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O som das rodas de skate soavam como música em seus ouvidos. Na verdade, não soavam, eram música.

Olhando para frente e visualizando a barraca de frutas do seu João em seu campo de vista, agachou um pouco o joelho esquerdo, usando o pé direito para ganhar ainda mais velocidade. Os cabelos escuros balançando junto ao vento atrás de si.

Com um pouco de sorte e um time estupendo! Foi possível pegar uma pera no exato momento em que ele virou as costas para tirar mais frutas de outra caixa.

— Volta aqui vagab...

Riu ao escutar seu gritos ao longe. Não era raro quando passava nessa barraca para surrupiar alguma fruta. Como café da manhã, de certo. Na verdade, era até algo para se acostumar. Não que não pudesse pagar pela fruta, longe disso. Se quisesse poderia comprar até a barraca inteira. O dinheiro nunca foi escasso em sua vida.

Com a pera já em sua última mordida, a velocidade parou e o skate foi colocado de baixo de seu braço. O cheiro de drogas era forte e maravilhoso. Mal podia esperar para ter alguma entre os dentes.

Com uma postura superior e semblante impassível. Ela entrou dentro da feira. Não importava quantas vezes já estivesse estado presente no lugar; sempre teria que se mostra forte, como se fizesse parte daquilo e, na verdade, ela era. Esse tipo de mundo não aceitava muito bem garotas, sempre teve isso em mente.

As barraquinhas com mercadorias roubadas já estavam expostas de baixo do sol agradável da manhã. Algumas pessoas já circulavam por alí – em sua maioria homens –, comprando desde celulares furtados até, obviamente, drogas. A brisa fria balançava seus cabelos negros e sentiu-se feliz por esta alí. Afinal, só podia ir uma vez por semana no local. Todo dia antes daquele, quando as drogas já haviam terminado, era um verdadeiro tormento.

Com a cabeça erguida, ela entrou dentro da feira. Ciente de que para ela naquele local o perigo se fazia triplamente maior.

Dois pacotes de maconha. Um de cocaína — apontou para o pacote meio escondido — Quatro de qualquer uma injetável ai que você tiver e... Cadê minha favorita?

Perguntou para o drogado, ja conhecido seu, que já guardava tudo dentro de uma sacola preta, discreta.

---- Na barraquinha nova que abriu, mas ali na frente, tá cheia de ecstasy. Cola lá.

Ele entregou a sacola a ela, meio cambaleante.

---- Valeu, Lucas! E, a propósito, gostei da nova cor do cabelo. Vermelho, né? Combinou com seus olhos.

Ele riu, passando a mão nos cabelos avermelhados com um sorriso enfeitando seu rosto. O ato quase o fez cair.

---- Valeu, Pri. É pra impressiona uma puta aí que mexeu comigo.

Ela concordou, rindo, ajeitando a sacola junto ao skate e seguindo seu caminho. Não era a primeira vez que algo do tipo acontecia e tão pouco seria a última. Seu amigo acreditava cegamente no amor a primeira vista, inesperado, enquanto a ela. Bom, mal se quer acreditava em tal sentimento. Havia chegado a conclusão de que não fora feito para ela.

Neutra mais feliz, achando o clima do lugar muito agradável, chegou na barraca que seu amigo a avisou. Seus olhos brilharam. Realmente aqui a ecstasy não esta em falta, pensou.

— Três pacotes — jogou o dinheiro, que foi agarrado  — Rápido, tô com pressa.

Ela de súbito, do nada, foi atingida por um nervosismo incomum. O tremelicar dos dedos e o pé batendo contra o chão sem cessar deixou visível sua impaciência a qualquer um capaz de fazer o mínimo esforço para prestar atenção. Quando o vendedor — que para sua surpresa, não estava sobre nenhum efeito de drogas -- finalmente lhe entregou a sacola, sentiu ter esperado uma eternidade no que, na verdade, não passou de longos 5 minutos para ela. Provavelmente os mais longos de sua vida até aquele momento.

Larga! Eu paguei por isso, sabia? — vociferou quando, para sua surpresa, o homem alto com sua mercadoria não soltou suas drogas — É meu, solta!

Jonas, 34 anos de idade e 14 na "profissão" na qual sempre detestou, encarou a garota no fundo dos seus olhos. Já havia a visto, disso tinha certeza! Família rica e condição financeira invejável, ele também sabia que isso ela tinha. Não precisava ler muitas revistas empresáriais para reconhece-la e, quando o fez, congelou em seu lugar. Surpreso com a presença da mesma em tal lugar, sem perceber, não consiguiu larga a sacola até escutar a reclamação vindo dela.

Me desculpe. Eu conheço sua família, garota. Tem uma boa vida, não desgraçe assim com ela.

Revoltada, ela guardou a esctasy junto com as outras substâncias, cuidadosamente em uma só sacola. A preta, discreta.

Seu trabalho é só vender. Não palpitar. Não se meta na merda da minha vida. Acredite, ela não é boa -- ainda em estado de fúria, jogou a sacola em cima da barraca. O que foi frustante, já que o plástico não caiu tão brutalmente quanto esperava ---- Vê se muda a cor dessa sacola! Ninguém gosta das com cores claras, idiota!

Frustrada, saiu as pressas dali. Ainda tinha um jantar para estragar e, por mais que só fosse acontecer a noite. Sabia que os preparativos já haviam começado.

O sol ja estava a pino e os corpos melados de suor esbarravam no seu, dificultando sua saída, aumentado sua agonia. Quando já estava quase se livrando de tudo aquilo, um grito soou mais alto, fazendo todo seu corpo entra em desespero.

— Polícia! É a polícia! Corre malandro! Sebo nas canela seus fudido!

O dono do grito passou correndo com seu corpo magricela frente a ela. É, esse tem espírito de gazela, pensou rindo consigo mesma, antes de percebe que também deveria corre. Desesperada, embrenhou-se junto aos corpos em uma tentativa de fuga. Os sons da sirene ficavam cada vez mais altos e no meio da confusão tropeçou em uma pedra, caindo no chão e ficando para trás, sendo pisoteada por quem passava. Entre a multidão só consiguiu ver a cabeleira avermelhada de Lucas se afastando ao longe. Meio atordoada, ainda tentou levantar, mergulhada em uma confusão repentina, mas ja era tarde de mais.

Para quem resolve se aventura nesse mundo, tem que ser rápido e ágil... Esperto. Para sua falta de sorte, nesse dia ela não conseguiu ser o suficiente.

— Olhem só, hoje pegamos uma ratinha. Rápido, algema!

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Ooieeee, tudo bom?
Primeiro capítulo do livro, gente!
Então, o que acharam dele??!
Eu espero que tenham gostado. Se sim, não esqueça do voto⭐ aqui⬇ faz favor.

😘

Intercambiáveis.Where stories live. Discover now