasgada e uma blusa leve de manga comprida.

Sentei no sofá e fiquei lá com a minha incrível irmã sentada assistindo televisão. Passei o braço ao redor do pescoço dela e trouxe sua cabeça para perto de mim.

— Se você não me fazer passar vergonha hoje, eu te dou dez reais. — Cochichei em seu ouvido.

— Quinze. — Falou. — E quero adiantado.

Com quem ela havia aprendido aquela chantagem? Eu nunca havia feito isso com ninguém em minha vida.

— Por que quinze? — Perguntei curiosa.

— Uma blusa que eu vi na loja da Lú. — Contou.

Lú era uma grande amiga da nossa mãe, talvez a melhor amiga. Ela tinha uma loja de roupas e acessórios perto da nossa casa, uma rua depois para ser mais exata.

A coisa mais incrível da sua loja era o fato de lá ter roupas com um preço super baixo e com uma qualidade lá em cima. Entendia perfeitamente o interesse da minha irmã.

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Pedir dinheiro para favores, pode ou não pode? Quem nunca?

O que estão achando da história? Querem mais capítulos?

Espero que gostem.

Quando O Seu Coração Chamar | TEMPORADA 01Onde as histórias ganham vida. Descobre agora