6. Cena I, Ato beijar

11.5K 713 325
                                    

Era sexta, 15h. O dia e a hora que Eleanor mais temia havia chegado. Ela não queria atuar com Rae, seria muito complicado, ainda mais por se tratar de uma peça de romance.
Sua semana foi péssima, a tontura e as dores fortes de cabeça continuou e ela vomitou escondido quase todos os dias. Suas roupas estavam a cada dia mais largas e ela estava torcendo para que sua mãe não notasse isso.

Eleanor saiu da sala do professor de inglês e foi guardar seus livros no armário, de longe ela viu Rae também guardando seus livros.

─ Eu odeio aula de álgebra no último horário de sexta. ─ Rae disse quando Eleanor se aproximou.

─ Eu dei sorte, meu último horário é inglês. ─ Eleanor disse e organizou seus livros no armário.

─ A professora Rebecca me avisou que o ensaio será às três e meia e será no salão de teatro, porque todos já estão com seus papéis definidos.

─ Puts. A gente não ensaiou nada.

─ Sim, eu não li nada do roteiro, mas acho que ainda da tempo.

─ Vamos então. Temos meia hora.

As duas foram para o salão de teatro, que era do lado do ginásio, era enorme e estava completamente vazio. Elas atravessaram todas as cadeiras, e subiram no palco.

─ Vamos para a parte em que nos encontramos pela primeira vez. ─ Eleanor disse folheando o roteiro.

─ Certo, mas que palavras são essas? Eu nunca as vi? ─ Rae disse fazendo o mesmo que Eleanor. ─ Eu me chamo Romana, uau. ─ Rae disse sem empolgação. ─ Eu vou primeiro.

─ Como quiser.

─ Se profano com minha mão por demais indigna
esse santo relicário, a gentil expiação é esta: meus lábios, dois ruborizados peregrinos, estão prontos a suavizar com um terno beijo tão rude contato. ─ Rae disse lendo o roteiro e se aproximando de Eleanor.

─ Bondosa peregrina, injusta até o excesso sois com vossa mão, que mostrou devoção cortês; pois as santas têm mãos que são tocadas pelas dos peregrinos e enlaçar palma com palma é o ósculo dos piedosos portadores de palmas. ─ Eleanor disse lendo o roteiro também.

─ Não têm lábios as santas e lábios também os piedosos peregrinos?

─ Sim, peregrina, lábios que devem usar na oração.

─ Oh! Então, santa adorada, deixai eu lhe beijar. ─ Rae disse encarando Eleanor e ela tinha certeza que aquilo não estava estava no roteiro, porque ela havia decorado a primeira parte.

─ Então me beije. ─ Eleanor disse sem olhar o roteiro e se aproximou de Rae, que não hesitou, apenas segurou seu rosto e a beijou.
As duas se beijaram como se estivessem almejando aquilo por muito tempo, Rae a beijava com tanta delicadeza que seu lábios pareciam ser feitos de algodão. Por um momento Eleanor esqueceu tudo a sua volta, e ela acreditava que Rae também porque
elas só se separaram quando perderam o fôlego.

─ Lindo! ─ A professora Rebecca disse aplaudindo, as duas se separaram e viraram assustadas, ela estava na primeira fileira do auditório.

─ Desde quando está aí? ─ Eleanor disse com o rosto corado.

─ Desde que você disse "então me beije"

─ Mas não vimos você entrar.

─ Claro que não, pareciam estar em transe.

─ Eu tenho que ir. ─ Rae dissse, saiu do palco e correu para a saída, deixando apenas Eleanor e a professora no salão.

─ Que droga. ─ Eleanor disse frustrada, desceu do palco e se sentou ao lado de Rebecca.

A Filha do meu Padrasto Where stories live. Discover now