When A Stranger Comes Out Of The Movies

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"Um tom de discagem, um toque mortal. Tão distante de todo o resto. Sem telas de projeção ou cenas de filmes. Quando chega seu número, é hora de gritar." - Ice Nine Kills. 


Era noite, um pequeno e redondo lago calmo parecia dormente. A casa marrom dando aparência de ser feita toda de madeira envernizada por fora quase parecia ser uma parte natural do local, se não fosse pelo luxo da grande residência que a destacava sobre a terra. A fachada, conta com uma varanda espaçosa e uma grande janela retangular, indo quase de ponta a ponta feito uma grande tela de cinema, expondo o interior convidativo para quem estivesse de fora, ainda mais agora, com as cortinas escancaradas. Atrás dessa janela, estava ela. Observando a noite, a ampla visão que se tinha das estrelas, do laguinho ocupando metade do terreno frontal da propriedade, da pequena estrada de terra à esquerda que seguia em linha reta, dando nos grandes portões que davam acesso a casa. Não se dava infelizmente para ver as corujas entre as árvores, mas era possível ouvi-las. Ela estava de pé, observando a calmaria com aquela cara de tédio infeliz que sempre fazia, olhando para o topo das escadas de cinco em cinco minutos atenta para qualquer ruído, choro, ou tosse que pudesse vir das crianças, essas que dormiam. Além da preocupação de fazer algum barulho que pudesse acordar os pirralhos, havia também o inferno de seu celular que insistia em apitar toda hora, indicando mensagens de Steve. A cada notificação, um pedaço da unha ela roía, se recusando a prestar atenção no namorado ou melhor, Ex! "Namorado" é um termo que ela não usará mais para ele, não mesmo! Apreensiva, coçando a cabeça de minuto em minuto, não sabia se rezava para que o Sr. e a Sra. Mcambridge chegassem logo de uma vez ou se aproveitava a ausência deles para dar uma olhada nas gavetas... Ver que tipo de jóias, colares, ou vestidos a coroa usava. Mas ela, não saía do lugar. A janela e a vista, sem motivo algum a seguravam.


Seu nome é Jill. Tem 17 anos. A garota antes adorada, hoje abandonada. Trabalhando nesse lixo de emprego de babá, ainda empacada nessa infortuna cidade do interior do estado de Ohio, Ashville, uma cidade modesta cercada por montanhas e de bastante altitude. Costumava pensar que Ashville era como um "Circo que nunca pega fogo". Não adianta o quão atrativa e bonita, nada de interessante realmente acontecia ali. Até mesmo com os poucos turistas que surgiam, Jill se controlava para não apostar 100 dólares de que eles todos morreriam de tédio e voltariam correndo as pressas para casa após vinte e quatro horas. Respirou fundo tentando manter calma e ansiedade sob controle, em um esforço ridículo e em vão de inspiração profunda. Seu nervosismo falsamente controlado foi quebrado, quando a atenção fora puxada novamente ao celular. O aparelho estava tocando, vibrando sobre a mesinha de centro cercada por dois sofás exageradamente largos, prestes talvez a escorregar pela beirada. O toque era uma música pop - Rihanna, "Don't Stop The Music", o que significava que não era Steve, desde que a música do toque dele era um pop metido a electro house, coisa boba e genericamente romântica, "Finally Found You" de um artista que ela mal sabia o nome. Dado a música, só podia ser Anna ligando. Cruzou os braços decidindo entre atender ou não, encarando a tela retangular iluminada que tremia sobre a mesinha, ainda deslizando brevemente com a vibração. Hesitou de modo desistente, mas não conseguiu segurar o impulso. Antes que percebesse, já havia dado as costas à janela, e metros à frente, debruçando-se ao estender o braço para pegar o aparelho, atendendo-o sem muito ânimo:

- Alô?

- Oi... Jill? -Apresentou-se uma a voz feminina e preocupada do outro lado.

- Oi, Anna, fala.  -Respondeu, um pouco seca.

- Amiga, como você tá?

- Pior impossível. -Perdeu por um segundo, a compostura, com a voz trêmula beirando o choro.

Scream - SurvivalWhere stories live. Discover now