Almost There...

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Foram três dias de choque e silêncio. As notícias sobre o Xerife assassino correram rápido. O FBI, que já suspeitava de Nicholas, agora tinha certeza. O acusaram de todos os assassinatos inclusive o de sua amiga, Evelyn Stockard. Ainda que Amelie e alguns guardas da delegacia jurassem que ele estava presente no trabalho enquanto alguns dos crimes ocorreram, isso não os convenceu. Alguns Oficiais que defenderam a inocência de Nicholas foram levados para interrogatório. Era um comportamento neurótico de desconfiança que os federais tinham para com os policiais de Ashville, na crença de que eles certamente fariam de tudo para limpar a imagem de um colega, mesmo ele sendo culpado. Achavam sim, que havia um segundo assassino e que era um dos membros do departamento. Foram três dias de confusão. O toque de recolher foi retirado, numa demonstração do FBI de garantir que o fantasma, de fato, estava morto. O fato de não ter ocorrido nenhum ataque nesses três dias, reforçava a teoria. Ashville estava em estado de pânico, os comentários maldosos não cessavam nem por um segundo. Amelie inclusive, chegou a ser dada como suspeita, passando vinte e quatro horas ontem dentro da delegacia respondendo a perguntas horríveis de fatos do qual nem tinha conhecimento. Sendo ameaçada e intimidada pelo FBI, tudo isso tentando processar o luto por Bianca e seu Pai. A garota estava à beira da loucura. Seus tios a buscariam assim que o caso fosse completamente encerrado, as investigações fossem suspensas e a entrada e saída de pessoas da cidade fosse liberada. O FBI, não estaria mais no caso e tão pouco se importava de olhar mais a fundo aquilo que estava debaixo de seu nariz. O testemunho falso de Claire, que afirmava que o Xerife era realmente o assassino foi o que bastou para que os homens de distintivo dessem às costas a situação. Os dez adolescentes restantes não seriam mais protegidos nem vigiados. Uma falsa alegoria de paz fora colocada sobre a cidade que mesmo ainda indignada, gostava de pensar que o pesadelo tinha acabado.

Amelie não conseguia mais ficar em casa e também não suportaria ficar sozinha na residência onde Bianca morreu. Claire a recebeu em seu Lar, dando-a todo o apoio até que os tios da garota pudessem vir levá-la para longe. A loira se sentia terrível por dentro. Tendo que mentir, acusando o Pai da menina de ser um estripador e ainda tentando se compensar dando abrigo a ela. A Diaba passava por uma situação não só traumática, mas uma em que seu caráter era abalado por sentimentos de culpa. Toda vez que olhava para Amelie, queria contar a verdade. Sua língua ameaçava saltar da boca para tal, mas o medo de causar mais mortes era maior. Ela estava tentando colocar em sua cabeça que esse era o fim, que o assassino desistira da matança e que colocou o cadáver do Xerife Nicholas embaixo da fantasia, o empurrou em cima dela e fim da linha. O homem levou a culpa e os assassinatos finalmente chegariam ao fim, claro, com a ajuda da mentira que fora obrigada a contar. Não tendo escolha, a não ser ajudar o assassino a se safar pela "segurança" de seus amigos. Sua própria morte, ela poderia aceitar. Mas a deles... Ter o sangue deles em suas mãos mais uma vez, era inaceitável. A Diaba sabia que para eles o pesadelo poderia ter acabado, mas logo, a Morte viria visitá-la. Sabia que o assassino viria para acertar as contas com ela, apenas. Com sede de sangue, esperando que ela se deixasse levar por sua lâmina, abraçando sua morte em nome da segurança de Juliett, Alissa, Ed, Dylan, Amelie, Violet, Steve, Marty e Keaton. Ela tinha inveja de todos que durante esses três dias, pousavam suas cabeças nos travesseiros com sorrisos nos rostos, aliviados, acreditando que a máscara havia caído. Enquanto ela, obrigada a culpar o homem errado, esperava pela demorada visita do fantasma que cravaria a faca em sua carne, pondo um fim no massacre de Ashville.

Mas Amelie, ainda disposta a dizer adeus para Ashville com um sorriso, aceitara o convite de Steve para sair. "Por que coisas boas demoram para acontecer?" - Pensava, sentada no banco do carro do rapaz, cabisbaixa e com vergonha. A Irmã morta, o Pai dado como assassino, a menina chegou ao seu limite, tentando tirar alguma coisa boa desse caos.

Era noite, o carro estava estacionado na velha ponte que dava acesso à abandonada "Mansão dos Stone". Fazia calor novamente na noite de lua cheia que refletia no lago, sob os pios de corujas e grilos. Melancólica, olhava pela janela tentando não encarar Steve diretamente nos olhos. O rapaz, paciente, estava disposto a confortá-la e ouvi-la, ainda que um romance entre os dois seria de natureza curta, ou quase impossível devido a partida iminente de Amelie. Estaria ele fazendo algum tipo de caridade?

Scream - SurvivalWhere stories live. Discover now