Capítulo 15 - Chances

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Brenda Walker

Segunda-feira

Enquanto caminhava até a escola, fiquei imaginando qual era a probabilidade de encontrar a mesma pessoa, mais ou menos na mesma situação desastrosa.

Nós poderíamos ter nos encontrado em um momento mais generoso. Onde possivelmente eu poderia estar mais arrumada e ele sem um skate que pudesse me acertar. Ah, e com certeza sem a presença da minha irmã mais nova.

Eu poderia escolher contar para mamãe sobre a minha mais nova amizade com um garoto. Mas então, eu não saberia dizer-lhe quanto tempo durariam nossas conversas. Quem sabe eu contasse as coisas empolgada demais e no fim não seriam nada. Criaria expectativas em mim e ao mesmo tempo nela.

Mentalmente decidi não falar nada.

"Bom dia algodão! Acho que é a primeira vez que acordo pensando em um algodão doce rosa."

Julio

Minhas bochechas automaticamente tornaram-se rosas ao ler sua mensagem.

"Ã, bem. Acho que é a primeira vez que acordo com a canela doendo porque alguém bateu com um skate em mim. BOM DIA!"

Brenda

Estava distraída com as mensagens ao chegar no portão do colégio, que nem mesmo percebi que meus mais novos amigos estavam ali parados conversando. Somente quando me chamaram que notei que havia passado por eles.

— Ei! O Brenda! — Gritou Gabriel, fazendo-me retirar os olhos da tela do celular.

— Ah, desculpa, nem vi vocês. — Desculpei-me.

Eles se entreolharam como se duvidassem das minhas palavras.

— O que é mais interessante nesse celular? — Dessa vez Henrique se pronunciou tentando olhar minhas conversas.

— Estou falando com uma amiga minha de Florianópolis, só contando as novidades mesmo. — Menti.

Não demorou muito para que o interrogatório chegasse ao fim e eles finalmente me deixassem ir para a sala.

Química. Como alguém poderia ser bom nesta matéria? Ao meu lado, Thaís resolvia as fórmulas sem nenhum problema. Era como se sua mão simplesmente soubesse todas as respostas e fosse algo automático. 

Talvez o professor tivera notado a minha inteira atenção ao caderno da minha amiga, pois não demorou muito para que meu nome fosse chamado.

— Brenda? Está com algum problema? — Sua voz soava um tanto rude. Era perceptível o tom de desgosto em sua voz.

Eu poderia dizer que não havia nenhum problema. Que estava apenas tendo algumas dificuldades em sua matéria, mas a verdade era que assim como eu, vários outros alunos estavam empacados nas primeiras questões.

— Na verdade, seria ótimo se você pudesse explicar novamente fazendo pelo menos a primeira questão como um exemplo, por favor. — Deus, eu estava quase gritando internamente, mas o meu externo estava calmo por sorte minha.

Seu maxilar ficou duro. A face que já não aparentava estar muito alegre, fechou-se ainda mais com a minha resposta.

— Mais algum aluno se encontra com as mesmas dúvidas que a senhorita Walker? — Perguntou, passando os olhos atentamente a todos os alunos da classe.

Quando imaginei que me deixariam na mão e que provavelmente receberia uma bronca sobre não prestar a atenção em sua aula, Angélica levantou seu braço e com isso mais uns três ou quatro alunos atrás dela fizeram o mesmo.

— Certo. — Ele engoliu em seco. — Espero que dessa vez vocês consigam assimilar o assunto.

Sorri agradecida pelos meus companheiros e recebi uma piscada da minha mais nova amiga. Já Thais talvez nem tenha percebido a conversa a sua volta.

Enquanto ele explicava praticamente toda a fórmula novamente, infelizmente o sinal tocou avisando que o intervalo havia chegado.

— Estou com uma leve impressão de que esse professor não gosta de você. — Thais comentou ao meu lado, enquanto me aguardava pegar uma caixinha de suco.

— Uma leve? — Perguntei irônica. — Depois de hoje com certeza estará de marcação comigo.

Do meu outro lado, Angélica digitava freneticamente em seu celular. A minha imaginação era fértil e me garantia que estava conversando com seu ex-namorado.

— Da um espaço para ele. — Falei. — Deixa ele correr atrás.

Nos sentamos na mesa do canto do refeitório, mesmo que nenhuma de nós estivesse fazendo realmente uma refeição.

— Como sabe que estou falando com Henrique? — Perguntou curiosa.

— Esse seu sorriso. A sua pressa em responder. — Respondi como se fosse óbvio.

Ela revirou os olhos com a minha resposta e deixou um pequeno sorriso escapar. Enquanto isso, os olhos de Thais estavam focados na porta de entrada, era como se estivesse hipnotizada.

— Quem é aquela? — Perguntei ao notar uma menina bonita e diferente atravessando a porta.

Ela era com certeza mais alta do que nós três. Seu cabelo era curto assim como o meu, mas definitivamente preto. Olhos azuis que chegavam a brilhar de acordo como a luz batia neles. A pele estava bronzeada, mas devido à grande quantidade de roupa preta e carregada, não parecia ser o tipo de menina que gostava de sol. Seria uma ótima vampira em livros.

— Beatriz Dantas. — Sussurrou. — A menina mais rica e popular desse colégio.

— Só existe uma regra: Não fale com ela. — As duas pronunciaram juntos e talvez tenha sido um pouco alto, já que os olhos da moça chegaram até nós e acredito que caso ela tivesse poderes teria sido mortal para nós três.

Instantaneamente baixei a cabeça envergonhada por estar a olhando daquele modo.

— Sabe... Eu acho que depois que eu e o Henrique voltamos a nos falar ficou mais fácil aceitar o término. — Angélica falou do nada, o que foi estranho considerando que haviam se beijado há pouco tempo e que depois estavam trocando mensagens.

— Por que está falando isso? — Perguntei preocupada. — Vocês não estão quase voltando?

— Ah. Eu sei que coisas aconteceram e eu já não esperava mais que iriam acontecer. Mas, é estranho. — Deu de ombros.

Ela estava entrando na fase de aceitação e caso passasse a gostar desta etapa, talvez não quisesse mais ficar com Henrique.

Quando O Seu Coração Chamar | TEMPORADA 01Onde as histórias ganham vida. Descobre agora