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Priscila? Abre essa porta, agora!

Catherine exclamou mais uma vez, furiosa, mas tentando manter sua refinada classe. Sentia que poderia desmaiar a qualquer momento. Ou, então, entrar em um coma súbito induzido pela raiva.

Priscila continuava a dormi em sono profundo, pesado. Tão pesado quanto uma rocha. A gritaria do lado de fora parecia incapaz de acordá-la. Catherine já não sabia mais se a filha dormia, ou simplesmente gozava de sua cara.

Ela ainda não abriu essa merda?!

Roger murmurou, irritado, tentando tomar os devidos cuidados para que os empregados não escutassem nada, não suspeitassem de nada... Mas, aquela altura, todos já deveriam saber. A notícia estava imprensa em todos os jornais! Jornais como o que segurava em sua mão. Roger apertava com tanta força o papel, que se o mesmo se fundisse a sua pele, não seria nem digno de espanto. Tá, talvez só um pouquinho.

— Calma, querido. Deixe-me tentar só mais um pouco.

Tentou o acalmar, batendo mais uma vez na porta, para, depois, exclamar " Filha, por favor, abra a porta, agora!". Priscila teria que abrir logo aquilo. Catherine não sabia por quanto tempo mais conseguiria segurar o marido. Se ela não abrisse logo aquilo, Roger teria um surto. O que fazia questão de extrema necessidade ter aquela porta aberta. Mas, aposição estirada da garota, como se houvesse caído do sétimo andar, na cama, diziam outra coisa.

— Mais um pouco porra nenhuma!

Roger gritou, irritadiço, dando um bruto empurrão na mulher. Ele não ligava mais para os empregados, a esposa, ou qualquer outro que presenciasse a cena. Só conseguia pensar na filha, e nas surras perdidas que deveria ter levado quando criança.

É, a garota realmente devia ter passado dos limites.

Priscila, porra! Abre essa merda, agora!!

Gritou, dando socos tão fortes que a madeira da porta parecia querer quebrar.

— Querido, por favor, se acalme. Ela já irá abrir!

Catherine disse, com doçura. Ação que precisou de um  enorme esforço de sua parte para esconder todo seu nervosismo. Quase não reconhecia mais o próprio marido.

Quando Roger estava pronto para empurrá-la novamente, e voltar a socar a porta, a mesma foi aberta, revelando uma Priscila de face rabugenta, e cabelo super espetado. Seus fios pareciam querer atirar para todos os lados.

O que qui tá acontecendo aqui?

Perguntou, massageando as têmporas; tomando cuidado para que não soltasse um palavrão na presença dos pais.

— Entra aí, moleca.

Roger empurrou a filha para dentro com força. Se não fosse a cômoda ao lado da porta, certamente a garota haveria de ter caído no chão.

— Ei! Tá pensando que é quem pra entrar aqui desse...

— Cala a boca, garota!

Catherine nem se quer conseguiu acreditar quando seu marido agarrou a filha pelos cabelos e jogou-a na cama, seguido de um tapa tão forte, que ela conseguiu escutar. A cena se repetia em sua cabeça como uma cena de filme de horror. Como aquelas na qual almejamos esquecer antes que a hora de dormi chegue.

— Olha isso! – Roger jogou o jornal na garota, que passava uma  mão no rosto vermelho pelo tapa, enquanto se apoiava sobre a cama com a outra — Você acha que eu construí o meu império, pra uma fedelha como você vir e estragar tudo? Acha?!

Intercambiáveis.Where stories live. Discover now