capítulo 37

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Eva

Chegamos em Boston de madrugada, o fuso horário confuso faz com que minha cabeça queira explodir de tanta dor. Vim todo o caminho organizando meu trabalho com o julgamento. E isso não foi só porque eu queria ignorar completamente o homem sentado na poltrona a minha frente, mas também porque realmente estou atrasada com este trabalho, já que sempre que tento me concentrar nele, meu chefe resolve que tenho alguma outra função para fazer. Quando o jatinho pousa, ele me ajuda com a mala, um gesto delicado demais para um homem tão absurdamente arrogante. O carro da partida e estaciona em frente ao hotel que eu mesma fiz a reserva.

- Boa noite, reserva em nome de Alarick Cross por favor. - noto quando o quão a voz grossa atinge a recepcionista a sua frente: "ó querida, realmente entendo como está se sentindo", ela cora quase que instantaneamente e me esforço para não revirar os olhos. Mas só aí me toco, quando ela lhe dar a chave do quarto, que com toda essa loucura, e a minha vinda de última hora, eu não liguei para fazer uma reserva para mim.

- Gostaria de um quarto, por favor! - digo abrindo minha boca pela primeira vez desde que saímos de casa.

- A senhora tem reserva? - ela pergunta

- Eu tinha para a próxima semana, mas houve um imprevisto. - respondo

- Sinto muito senhora, mas sem reserva, creio que não irá encontrar vaga em nenhum hotel ou pousada da cidade, está tudo lotado por conta da convenção de médicos da região. - Droga, droga, droga!!!!! Respira Eva, um, dois, três, respira, um, dois, três. É esse nome, é esse maldito nome, Deus realmente só pode está me castigando por ter o nome da maior pecadora de todos os tempos. Olho para o lado e tenho o vislumbro de um sorrisinho cínico no canto dos labios do meu querido chefe. Respiro fundo mais uma vez e o encaro.

- Parece que esquecemos desse pequeno detalhe, senhorita Stuart. - ele diz e sinto a ironia em sua voz, mas não respondo - Resolveremos esse impasse, não se preocupe, vamos. - diz virando as costas para mim e só o acompanho. Saímos do elevador e entramos na suíte presidencial. Caberia 2 apartamentos do meu aqui. É a única coisa que consigo imaginar. O mesmo disponibiliza de uma sala enorme, com lareira, um sofá grande, tv, frigobar, tudo é puro luxo. Noto uma porta no canto esquerdo e imagino que seja o quarto, em frente à porta principal vejo duas janelas de vidro que vão do chão até o teto, está um pouco escuro, mas ainda assim da pra ver as luzes da cidade brilhar, imagino que haja uma sacada ali. Desvio à atenção do lugar belíssimo e foco no meu chefe

- Senhor, disse que resolveriamos esse problema, pode me dizer como? Por que já é madrugada. - digo, com a voz exausta. Ele tira o paletó e joga-o em cima de uma poltrona e vai se servir de whisky. Quando olha pra mim, noto que também está cansado, não é pra menos, a viagem foi realmente longa, e nenhum de nós dormiu.

- Por que foi embora? - ele quebra o silêncio que tinha se instalado no quarto. Suspiro

- Senhor Cross, estamos aqui a negócios e não pra falar de coisas pessoais. - digo

- O horário comercial já acabou Eva - diz se aproximando ainda com o copo de bebida na mão, dou alguns passos para trás e acabo esbarrando na porta. Droga! Sabia que isso ia acontecer, acabaria sendo encurralada. - Responda! - sinto sua respiração em meu rosto, ele está calmo

- Aquilo não foi certo, devemos esquecer. - falo em um fio de voz, noto uma ruga em meio as suas sombrancelhas franzidas

- Está dizendo que eu fui um erro? - sua voz é tão baixa e rouca, que sinto todos os pelos do meu corpo se erguirem

- Cross... - sussurro quando ele encosta a ponta do nariz no meu

- Não ouvi você dizendo que era errado quando gemia embaixo de mim - devolve o sussurro e ele me acerta como um soco no estômago. Tento me afastar, mas os braços dele me prendem contra a porta

- Você é meu chefe! Aconteceu, não podemos fazer mais nada em relação a isso. Mas já passou! Então se não vai me demitir pelo o que houve, quero que me respeite como sua funcionária. Por que essa é a única relação que podemos ter! - digo tão firme, que até mesmo eu me assusto. Ele me encara, pensativo e depois se afasta um pouco, mas não o suficiente para sair do meu campo de visão.

- Sinto muito por ter interpretado as coisas de maneira diferente, senhorita Stuart. - diz olhando em meus olhos, e depois sai em direção ao que suponho ser o quarto. Solto uma respiração exacerbada, que até agora, não tinha percebido que estava prendendo.

- Senhor! - o chamo e ele olha para trás desabotuando a camisa - Onde vou dormir? - pergunto e ele sorrir

- O quarto é enorme Eva, espero não lhe incomodar, fique à vontade! - fala e desaparece atrás das grandes portas.Deus, por favor, me ajude!

Perca o Controle (Livro Concluído - em revisão) Where stories live. Discover now