•27: Feliz Natal, Ana•

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Ana bateu os talheres no fundo do prato como costumava fazer. Jogou as costas no encosto da cadeira em que estava sentada e esperou alguns instantes em silêncio – relativamente raro – até que os outros houvessem acabado de comer.

— Os presentes.— ela lembrou, levantando-se e andando em passos apressados até a sala de estar, onde estava a árvore de natal.

Ela deitou-se no chão ao lado do objeto, observando-o por alguns instantes, até caçar entre os embrulhos os que havia separado para entregar naquela noite.

Ela soltou um suspiro quando os outros se aproximaram de forma lenta.

— Esse é seu.— ela jogou um embrulho para Paty.— E esse é seu, Ártemis.— ela fez isso com cada um para o qual havia comprado/feito algo.— Thes.— ela pigarreou.— Agora os meus.

Ela fez um gesto exagerado com os braços.

Sabe-se que ao final, o que mais havia pregado a atenção da garota fôra um livro sobre artefatos mágicos, contendo a história deles e para que eles serviam.

— Um Vira-Tempo.— Ana disse, apontando para a fotografia. Ela riu, virando-se para Andrew e John.— A Time-Turner.

Beatriz riu, enfiando o rosto nas mãos.

Ana devolveu o livro à prateleira.

— Vamos voltar para a sala.— ela chamou-os.

Tina encolheu os ombros, enquanto os acompanhava.

— Onde está o Theseus?— a morena perguntou.

— Thes? Não sei.— Ana disse.— Aliás, Vicki já chegou? Não o vi durante o jantar. Vou dar uma olhada.— resmungou qualquer coisa inaudível antes de largar os outros por ali.

Andou pela sala, observando cada um ali, até encontrar ambos os Scamander num dos cantos, conversando sem ânimo com Emily e Athena.

De certa forma, Ana também tinha algo daquele quê egoísta que Theseus exibia. Ela não precisava admitir: estava escrito na sua testa, com todas as letras, todos os seus pensamentos que ilustravam a quantidade absurda de ciúmes que ela sentia. Não só por ver Theo com outras garotas. Com isso ela não se importava tanto. O que importava era o que ele achava delas.

  Ela sinceramente não se incomodava tanto com o envolvimento físico quanto se importava com o emocional, mas isso não era exclusivo de Theseus, ela era assim com todos os seus amigos. Acontece que, quanto mais Ana gostava de uma pessoa, mais ela queria... exclusividade. Ela queria ser a melhor amiga, ou quem os fazia rir, quem mais os conhecia e toda essa baboseira.

  Então, em plena noite de Natal, as caras fechada dos dois eram perfeitamente justificáveis, pelo fato de que eram dois cabeças dura que, mesmo que não admitindo com palavras, estavam morrendo de ciúmes um do outro e ainda se gostavam demais. E não conseguiam tirar esse cenho franzido da face por orgulho. Mas não era só orgulho, era também a honra. Eles não queriam perder a aposta para os amigos.

  Eram dois idiotas que ainda se gostavam mas não queriam admitir isso, mesmo que significasse cortar os ciúmes pela raiz, porque não queriam perder alguns guinéus e parte da dignidade, que nem era tão valiosa e presente assim.

One Hundred Years | AFEOHWhere stories live. Discover now